A última semana de testes da pré-temporada da Fórmula 1 em 2016 trouxe um momento marcante. Nesta quinta-feira (3), com o finlandês Kimi Räikkönen, da Ferrari, a categoria começou a testar o 'Halo', sistema de proteção à cabeça dos pilotos.

Com os acontecimentos recentes no automobilismo mundial, como as mortes de Jules Bianchi na F1 e de Justin Wilson na Fórmula Indy (ambos com lesões na cabeça), discute-se cada vez mais uso de uma possível proteção para a cabeça dos pilotos. A própria Fórmula 1 já admite a possibilidade de adotar um sistema definitivo a partir de 2017.

Nesta sexta-feira (4), depois de Räikkönen, foi a vez do outro piloto da Ferrari, o alemão Sebastian Vettel, testar o 'Halo'. O presidente da Associação de Pilotos de Grande Prêmio (GPDA), o ex-piloto austríaco Alexander Wurz, falou ao site Motorsport.com sobre o sistema. ''Talvez no futuro vejamos cockpits como os de aviões a jato, com a cabine coberta, mas isso é muito caro e pesado, precisaríamos de mais tempo para ver essa solução. A FIA irá discutir, mas requer uma mudança estrutural nos chassis, e obviamente no trabalho conjunto de todos'', declarou. Acredita-se que a peça tenha 6kg e seja feita de fibra de carbono.

Sebastian Vettel também testou o 'Halo' (Foto: Divulgação/F1)
Sebastian Vettel também testou o 'Halo' (Foto: Divulgação/F1)

Vários pilotos se manifestaram sobre o sistema 'Halo'. Confira abaixo algumas declarações:

Kimi Räikkönen, Ferrari (um dos pilotos a testar o sistema): ''A visão é pouco limitada na frente, mas não acho que essa seja a versão final do sistema. Surpreendentemente, trouxe pouca diferença''.

Sebastian Vettel, Ferrari (um dos pilotos a testar o sistema): ''Você consegue enxergar o que precisa. Dá para evoluir nos pontos de estética e proteção, mas fiz testes no simulador e creio que veremos evoluções muito cedo. Concordo que no princípio parece feio, mas ajuda a melhorar a segurança e salvar vidas. Me lembro de dois pilotos recentemente que estariam aqui, Henry Surtees e Justin Wilson, se tivéssemos esse tipo de sistema'', disse ele, lembrando também de Henry Surtees, filho de John Surtees, (heptacampeão mundial de motovelocidade e campeão da F1 em 1964), que morreu em um acidente na Fórmula 2 em Brands Hatch/2009, quando uma roda atingiu a sua cabeça após um acidente à sua frente.

Lewis Hamilton, Mercedes: ''Por favor, não! É o pior visual de um carro na história da Fórmula 1. Eu aprecio a busca pela segurança, mas isso é a F1, e do jeito que está é perfeitamente bom''.

Nico Rosberg, Mercedes: ''Minha opinião: é uma grande melhora na segurança. E eventualmente, o visual me parece OK. Estou dentro!''.

A peça, que pesa 6kg, é feita de fibra de carbono (Foto: Divulgação/F1)
A peça, que pesa 6kg, é feita de fibra de carbono (Foto: Divulgação/F1)

Nico Hülkenberg, Force India: ''Para mim, o visual é horroroso. Não gosto. É uma opinião pessoal, não gostaria de vê-lo em uso. Você não pode esterilizar o nosso esporte. É necessário um perigo que torne o carro mais sexy e atraente, e isso é o que a F1 precisa também. Nos últimos 20 anos evoluímos na segurança, tivemos uma vários acidentes feios e vimos pilotos saírem sem nenhum arranhão''.

Daniil Kvyat, Red Bull: ''Há muitas opiniões sobre o assunto. A F1 é uma corrida com cockpits abertos, é mais perigosa. Corrida com cockpit aberto é corrida com cockpit aberto. Eu estou correndo também porque é perigoso, mas sou capaz de aceitar isso. É a minha opinião''.

Felipe Massa, Williams: ''Não é tão bom. Com certeza a segurança é a coisa mais importante, e eu concordo totalmente com o sistema Halo ou com cockpit fechado. Concordo em fazer a mudança, mas não me parece muito boa visualmente, para ser honesto. Vamos ver como ele vai se sair''.

Nesta sexta-feira (4) se encerram os testes de pré-temporada da F1. A temporada de 2016 começa no dia 20 de março, com o Grande Prêmio da Austrália, em Melbourne.

Os pilotos concordaram com o visual ruim dos carros, mas se dividiram sobre a utilidade do sistema (Foto: Divulgação/F1)
Os pilotos concordaram com o visual ruim dos carros, mas se dividiram sobre a utilidade do sistema (Foto: Divulgação/F1)