A partida entre Barcelona e Roma, válida pelo jogo de ida das quartas de final da Champions League, foi marcada por uma série de lances esquisitos e um resultado que não parece ter traduzido o que se viu dentro de campo. O 4 a 1 aplicado pelos espanhóis foi conquistado, principalmente, pelas custas de falhas individuais romanistas, como visto em dois gols contra.

Ao contrário do que poderia se imaginar, a Roma não foi para o Camp Nou para cumprir tabela e, apesar de colocar em campo um time com postura defensiva, a maneira de jogar não mostrou linhas recuadas. O Barcelona, por sua vez, causou dificuldades na saída de bola giallorossa e, quando teve oportunidades claras, foi mortal.

Roma faz primeiro tempo taticamente primoroso, mas sofre com gol contra de DDR

Desde o começo da partida, o que se viu foi um Barcelona que tinha mais a posse de bola - como um sem-número de textos já falou - mas que encontrava dificuldades para furar o bloqueio romanista. Montado num 4-1-4-1 quando defendia, com De Rossi à frente da linha de zaga e Florenzi fazendo praticamente a função de um segundo lateral-direito, ajudando Bruno Peres a suportar a dobradinho Iniesta/Jordi Alba, a defesa italiana se postava bem.

(Foto: Reprodução/AS Roma.com)
(Foto: Reprodução/AS Roma.com)

(Imagem disponibilizada no site da Roma, com posicionamento médio dos jogadores, evidencia proximidade de Florenzi (24) e Peres (25), além de liberdade plena para Messi (10), que fica mais avançado que Suárez. Alba (18) ganha mais terreno e joga colado a Iniesta (8). Romanistas congestionam meio do campo para tentar ganhar vantagem)

Enquanto isso, os espanhóis deixavam Jordi Alba muito avançado no campo de ataque e a armação de jogadas, enquanto ainda no campo de defesa, se dava com Umtiti e Piqué, além da participação de Busquets ou Rakitic, em dados momentos. Nélson Semedo foi a principal arma de desafogo do Barça, levando bastante vantagem no confronto direto contra Diego Perotti.

Foram 38 minutos quase perfeitos, defensivamente, da Roma. O Barça até chegou, principalmente com finalizações de fora da área e carimbou a trave de Alisson com chute de Rakitic. O gol saiu justamente numa falha individual. Na entrada da área, Messi e Iniesta fizeram uma de suas tabelas rápidas que já viraram rotina. Na tentativa de impedir que o argentino recebesse de volta, De Rossi acabou atirando contra o próprio patrimônio e abrindo o placar para os rivais.

Outro ponto importante a ser destacado: enquanto os romanistas fechavam espaços e evitavam tabelas, o drible de Lionel Messi fazia a diferença. No entanto, o camisa 10 se via constantemente cercado por até três adversários ao mesmo tempo e acabou desarmado na maioria dos lances.

Segundo tempo: Barça capitaliza em cima de erros e Roma desperdiça oportunidades

Ao que tudo indicava, Eusebio di Francesco estava disposto a enfrentar o Barcelona de igual para igual. Com um minuto do segundo tempo, a Roma se lançou ao ataque e viu Florenzi cruzar para Perotti. Na segunda trave, o argentino cabeceou com liberdade, quase na pequena área, mas perdeu chance impressionante de igualar o marcador.

A marcação romanista seguiu acontecendo com as linhas extremamente avançadas. Foi comum ver Ter Stegen atuando como líbero e, mesmo assim, sendo marcado por Dzeko. Entretanto, isso dava mais espaço para o Barcelona na altura da metade do campo. O "trunfo" giallorosso para barrar os contra-ataques e jogadas individuais era a rápida recomposição e um congestionamento de jogadores na região central do gramado.

Pressão romanista altíssima na saída de bola do Barça (Foto: Reprodução/Calcio Home Youtube)
Pressão romanista altíssima na saída de bola do Barça (Foto: Reprodução/Calcio Home Youtube)

O segundo gol do Barça saiu, novamente, de uma falha individual. Em lance de escanteio curto, Rakitic cruzou, Manolas deixou Umtiti passar às suas costas e, quando tentou se recuperar, acabou levando azar: cortou o cruzamento, a bola acertou a trave e voltou em seu joelho antes de entrar. 

No terceiro gol, uma aula de contra-ataque do time blaugrana. Depois de recuperar a bola no campo defensivo, os espanhóis levaram menos de dez segundos para chegar à área adversária, com Sergi Roberto entregando a Messi. O argentino achou uma trivela espetacular para Suárez, que bateu bem e viu Alisson fazer boa defesa, mas Piqué completar para o fundo do gol. Sim, o zagueiro Piqué partiu em disparada para completar a transição e acabou jogando de centroavante.

Barça recua após terceiro gol, vê Roma descontar, mas aproveita falha de Gonalons para sacramentar a goleada

Para finalizar a análise, vale dizer que, depois de abrir três gols de vantagem, o Barcelona passou a recuar suas linhas, até mesmo poupando energia, e dando mais espaço para que os italianos trabalhassem a bola pelas laterais. Peres e Kolarov subiram mais e Perotti teve mais liberdade.

Como já é característica dos italianos, suas melhores jogadas vieram com o camisa 8 argentino. Em jogada individual pela esquerda, conseguiu espaço e cruzou para Dzeko, que dominou, venceu Alba no pivô e bateu de canhota, como excelente camisa 9 que é, diminuindo a vantagem espanhola. O próprio Perotti quase marcou mais um, de forma parecida, mas parou em grande defesa de Ter Stegen.

No entanto, Gonalons sacramentou a goleada do Barcelona. Dessa vez, não com um gol contra, mas com uma "assistência contra", se é que esse termo existe. Em cruzamento vindo da esquerda, o francês tentou dominar a bola dentro da área, errou e viu Luisito Suárez marcar seu primeiro gol na Champions, o quarto do Barça no jogo.