A Fórmula 1 passará por mudanças drásticas em seu regulamento para a temporada de 2017. Além das visíveis alterações nos pneus, que serão 25% mais largos do que eram até então, outros pontos como tamanho das asas e suspensão, forma do chassi e peso do carro também serão bem diferentes, o que tornaram os carros bem mais largos – e segundo as projeções, mais rápidos.

A FIA (Federação Internacional do Automobilismo) espera que os bólidos possam ser até três segundos mais rápidos em comparação aos de 2016 em determinadas ocasiões. O fato vem agradando muitos fãs do automobilismo, que esperam uma F1 mais rápida, emocionante e com carros que exijam uma melhor atuação dos pilotos. Porém, nessa sexta-feira (13), um nome bem conhecido do paddock da categoria mostrou ter uma opinião bem diferente do geral.

Falando no Autosport International's Racing Car Show, evento automobilístico da revista especializada inglesa Autosport, em Birmingham, na Inglaterra, Martin Brundle afirmou o porque ser contra o novo regulamento. Para o ex-piloto e atual comentarista da Sky Sports (TV inglesa que transmite todas as etapas da F1), as modificações não são as melhores para tornar as corridas mais emocionantes, e não trazem nenhuma garantia de que isso aconteça. Ele chegou a afirmar que a Fórmula 1 está "indo no caminho errado" e classificou os possíveis carros de 2017 como “brutais”.

Brundle (esq.) entrevistando o tricampeão Lewis Hamilton (dir.); ambos verão uma nova realidade na F1 este ano (Foto: Charles Coates/Getty Images)
Brundle (esq.) entrevistando o tricampeão Lewis Hamilton (dir.); ambos verão uma nova realidade na F1 este ano (Foto: Charles Coates/Getty Images)

Certamente será diferente, os carros serão brutais. Na teoria, acho que estamos indo no caminho errado em termos de tornar as corridas melhores. Você escuta algumas histórias de que certas curvas serão reclassificadas como retas. Eu me lembro quando pilotei uma Red Bull com o difusor soprado. Aquela coisa também não se movia muito nas curvas, era aceleração total facilmente”, disse Brundle, referindo-se ao teste que fez com o carro da Red Bull de 2011, que possuía o difusor soprado. O artifício foi banido pela FIA para diminuir o domínio da equipe austríaca naquele ano, mas ainda na mesma temporada voltou a ser aceito de forma geral.

O inglês também declarou que os carros atuais já possuem motores muito bons e potentes, mesmo que sejam duramente criticados pelos fãs, e classificou os modelos, que possivelmente serão 11% mais largos, como “monstros” para se pilotar. Por fim, ele opinou que as oportunidades de ultrapassagem serão menores, já que com as distâncias de frenagem nas curvas reduzidas (graças à maior velocidade dos carros), os pilotos teriam menos chances de superarem seus adversários em pista.

Com a quantidade de potência e torque que os carros atuais têm, mesmo que não soem muito bem, eu dirigi a Mercedes, Force India e Ferrari agora. São motores incríveis para se pilotar, com intermináveis quantidades de potência, mesmo que pareçam um lixo. Colocando um carro desses com muito mais downforce e pneus 25% maiores, com um carro 11% mais largo no total, será um monstro para pilotar. Se irá fazer melhores corridas ou não, iremos descobrir”, acrescentou.

As distâncias de frenagem também serão menores. Mais grip significa que eles talvez frearão quatro ou cinco metros depois. E isso significa que você terá menos oportunidades para ultrapassar. A questão é: eles irão conseguir seguir um ao outro? Este será o grande teste para saber como as coisas irão funcionar este ano”, encerrou.

As projeções iniciais são de grande aumento de velocidade média dos carros com as novas especificações (Foto: Divulgação/Pirelli)
As projeções iniciais são de grande aumento de velocidade média dos carros com as novas especificações (Foto: Divulgação/Pirelli)

Os testes de pré-temporada da Fórmula 1 começam no dia 27 de fevereiro, em Barcelona, na Espanha. Quase um mês depois, no dia 27 de março, o Grande Prêmio da Austrália abre o campeonato de 2017, em Albert Park, Melbourne.

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Sobre o autor
Eduardo Costa
Fã de quase todos os esportes, e sofrendo com todos os seus times neles. Dissertando um pouco sobre Fórmula 1, futebol inglês e futebol alemão.