Os novos carros da Fórmula 1 serão radicais. Não só pela impactante mudança visual - com pneus maiores e asas dianteira mais larga e traseira mais baixa e maior, mas também pelas várias mudanças em outros pontos do carro que o novo regulamento, consequentemente, exigirá. 

A área que estará sob transformação é o sistema de freios, que poderão gerar forças 25% maiores que em 2016. Isso porque os discos de freio serão maiores, os quais eram 28mm em 2016 e, em 2017, cresce para 32mm. Porém, não só isso. Pois, com o aumento da capacidade de frenagem dos carros, a dinâmica de alguns circuitos também mudará. Algumas pistas de freadas simples serão mais difíceis, ou vice-versa.

O aumento do poder de freio não é algo que se esperaria devido à maneira como os carros estão ficando mais rápidos esse ano. Isso porque, soa de forma lógica que um carro mais lento em reta e mais rápido em curva precise menos frear. Não mais.

Freios maiores seriam convenientes em casos onde os carros são mais rápido em reta e mais lentos em curvas. No entanto, com o aumento da aderência mecânica principalmente, por causa dos pneus maiores, a dinâmica dos carros pode ser bem mais complexa, e os pilotos poderão frear mais e mais tarde.  

Marco Piccoli, da Brembo, disse ao site Motorsport.com: "O nível de aderência é maior, então você basicamente pode transmitir mais força em menos tempo em travagem, o que resulta num pico de torque de frenagem, e estamos prevendo um salto de 25%".

Poderia haver, consequentemente, maior número de "fritadas de pneu", já que algumas curvas, agora, serão feitas com aceleração total e, por isso, chegarão às curvas subsequentes mais rápidos. Piccoli explica: "Nós vimos na simulação que algumas curvas onde os carros foram um pouco mais lento - como em uma seqüência onde você tinha uma primeira curva e depois uma segunda (como as curvas 2/3 em Silverstone) - o carro costumava diminuir a velocidade na primeira curva, por isso reduziu a velocidade quando entrou na segunda".

Vale ressaltar também que, com o aumento do tamanho do disco de freio, haverá mais espaço para furos de resfriamento para que a temperatura não seja tão elevada. "O disco mais grosso nos permitirá ter mais resfriamento, pois haverá mais espaço para buracos de resfriamento", disse Piccoli. "Ele também nos permite projetar uma fixação mais forte para a válvula de freio, porque para 2017 estamos prevendo um enorme aumento no torque de frenagem. Portanto, precisamos de um disco que pode ser projetado de acordo com essa força de frenagem", completou. Mauro espera que a força G das frenagens ultrapassem os 6G. 

Impacto nas Ultrapassagens

Há um claro receio quanto ao novo regulamento. Por mais espetaculares e rápidos que os carros sejam, se as corridas não forem melhores e mais emocionantes, o objetivo da mudança não se concretiza. Isso porque, ao ultrapassar, um carro com muito downforce sofre com a turbulência do carro da frente e perde aderência. Por outro lado, a aderência mecânica através dos pneus mais largos, também será maior. Mas, do ponto de vista dos freios mais eficientes, será mais complicado achar um ponto ideal para frear enquanto estiver ultrapassando, já que os pilotos poderão frear mais tarde. 

No entanto, Piccoli sugere que as coisas não serão tão ruins assim. Curvas antes mais lentas, ou curvas impossíveis para que um carro siga outro de perto no momento da ultrapassagem, terão efeito contrário, tornando oportunidades mais concretas. Portanto, é provável que se ultrapasse mais em pontos onde não se houve até 2016. "Certamente algumas distâncias de frenagem serão menores, mas ainda temos que entender se a frenagem é comparável a antes", disse ele. "Se você chegar a uma curva sem ter desacelerado o carro, então a segunda torna-se muito mais pesada, por isso a velocidade será muito maior do que antes, e no final a distância de travagem poderia ser muito maior, e o poder que vai nos freios será mais alto", completou.

Piccoli reconhece que apesar de todas as simulações, ainda é difícil ter uma leitura exata de como se dará a dinâmica de corrida e de pilotagem até Barcelona, nos testes de pré-temporada. "Nós temos nossas simulações, mas é difícil fazer um valor médio considerando todas as pistas diferentes.Mas antes de fazer qualquer palpite, eu acho que temos que ver nos carros. Barcelona [teste] nos dará uma boa indicação, e após o primeiro teste, podemos ser mais precisos. "

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