A notícia de que Bernie Ecclestone está deixando o comando da Fórmula 1 depois de 39 anos chocou o mundo do automobilismo na última segunda-feira (23). O inglês, que foi demitido pelo Liberty Media, grupo americano que é o novo detentor da categoria, era dono de seus direitos comerciais desde 1978 e virou uma das grandes figuras do certame em todos esses anos. E se algumas pessoas possuem grande propriedade no paddock para falar de Ecclestone, uma delas é Nelson Piquet.

O brasileiro tricampeão mundial (1981, 83 e 87) correu por sete temporadas na Brabham (1979 a 85), durante a época em que Bernie era, além de detentor dos direitos da Fórmula 1, chefe da equipe. No período, Piquet conquistou seus dois primeiros títulos e se começou a se consagrar como um dos maiores pilotos de todos os tempos. E hoje, ele admite ver na figura do empresário uma grande inspiração.

Em entrevista ao site Motorsport.com nesta quinta-feira (26), Nelson falou sobre as lições que tirou do estilo de Ecclestone. Para o tricampeão, Bernie sempre tratou as coisas de forma clara e transparente, o que lhe ajudou a chegar em todo esse sucesso atual. Piquet chegou a dizer que “a Fórmula 1 é o que é hoje” por causa da maneira de agir e das ações do inglês.

O exemplo que eu aprendi do Ecclestone é sobre a maneira com a qual ele trata as coisas com transparência. Quando eu tive um contrato com ele (na Brabham), eu sabia que se não corresse bem em duas corridas, estaria fora do carro. E agora, sei que ele estava certo. A Fórmula 1 é o que é hoje por causa do Bernie. Qualquer companhia, em qualquer país, se tiver alguém que saiba fazer as coisas, e como organizá-las, vai para a frente”, declarou.

Piquet (esq.) e Ecclestone (dir.) trabalharam juntos por sete anos na Brabham (Foto: Rainer W. Schlegelmilch/Getty Images)
Piquet (esq.) e Ecclestone (dir.) trabalharam juntos por sete anos na Brabham (Foto: Rainer W. Schlegelmilch/Getty Images)

Além disso, Piquet falou do aprendizado que adquiriu não só na Fórmula 1, mas também em outras participações em eventos icônicos do automobilismo, como as 500 Milhas de Indianápolis (sofreu um grave acidente nos treinos em 1992 e conseguiu correr em 1993) e as 24h de Le Mans (participou em 1996). Para ele, valores como trabalho em equipe e objetivos organizados fazem com que qualquer empresa tenha sucesso e longevidade no mercado, não importando sua área.

Eu não diria que aprendi do Bernie Ecclestone, mas aprendi do automobilismo que tudo precisa de um começo, um meio e um fim. Você precisa fazer as coisas com disciplina e trabalho em equipe. Aprendi isso depois de 20 anos em corridas, coloquei em minha companhia e tive muito sucesso. Valorizando pessoas, trabalhando com um objetivo e começando e terminando as coisas. Essa é uma coisa que eu aprendi do automobilismo e coloco na minha vida de negócios. Eu comecei a trabalhar quando tinha 40 anos, e isso me ajudou muito”, disse Piquet, lembrando de sua empresa, a Autotrac, criada há mais de 20 anos e referência em tecnologias de rastreamento de frotas e cargas de caminhões.

Com a saída de Bernie Ecclestone, o novo CEO (diretor executivo) da Fórmula 1 até o momento é Chase Carey, presidente do Liberty Media. Já o cargo de chefe esportivo da categoria é de Ross Brawn, que venceu oito campeonatos de pilotos e nove de construtores em sua carreira como chefe de equipes (Benetton, Ferrari, Honda, Brawn GP e Mercedes) entre 1991 e 2013.