O enorme reconhecimento pelos feitos esportivos ao longo de uma trajetória infelizmente não resulta no prolongamento de uma vida. Privilegiados são aqueles que conseguem acompanhar e ver em ação a história ser feita. Em um tempo que as mulheres não tinham tanto espaço ou liberdade para disputar qualquer modalidade, ela colocou seu nome e o do Brasil em um patamar elevado, inatingível por nenhuma outra até então. Embora nomes como Serena Williams, Maria Sharapova, Venus Williams e tantas outras também tenham conquistas gloriosas, ela foi a precursora de todas.

Nesta sexta-feira (8), foi confirmada a morte da tenista Maria Esther Bueno. Aos 78 anos, o câncer foi um dos poucos adversários que conseguiram superá-la. E não houve como reverter a situação em um momento futuro. A principal nome da modalidade no Brasil e uma das principais na história das quadras estava internada no Hospital 9 de Julho, em São Paulo, onde entrou em óbito.

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A limitação física vinda com o avanço da idade não foram empecilhos para que Maria Esther jogasse tênis e estivesse envolvida com o andamento do esporte. Muito pelo contrário. Era rotina a prática da modalidade, além de ser comentarista em diversas emissoras, como uma forma das gerações atuais perceberem a sua grandeza.

A tenista foi diagnosticada com um câncer no lábio no ano passado. Foi submetida a uma radioterapia e a recuperação estava em um bom nível. Porém, há pouco mais de 40 dias, novas dores foram sentidas e outros exames detectaram que um novo câncer havia se espalhado por todo o corpo. Por opção própria, a quimioterapia foi descartada e o tratamento foi à base da imunoterapia. Como esperado, o quadro clínico piorou nos últimos dias e, apesar de sua lucidez, seu estado era considerado muito grave pela classe médica.

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A história de Maria Esther Bueno é uma das mais belas em todo o esporte, principalmente no Brasil, cuja modalidade é conhecida, mas pouco praticada em comparação com outras que estão mais presentes no cotidiano nacional. Ao todo, conquistou 19 títulos de Grand Slam e foi líder no ranking em 1959, 1960, 1964 e 1966. Seu primeiro troféu foi em Wimbledon, em 1959, com apenas 19 anos de idade. Um ano depois, conquistou os quatro principais títulos do tênis da temporada nas duplas. No Australian Open, fez parceria com Christine Truman. Em Wimbledon, Roland Garros e no US Open, Darlene Hard foi sua companheira. Por todos os serviços prestados ao tênis, entrou no Hall da Fama em 1978.