Depois de uma temporada estressante, Nico Rosberg tornou-se o campeão mundial da Fórmula 1. Porém, foram muitas críticas desmerecendo, ou o contrário, a sua conquista. Isso porque, apesar do título, ninguém se convenceu da sua real força. Colocou-se a culpa do seu sucesso no Mercedes W07, o carro mais dominante da história em termos de números de vitórias numa temporada, ou nos problemas enfrentados por Hamilton durante o ano, como a quebra do motor na Malásia. Mas, será que depois de 9 vitórias e toda a sua regularidade, Rosberg realmente merece ser desmerecido de sua conquista, por mais que Hamilton seja um piloto mais rápido que ele em condições normais?

A Mercedes, de fato, teve o ano mais dominante da sua história, graças aos seus pilotos e seu time de engenheiros por terem feito um dos melhores carros de sempre, sendo Paddy Lowe, o principal responsável pelo projeto. A luta pelo título foi justa, embora o Hamilton já tenha falado em público que a esquadra alemã não deu igualdade de condições aos dois, citando o exemplo da quebra de motor na Malásia, como se seu próprio time tivesse total culpa sobre “casualidades da vida”, sem parar para analisar que até mesmo seu estilo de pilotagem durante essa corrida pode ter prejudicado o rendimento do motor, causando assim seu próprio abandono. Não só isso, no mesmo GP em que o motor do Hamilton quebrou, Nico Rosberg foi tocado por uma Ferrari de um alemão que reclamou muito em 2016. Isso mesmo, Sebastian Vettel prejudicou aquela corrida do Rosberg, embora o atual campeão tenha conseguido se recuperar e ainda terminar na terceira posição no pódio.

Portanto, nem as queixas de Hamilton, nem mesmo a dos críticos que o colocam como um piloto definitivamente superior a Rosberg (e é mesmo melhor), têm fundamento, pois se a temporada for analisada de maneira objetiva e minunciosa, saberá-se que Hamilton não perdeu o título na Malásia.

Nas primeiras quatro corridas, Hamilton teve três largadas ruins, conquistando dois pódios em duas. Porém, nas provas da China e Rússia, o inglês sofreu alguns problemas com o ERS. Na China, largou em último, mas perdeu a asa dianteira num acidente logo em seguida, comprometendo toda a corrida de recuperação. Na Rússia, largou apenas de décimo, por não ter participado do Q3, mas ainda chegou em segundo. Sem contar o acontecimento do GP da Espanha, o qual Hamilton bateu na traseira de Rosberg, os dois Mercedes abandonaram a prova, enquanto  o inglês tentava uma ultrapassagem improvável sobre o alemão, que andava no modo mais econômico de energia naquele exato momento.

Além disso, no GP da Europa, em Baku, Hamilton largou de décimo devido a erros (outros acham que foi superação em busca do limite do carro) durante a volta de classificação. No fim das contas, foi mais uma vitória para Rosberg e mais uma corrida fora do pódio para Hamilton.

Portanto, esse texto não é uma carta em defesa a Rosberg, nem mesmo uma amostra do quão chorão foi o Hamilton após o fim da temporada. O fato é que alemão teve seus méritos em ser campeão sobre seu companheiro de equipe, e melhor piloto do grid da atual Fórmula 1, que o melhor carro da história que teve em mãos o ajudou, que os problemas com Hamilton, também, assim como o inglês também teve seus pontos positivos para fazê-lo lutar até a última corrida pelo Mundial e conquistar um merecidíssimo vice-campeonato. Mas, isso são “coisas” que fazem parte das corridas. Nunca haverá um carro inquebrável (até LMP1 quebra), ou uma corrida em que nunca se poderá tocar os adversários (se existem toques na Fórmula 1, imagine em outras categorias). Portanto, contra fatos... não há argumentos.