Na última segunda-feira (06), o tenista uruguaio Pablo Cuevas sagrou-se campeão do Brasil Open mais uma vez - a terceira consecutiva. Com a conquista, o natural de Concordia (Argentina) tornou-se o tenista com maior número de taças do torneio, ao lado apenas do espanhol Nicolas Almagro. Na decisão deste ano, ele derrotou Albert Ramos-Vinolas em três sets.

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O sucesso do tenista do Uruguai na capital paulista chama a atenção. Dessa forma, muitos buscam razões para explicar tal feito

Nesta temporada, o circuito da ATP vivenciou uma experiência semelhante. Jogando na capital equatoriana, Quito, o experiente Victor Estrella Burgos levantou o troféu também pela terceira vez neste ano. 

No entanto, nesse caso, é possível encontrar explicações plausíveis. Passando pelo histórico do tenista da República Dominicana, é perceptível um fator comum na maioria de suas conquistas: a elevada altitude.

Estrella Burgos começou a despontar no cenário mundial mais tarde, quando tinha 30 anos. Seu primeiro título de ATP Challenger foi em 2011, na cidade de Medellín (Colômbia), situada a 1495 m acima do nível do mar.

Dois anos mais tarde, teve início seu sucesso no Equador, ao levar o Challenger que lá era disputado - Quito tem uma elevação de 2850 m. Na sequência, veio o troféu em Bogotá (2640 m), em Cuernavaca (1510 m) e em Pereira (1411 m). E, finalmente, a partir de 2015 - quando o torneio de Quito foi elevado ao nível ATP 250 - começou o domínio de Victor, agora o "Rei do Equador"

Estrella Burgos em ação/ Foto: ATP/ Divulgação
Estrella Burgos em ação/ Foto: ATP/ Divulgação

Em geral, salvo algumas exceções, pode-se perceber que o sucesso de Victor Estrella Burgos está ligado à lugares com alta elevação em relação ao mar. Nesse locais, tanto seu serviço, quanto seu forehand são favorecidos, visto que a resistência do ar diminui, acarretando na maior velocidade alcançada pela bolinha.

No circuito, outros tenistas também se adaptam bem à condições como essas, a exemplo do número um do Brasil - Thomaz Bellucci. "Com esta bola rápida e altitude você tem que pegar a bola na frente, não tem margem – se atrasou um pouco a bola sai dois metros, então tem de ser mais preciso para jogar” disse certa vez o ex-técnico do brasileiro, o argentino Daniel Orsanic.

No caso de Cuevas, o mesmo critério não pode ser utilizado 

Entretanto, no caso de Cuevas, o mesmo critério não pode ser utilizado. De seus seis títulos de simples, três foram na cidade de São Paulo (760 m), ao passo que os outros foram em Bastad (13 m), Umag (0 m) e no Rio de Janeiro (2 m). Ademais, o uruguaio também faturou taças importantes nas duplas: em Paris (35 m) e em Roma (37 m).

Dessa forma, uma das razões para o "reinado" do tenista uruguaio na maior cidade do país pode ser justamente a confiança que a lembrança dos anos anteriores traz a ele. Em 2011, Pablo figurava no top 60 do ranking mundial. Porém, ao sofrer uma grave lesão, teve de se afastar do circuito por dois anos - e, portanto, não participou das duas primeiras edições do Brasil Open em São Paulo.

Como o 197º do mundo, acabou eliminado na primeira rodada do Aberto do Brasil de 2014 para o argentino Horacio Zeballos. No Rio, fez campanha razoável ao perder somente nas oitavas de final para o italiano Fabio Fognini. Aos poucos, foi retornando ao alto nível: foi campeão dos Challengers de BaranquillaMestre, Guayaquil e Montevidéu conquistou seus primeiros ATPs em Bastad e Umag.

Não gostava de jogar no Brasil. Porém, desde sua primeira conquista, o país passou a ser um de seus lugares favoritos.

Se firmando entre os melhores do mundo novamente, foi subindo de produção. Na gira sul-americana de saibro, achou seu melhor tênis: foi campeão do Brasil Open pela primeira vez e foi eliminado no Rio pelo espanhol Rafael Nadal. Depois do primeiro título em solo nacional, afirmou que anteriormente, não gostava de jogar no Brasil. Porém, desde sua primeira conquista, o país passou a ser um de seus lugares favoritos no circuito.

No ano de 2016, fez uma campanha totalmente surpreendente no Rio Open, onde levantou a taça pela primeira vez, depois de bater Nadal em uma revanche nas semis. Em Sampa, não teve trabalho para levar o título novamente: sem enfrentar nenhum top 50, foi campeão após a vitória sobre Pablo Carreno Busta.

Foto: Renato Miyaji/ VAVEL Brasil
Foto: Renato Miyaji/ VAVEL Brasil

Nesta temporada, o tenista do Uruguai chegava como atual bicampeão. Entretanto, no ano, só tinha uma vitória em cinco jogos disputados - inclusive, vinha de eliminação no Rio de Janeiro na primeira rodada. 

Em sua estreia - aparentemente tranquila - na capital paulista, perdeu apenas quatro games para o argentino Facundo Bagnis. Porém, apesar disso, Pablo afirma ter sido a mais importante da campanha para o título: "O jogo mais difícil foi o primeiro, porque eu não estava jogando bem. Depois fiquei mais tranquilo, independentemente de quem estava do outro lado" disse.

"O jogo mais difícil foi o primeiro, porque eu não estava jogando bem"

Tendo em vista as estatísticas da temporada, percebe-se a confiança que o torneio traz ao uruguaio: anteriormente, em cinco jogos só havia ganhado um. Somente no torneio paulistano, venceu quatro partidas consecutivas, sendo duas contra adversários do top 25. Por essa transformação que sofre toda vez que atua no saibro do Brasil Open, Pablo Cuevas é o tenista a ser batido na cidade de São Paulo.