"Herança que vem de lá": Em chão de terra e com a garra da comunidade, Salgueiro escolhe samba mesmo sem luz
Créditos: Alex Nunes e Henrique Matos

"Apenas diferente". Na véspera do feriado nacional, o Salgueiro fez valer o slogan que traduz o espírito da vermelho e branca tijucana. Isso porque, na final de samba-enredo para o Carnaval 2018, a escola sofreria com um apagão e teria que fazer sua escolha a céu aberto na Vila Olímpica de sua quadra. Por volta de 0h58, a quadra ficou totalmente sem energia elétrica por um transformador ter queimado na rua, segundo a presidente da escola.

O evento então, foi realizado a céu aberto, mas, com a mesma alegria da comunidade salgueirense, que sonha com mais um título da Academia. Os três sambas finalistas tiveram vinte minutos de apresentação. A Furiosa, comandada pelo mestre Marcão, e, a ala de passistas, deram um show à parte. Por vonta das 3h, a consagração chegou para a parceria de Xande de Pilares, Demá Chagas, Dudu Botelho, Renato Galante, Jassa, Leonardo Gallo, Betinho de Pilares, Vanderley Sena, Ralfe Ribeiro e W Corrêa. Comandados por Emerson Dias, Luizinho Andanças e Leozinho Nunes, o time de cantores realizou uma apresentação próxima da perfeição. Os refrões animaram os componentes e visitantes da escola, levando até mesmo a presidente Regina Celi cair no samba.

Coincidentemente, em 2018, o Salgueiro volta a dar atenção às origens africanas em seu enredo, a escolha do samba ter seu ápice no chão de terra batida, relembrando antigos carnavais consagrados da escola teve combinação com o enredo deste ano: ‘Senhoras do Ventre do Mundo', desenvolvido pelo carnavalesco Alex de Souza, estreante na agremiação.

Confira o samba campeão

Compositores: Xande de Pilares, Demá Chagas, Dudu Botelho, Renato Galante, Jassa, Leonardo Gallo, Betinho de Pilares, Vanderley Sena, Ralfe Ribeiro e W Corrêa.

Senhoras do ventre do mundo inteiro
A luz no caminho do meu Salgueiro
A me guiar… Vermelha inspiração
Faz misturar ao branco nesse chão
Na força do seu ritual sagrado
Riqueza ancestral
Deusa raiz africana Bendita ela é…
E traz no axé um canto de amor
Magia pra quem tem fé
Na gira que me criou

É MÃE É MULHER A MÃO GUARDIÃ
CALOR QUE AFAGA PODER QUE ASSOLA
NO VALE DO NILO A LUZ DA MANHÃ
A FILHA DE ZAMBI NAS TERRAS DE ANGOLA

Guerreira feiticeira general contra o invasor
A dona dos saberes confirmando seu valor

ECOOU NO QUARITERÊ
O SANGUE É MALÊ EM SÃO SALVADOR

Oh matriarca desse cafundó
A preta que me faz um cafuné
Ama de leite do senhor
A tia que me ensinou a comer doce na colher
A benção mãe baiana rezadeira
Em minha vida seu legado de amor
Liberdade é resistência
E à luz da consciência A alma não tem cor

FIRMA O TAMBOR PRA RAINHA DO TERREIRO
É NEGRITUDE… SALGUEIRO
HERANÇA QUE VEM DE LÁ
NA GINGA QUE FAZ ESSE POVO SAMBAR

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