Diferença entre esportes femininos e masculinos é machismo sim
Seleção Brasileira feminina tem ganhado destaque na Rio 2016 (Foto: Eraldo Peres/AP Photo)

Se tem uma coisa que os Jogos Olímpicos trouxeram foi a discussão - ainda mais forte - sobre o machismo no esporte. A força das mulheres dentro das competições e a eterna comparação com os homens é cada vez mais clara e mais contestada - finalmente.

Mesmo com todos os argumentos escancarados, ainda há algum tipo de resistência. Talvez daqueles que não querem ver o que está diante de seus olhos, porque ainda é difícil demais na nossa cultura aceitar que a mulher pode sim ter os mesmos direitos do homem. Pode e vai, se tudo der certo.

"Por isso não há machismo algum na diferença de salário, tratamento ou reconhecimento. As coisas tem um valor estabelecido pela procura, não pelo que nosso ideal socialista acredita".

Não é assim e não é preciso buscar muito para entender. É simples. Vamos pegar como exemplo os Estados Unidos, país que se destaca em todas as Olimpíadas e vê seu futebol crescer mais a cada ano.

É de conhecimento geral que a seleção masculina carrega fracassos e está longe de sequer sonhar em ser uma potência no cenário mundial. Já o time feminino tem uma história de sucesso e muita dedicação, além de dar um lucro maior para a Federação. As meninas foram três vezes campeãs da Copa do Mundo e quatro das Olimpíadas.  No último Mundial, onde conquistaram o título, as mulheres receberam um total de US$ 2 milhões. Enquanto isso, os homens, que caíram nas oitavas da competição, faturaram US$ 9 milhões.

Não tente argumentar com "o time masculino é melhor ou gera mais interesse do que o feminino". Não é assim. Em 2015, o time feminino gerou US$ 20 milhões a mais em receita que o masculino. A batalha é contra a discriminação que acontece não só com elas, mas com toda a equipe, pois, mesmo estando no topo, algumas delas ganharam apenas 40% do que os homens faturaram. Qual é a desculpa, então?

Na ginástica artística, logo que venceu, Simone Biles começou a ser comparada com Phelps, Bolt, Jordan. Todos homens. E para quê? A menina de 19 anos respondeu à altura:  "Não sou a próxima Usain Bolt ou Michael Phelps. Sou a primeira Simone Biles".

Podemos olhar para o cenário nacional também em um exemplo mais recente impossível. Um levantamento realizado pelo site Cuponomia, especializado em cupons de descontos dos principais players de comércio eletrônico do Brasil, apontou que as buscas por camisas femininas da Seleção Brasileira cresceram 170% na internet na última semana. É simplista demais dizer que é só pelo mau momento deles. Diria que é pela vontade, pela raça e pelo amor à camisa delas.

A Seleção feminina de vôlei foi campeã do Grand Prix no mês passado e embolsou uma premiação de US$ 200 mil. O valor é cinco vezes menor que o pago aos campeões da Liga Mundial, competição disputada pelas seleções masculinas, quando o primeiro colocado recebe US$ 1 milhão, enquanto o vice fica com US$ 500 mil.

No Grand Prix, os EUA, que perderam para as brasileiras na final, levaram US$ 100 mil, enquanto a Holanda embolsou US$ 75 mil. O valor pago às meninas é menor até que o pago ao terceiro colocado da Liga Mundial, que ganha US$ 300 mil.

(Foto: Reprodução)
Premiações para os melhores do torneio também são muito diferentes (Foto: Reprodução)

É machismo sim e em uma Olimpíada onde as mulheres roubaram a cena e conquistaram feitos de muita relevância no cenário esportivo, é preciso que as entidades responsáveis deem mais atenção a elas. Não é físico, é histórico e cultural. Já passou da hora de mudar e não precisamos esperar mais quatro anos para contestar isso novamente. É aqui e agora.

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