A japonesa Naomi Osaka é a mais nova campeã do Australian Open. Após vencer a #6 Petra Kvitova em 2 sets a 1, parciais de 7/6(2), 5/7, 6/4, a japonesa levou o seu segundo título de Grand Slam e de forma consecutiva. Além disso, aos 21 anos, Osaka será a nova nº 1 na atualização do ranking da WTA na próxima segunda-feira (28), e será a primeira asiática e a mais jovem entre todas a atingir o feito desde Caroline Wozniacki, em outubro de 2010, com 19 anos.

Na entrevista coletiva após a decisão, a tenista se mostrou muito feliz com o troféu, e deixou o topo do ranking em segundo plano. “O meu foco principal são sempre os torneios. O restante é consequência. (...) Eu percebi que o ranking pode ajudar muito, pois você não precisa jogar rodadas de classificação, você ganha folga às vezes na primeira rodada e outras coisas. Porém, ser número 1 nunca foi meu objetivo, e sim o título", disse.

Osaka vence jogaço contra Kvitova, fatura segundo Slam seguido e é nova número um do mundo

Osaka foi bastante perguntada sobre o momento em que perdeu três match points no segundo set e viu a adversária empatar o jogo. A jogadora diz que não sentiu ter entrado em um abismo tão grande e achou natural a transição para o set decisivo.

Não acho que foi um momento tão dramático. Aqueles match points foram no saque dela (Petra Kvitova). É algo normal ela defender o seu serviço. (...) E ela jogou muito bem neles. Se não me engano, foram duas bolas vencedoras e um belo saque. Não tinha porque eu ficar chateada. Realmente foi difícil levar aquela virada, mas no terceiro set, foi um novo começo. Tudo zerou. Eu não queria ter arrependimentos. Eu percebi que se me recuperasse logo, eu lembraria dessa partida com orgulho”, completou.

A japonesa foi pedida para comentar mais sobre o seu lado mental, em que parece não se deixar afetar muito pelas controvérsias no jogo, algo bem adulto para uma jovem de 21 anos. “Não sei se me sinto exatamente adulta, ou se a questão é que eu consigo me desprender dos pensamentos quando preciso me focar completamente. Foi algo que eu fiz naquele terceiro set. Me desapegar de quaisquer outros sentimentos que viessem. No começo do set, tentei ficar basicamente como um robô (...) No final que eu comecei a sentir o quão grande aquele momento estava ficando”, falou a atleta.

O troféu do Aberto da Austrália foi entregue por Na Li, tenista chinesa que ganhou Roland Garros 2011 e o Australian Open 2014, e que entrará para o Hall da Fama em 2019. Osaka diz que não sabia direito como reagir: “Fiquei muito tocada de estar com ela no palco. Eu queria chorar um pouco, mas também não queria que fosse ali no palco (risos). Foi uma honra receber o troféu das mãos dela”.

Em 2018, Naomi Osaka entrou no Aberto da Austrália como a #74 do mundo e perdeu nas oitavas de final para a então número um Simona Halep. Um ano depois, ela já tem dois títulos de Grand Slam (US Open e Australian Open), um título do Premier Mandatory de Indian Wells e o topo do ranking da WTA. Perguntada, porém, sobre esse crescimento rápido, a asiática diz não sentir que tenha sido tão repentino.

Para mim, não foi bem assim. Sei que para vocês (jornalistas e público) pode parecer, mas para mim não. Eu sei o quanto eu treinei. (...) Às vezes o tempo passa rápido, mas ao mesmo tempo devagar; não sei se estou me fazendo entender (...) Sinto que o processo foi até longo”, analisou.

Osaka foi perguntada ainda sobre algumas curiosidades e fatos extra-jogo. No seu discurso após a final, ela pediu desculpas antes mesmo de começar, pois falar em público não é o seu forte. Questionada se é algo que pretende praticar, a japonesa comentou.

Eu sinto que isso muitas vezes não exige só treinamento, mas também quase que um dom. Eu mal falo no meu dia-a-dia. Tem vezes que chego a falar umas 10 frases o dia inteiro (risos)”. “Eu gostaria de ser melhor nesse aspecto, mas não acho que me sentiria bem treinando isso”, completou.

A japonesa chegou a prometer durante o torneio que, ao final dele, revelaria a música que ouviu sem parar antes de cada partida. “Se chama ‘Win’ (“Vencer”, em inglês) (risos). É uma canção de rock japonês. Ela sempre me acalma e deixa focada”, comentou.