Em 2015, a McLaren voltou a ter seus motores fornecidos pela Honda, tentando reeditar uma parceria extremamente vitoriosa na Fórmula 1 durante o fim dos anos 1980 e começo dos anos 1990. Porém, desde então a escuderia tem sofrido bastante com a falta de confiabilidade dos propulsores, fazendo com que o desempenho de pista seja ruim e os resultados estejam longe do esperado. O fato tem provocado uma insatisfação gigante internamente, e segundo a imprensa europeia, a revolta chegou em seu estopim.

Nesta quinta-feira (16), a rede de TV britânica BBC e o site da revista especializada em automobilismo Autosport noticiaram que a McLaren consultou a Mercedes para um possível fornecimento de motores a partir de 2018. Segundo as fontes, o contato foi apenas informal, sem nenhum grande avanço entre as duas partes – mas o chefe da equipe alemã, Toto Wolff, estaria disposto a conversar sobre essa possibilidade.

Segundo a reportagem da BBC, assinada pelo jornalista Andrew Benson, o grande empecilho do fim do contrato com a Honda seria o lado financeiro – os japoneses cedem seus motores gratuitamente (enquanto, pela Mercedes, a equipe teria que pagar €17 milhões), pagam metade dos salários dos pilotos, o espanhol Fernando Alonso e o belga Stoffel Vandoorne, e fornecem um bom valor de patrocínio.

Com isso, os atuais patrocinadores principais da McLaren (o fundo de investimentos barenita Mumtalakat e o empresário árabe Mansour Ojjeh, dono do grupo TAG, que detém 25% da McLaren) teriam que aumentar o valor fornecido para suprir o contrato com a Mercedes enquanto a equipe ainda busca um patrocínio master – um de seus grandes problemas no passado recente.

A insatisfação da McLaren com a Honda já teria atingido grandes níveis (Foto: Urbandsport/Nur Photo/Getty Images)
A insatisfação da McLaren com a Honda já teria atingido grandes níveis (Foto: Urbandsport/Nur Photo/Getty Images)

Já de acordo com a reportagem da Autosport, a escuderia teria como um dos planos se utilizar a curto prazo do projeto que estava preparado para a Manor, equipe que teria os motores Mercedes em 2017, mas acabou fechando as portas por graves problemas financeiros. Uma reunião teria sido feita entre McLaren e Honda em Barcelona, onde ocorreram nas últimas semanas os testes de pré-temporada da F1, para cobrar uma aceleração do desenvolvimento das unidades de potência por parte dos nipônicos.

Ainda segundo a matéria, o time busca uma possível parceria com a Mercedes já a curto prazo. Porém, isso implica em uma rescisão de contrato com a Honda – o contrato com esta última é de longa duração –, o que pode provocar um empecilho financeiro que impeça essa mudança. “Junto com a Honda, estamos considerando opções, mas não iremos comentar nenhuma especulação da imprensa”, disse um porta-voz da escuderia de Woking às duas fontes.

Caso o acordo aconteça, seria uma volta da parceria McLaren-Mercedes. Os alemães forneceram seus motores para os ingleses entre 1995 e 2014, em união que gerou três títulos de pilotos (Mika Häkkinen em 1998 e 1999 e Lewis Hamilton em 2008) e um de construtores (1998).

Os testes em Barcelona não foram positivos, graças aos problemas no motor (Foto: Urbandsport/Nur Photo/Getty Images)
Os testes em Barcelona não foram positivos, graças aos problemas no motor (Foto: Urbandsport/Nur Photo/Getty Images)

A insatisfação da McLaren com a Honda se dá pela falta de resultados expressivos. As duas primeiras temporadas de parceria foram marcadas por muitos problemas de velocidade e confiabilidade das unidades de potência, que geraram reclamações de todos os lados. Com isso, nenhum pódio foi conquistado, e o melhor resultado de campeonato até então foi em 2016, quando a esquadra ficou apenas na sexta posição entre onze equipes no campeonato de construtores.

Nas duas semanas de testes de pré-temporada em 2017, realizadas em Barcelona, na Espanha, a McLaren foi a equipe que menos andou entre todas as dez, justamente graças aos problemas detectados nos Honda. Em entrevista na última quarta-feira (15) ao jornal espanhol As, o chefe do time, Éric Boullier, chegou a afirmar que eles “estariam ganhando de novo” se a Mercedes estivesse cuidando dos motores.

Com a Honda e vários problemas para resolver, a McLaren estará na abertura do campeonato de 2017 da Fórmula 1, no próximo dia 26 de março, em Melbourne, na Austrália.