Quando pensamos no "quarteto fantástico" do tênis, olhamos diretamente para Roger Federer. Depois Rafael Nadal, e depois Novak Djokovic. Já Andy Murray, fica em último. É o último dos quatro e o "primeiro dos humanos" para alguns torcedores. O momento que o britânico vive hoje, é apenas a confirmação de sua presença em um seleto grupo de tenistas que marcam história no esporte.

De uma nação que tinha grandes jejuns e uma paixão incorrespondida pelo tênis, surgiu Andrew Barron Murray. O amor dos britânicos por este esporte não se via completo há muito tempo, visto que a Grã-Bretanha passou anos sem ter um representante à altura dos melhores do mundo.

Eis que aparece um garoto, vindo de Dunblane, na Escócia. Aos poucos, Andy começa a ganhar espaço no cenário mundial. Em 2008, enquanto Federer Nadal já dominavam o circuito, o britânico conquista dois Masters 1000, e depois faz sua primeira final de Grand Slam, onde perde no US Open.

Àquela altura, Djokovic já vence seu primeiro Slam. Enquanto isso, Murray contenta-se com vice-campeonatos. Dois, três e quatro. Até que desaba. Perdendo para Roger Federer em Wimbledon, ele se vê incapaz. É derrotado em frente à sua torcida, que havia posto muita fé e expectativa no tenista da casa. 

Chorando ao discursar por mais um vice-campeonato, Andy viu a imprensa cair em cima de seu corpo. Como sempre, a mídia retratou sua carreira como um fracasso. Comparações constantes com os outros três grandes jogadores faziam o britânico perder toda sua confiança. 

Porém, um mês depois, ele retornaria ao gramado de Wimbledon nos Jogos Olímpicos Londres 2012. Respondendo a tudo e a todos, derrotou Novak Djokovic e Roger Federer, para ser campeão. Desta vez, o choro era de felicidade, de desabafo, e de tudo mais que havia direito. Agora, ele sabia que poderia voar mais alto.

Com títulos de Grand Slam em 2012 e 2013, Murray desencantou, e começou a jogar como nunca havia jogado. Mesmo assim, o britânico teve mais três vice-campeonatos de Major, onde quebrava o coração da torcida ao admitir que não conseguia bater Novak Djokovic

Mesmo sem títulos, ele seguiu tentando. E Murray foi recompensado nesta temporada, quando venceu Wimbledon em uma final tranquila contra Milos Raonic. Após muita descrença sobre a possibilidade de vencer algum outro Grand Slam. Nem seu próprio país seguia acreditando.

Mas a Grã-Bretanha viu todos os jejuns serem quebrados. E todos ficam de pé para testemunhar os feitos de Andy Murray

GRàBRETANHA 
- Jejum quebrado: 35 anos sem Grand Slams

- Jejum quebrado: 77 anos sem vencer Wimbledon
- Segundo britânico da história a vencer Wimbledon duas vezes
- Segundo britânico da história a ir a final dos quatro Slams
- Jejum quebrado: 79 anos sem títulos de Copa Davis

Adicionalmente, Murray fez o que nunca havia sido feito: ele voltou para vencer novamente os Jogos Olímpicos Rio 2016, tornando-se o primeiro homem da história a repetir um ouro olímpico no tênis

O que seus adversários podem dizer, é que fizeram história no circuito. Andy Murray pode atrever-se a dizer mais: ele fez (e faz!) história no circuito mundial, e também no esporte, num âmbito geral para o mundo.

Andy Murray é agora o maior tenista da história dos Jogos Olímpicos, e isso, nenhum de seus três maiores adversários poderá tirar dele.