A Fórmula 1 sempre foi a categoria mais chamativa e glamourosa do automobilismo, com grande atenção da mídia e forte apelo de público e patrocinadores. Porém, nos últimos anos é cada vez mais nítida a queda de audiência do certame. Entre os vários fatores que provocaram esse fato, está entre os principais a falta de um contato maior do público com pilotos e equipes – muitos fãs consideram a categoria “fechada”, diferentemente de outras pelo mundo, especialmente a NASCAR e Fórmula Indy, ambas nos Estados Unidos. E, para o novo diretor executivo da McLaren, é em um outro evento do país em questão que a F1 deve se espelhar.

Em entrevista nesta terça-feira (27) ao site Motorsport.com, Zak Brown defendeu que a Fórmula 1 preze por uma maior aproximação dos fãs com os grandes protagonistas do espetáculo. Brown destacou como exemplo de inspiração o Super Bowl, grande final da NFL – liga profissional de Futebol Americano dos Estados Unidos. O evento não é apenas um show no âmbito esportivo, mas também no lado comercial, promovendo atrativos durante toda a semana no local de sua realização como exposições da história da liga e abertura de parques temáticos, além de um show no intervalo do jogo sempre com um artista de expressão global.

Essas estratégias refletem claramente nos números – em 2016, o Super Bowl 50, vencido pelo Denver Broncos contra o Carolina Panthers, teve uma audiência de 111,5 milhões de espectadores nos EUA, segunda maior da história no país (e a primeira foi justamente a edição anterior, onde 114,4 milhões de pessoas viram o New England Patriots bater o Seattle Seahawks). Além disso, segundo pesquisa da revista Forbes em 2015, a marca Super Bowl é a mais valiosa do mundo esportivo, avaliada em assustadores US$ 580 bilhões.

Precisamos olhar o formato dos fins de semana (de corrida), como nos envolvemos com os consumidores nas arquibancadas e o quão perto poderemos deixá-los de equipes e pilotos. Nós vamos para grandes cidades, então devem ser grandes eventos. Acho que o Super Bowl faz um excelente trabalho, com o seu nível de envolvimento com os fãs. Eles vão à cidade uma semana antes do jogo e dominam tudo, desde os hotéis aos aeroportos. E nós temos 21 Super Bowls no mundo inteiro”, disse Brown, referindo-se ao número de corridas que a F1 realizou em 2016, recorde histórico da categoria.

Curiosamente, a Fórmula 1 acaba de ser comprada por um grupo americano (Foto: Mark Thompson/Getty Images)
Curiosamente, a Fórmula 1 acaba de ser comprada por um grupo americano (Foto: Mark Thompson/Getty Images)

Além disso, Brown falou sobre a expectativa em uma expansão da Fórmula 1 na mídia, especialmente na área digital. O diretor da escuderia britânica expressou seu otimismo no assunto com a chegada do Liberty Media, grupo (coincidentemente) americano que adquiriu os direitos do certame – iniciando já em 2017 - em um negócio que girou os US$ 8,5 bilhões.

O digital, do qual todos nós falamos hoje, é uma área de negócios rápida e em evolução. O que funciona hoje pode não funcionar amanhã. Acho que o Liberty tem um ambiente de mídia centrado, e o Chase (Carey, que será o novo chairman da F1) vem desse mundo. Tenho grandes expectativas de que eles irão fazer grandes coisas no espaço da mídia. Assim, vamos alcançar o maior público possível”, complementou Brown.

O Liberty Media adquiriu 35% dos direitos da Fórmula 1 com a compra, o suficiente para ter o controle de todo o Formula One Group, conjunto de empresas que comanda a divulgação e os direitos comerciais dos eventos.