Em 1997, Roland Garros teve como campeão na chave masculina uma "zebra", um jogador desconhecido, vindo de um país sem tradição no esporte, com uniformes coloridos que venceu todos os favoritos e levantou a taça. E fez isso mais duas vezes, marcando de vez seu nome na história do tênis. Seu nome? Gustavo Kuerten.

O jovem Guga, na época com 20 anos, recebeu junto com o título de campeão de Roland Garros, um prêmio de US$ 644 mil. Isso é 3x mais o que ele tinha arrecadado durante o início de carreira até aquele dia. E sua vida mudou completamente. A forma de jogar no saibro também mudou com ele. Diferente da maioria dos tenistas especializados em saibro, que prolongavam os pontos, Guga batia na bola na subida. Guga encurtava os pontos e tornava os golpes mais potentes. Hoje em dia vemos vários jogadores devolvendo bolas em cima da linha de fundo, mas na época, isso não era comum.

O catarinense não teve uma boa preparação para Roland Garros naquele ano, foi muito mal na temporada de saibro européia, chegou a voltar para casa duas semanas antes do Grand Slam. Resolveu jogar o Challenger de Curitiba, para tentar ganhar confiança. Foi campeão do Challenger, mas nada apontava que o brasileiro poderia ser um candidato ao título em Paris, nem seu currículo, nem seu ranking, nem o desempenho na temporada de 1997.

Em 2000, um já conhecido Gustavo Kuerten chegou novamente à final de Roland Garros. Desta vez venceu Magnus Norman, além de fechar o ano como número 1 do mundo. E em 2001, Encarou Alex Corretja, vencendo de virada.

Guga, lesões e o amor por Roland Garros

A afinidade entre Guga e Roland Garros nunca foi tão bem representada como no momento da sua aposentadoria, que, apropriadamente, aconteceu em Paris. Sua última partida profissional foi em 2008, após retornar de uma cirurgia no quadril. Após perder para Paul-Henri Mathieu, Guga declarou que se sentia em casa quando estava em Roland Garros. Recebeu de presente dos funcionários do torneio um pedaço da quadra central, que o consagrou. Aos 31 anos de idade, seu corpo não permitiu mais que jogasse em alto nível como antes. Mas a derrota não o deixou triste. Ele sabia que havia superado todas as expectativas.

Guga está na lista dos 10 melhores tenistas especializados em saibro. Ele é o que tem menos vitórias, mas os três títulos do Grand Slam francês (1997, 2000 e 2001) o coloca no mesmo hall de Rafael Nadal, Guillermo Villas, Ivan Lend e Bjorn Borg.

Guga continua marcando presença em Roland Garros, mas agora como convidado. Em 2010, participou de uma partida de duplas contra os melhores juvenis do mundo. Em 2015, entregou o troféu de campeão para Stanislas Wawrinka. Em 2016, na campanha promocional do torneio, Gustavo Kuerten aparece em dois teasers, onde está sendo entrevistado para trabalhar no torneio. O entrevistador parece não saber bem de quem se trata, dando dicas para o brasileiro sobre Paris e Roland Garros, dizendo que, inclusive, se ele tiver sorte, poderá se encontrar com o número 1 do mundo. Mas tudo não passa de uma brincadeira. Confira os teasers abaixo: