A 'rainha do samba', Dona Ivone Lara morre aos 97 anos no Rio de Janeiro
(Foto: Divulgação)

A música brasileira sofreu uma de suas maiores perdas na noite desta segunda-feira (16): a cantora e compositora Dona Ivone Lara morreu em um hospital no bairro do Leblon, na zona sul do Rio. Ela já estava a cerca de duas semanas internada em estado grave, e sua morte foi causada por conta de um quadro de insuficiência cardiorrespiratória.

A artista tinha completado 97 anos no último dia 13 e já possuía um quadro de saúde bastante debilitado, mesmo sem ter sido internada há oito meses, desde que recebeu alta do CER-Leblon após sofrer uma crise de hipoglicemia.

O imenso legado da "Rainha do Samba"

Dona Ivone Lara, carioca de Botafogo e Madureira, foi mãe, esposa, assistente social, cantora e compositora. Talvez tenha sido a primeira mulher a ganhar notoriedade e destaque no universo do samba, lutando durante toda sua vida contra o machismo e o racismo da sociedade e do meio musical.

Nascida e criada em família de amantes da música, Dona Ivone desde pequena já dava sinais de seus talentos na escola, onde teve como professora Lucília Villa-Lobos, esposa do maestro Villa-Lobos, com quem aprendeu a ler partituras e desenvolveu gosto pela composição.

Aos 12 anos ela compôs a clássica Tiê-tiê em parceria com seu primo Mestre Fuleiro. Durante esse período, Dona Ivone pedia para que seu primo apresentasse suas canções como se fossem dele, temendo ser descriminada e ridicularizada por ser mulher. Já na década de 60, fez história ao ser a primeira mulher a assinar um samba-enredo oficial: Os Cinco Bailes da História do Rio, em parceria com Silas de Oliveira e Bacalhau.

Ao longo de sua vida, compôs inúmeras canções que hoje são imortalizadas na história do samba. A maior delas é a eterna Sonho Meu, que ganhou o país através das vozes de Maria Bethânia e Gal Costa.

A artista também trabalhou como enfermeira e assistente social (inclusive se apresentando para seus fãs como "Dona Ivone Lara, assistente social), procurando uma alternativa de vida mais estável do que a carreira artística. Após sua aposentadoria, aos 56 anos, a carreira musical decolou de vez: se apresentou por todo o país, no continente, na África e até mesmo na Europa. Conquistou o prêmio de Melhor Disco de Samba pela Caras de Música, foi homenageada no Prêmio da Música Brasileira em 2010 e se tornou enredo da Império Serrano, sua escola do coração.

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