A ascensão meteórica de Alexander Zverev nas últimas duas temporadas foi acompanhada por uma merecida reputação de jovem mais promissor do circuito. Mas o jogo desse sábado (20) contra Hyeon Chung, válido pela terceira rodada do Australian Open, lembrou mais uma vez a todos que  ‘’Sascha” não brilha sozinho nessa nova constelação de jogadores.

Chung já havia derrotado Zverev no único confronto entre ambos, em abril do ano passado. Na ocasião, o sul-coreano conquistou uma surpreendente vitória por dois sets no saibro do tradicional torneio de Barcelona. Depois disso, o sul-coreano levantou o troféu do inédito Next Generation ATP Finals - criado para promover as estrelas ascendentes no circuito e disputado pelos oito tenistas melhores ranqueados e menores de 21 anos de idade - e entrou para o top 60 do ranking. Sascha, por sua vez, se consolidava em um nível mais elevado, alcançava o posto de número 4 do mundo, e vencia finais em Roma, sobre Novak Djokovic, e em Montreal, sobre Roger Federer.

Era portanto natural que o alemão fosse considerado favorito para alcançar as Oitavas de Final de um Grand Slam pela segunda vez em sua carreira.  O que se viu em quadra, porém, foi  Chung jogando de forma mais madura que seu adversário, até derrotá-lo por três sets a dois, parciais de 5/7, 7/6 (7/3), 2/6, 6/3 e 6/0, em 3 horas e 22 minutos. O sul-coreano fez história ao se tornar o segundo tenista de seu país a chegar à segunda semana nas chaves masculinas de um major, façanha realizada duas vezes por Lee Hyung-Taek nos US Open de 2000 e 2007.

POUCAS CHANCES PARA AMBOS OS LADOS NOS DOIS PRIMEIROS SETS

Chung, já conhecido pela potência de seus golpes de base e pela consistência no fundo de quadra, acrescentou elementos ao seu jogo, mostrando maior paciência nas trocas e buscando mais a rede. Zverev, por outro lado, apostava no seu poderoso saque, disparando 21 aces durante a partida para predominar nos pontos mais curtos, dando poucas oportunidades ao rival. Com esse panorama, os dois primeiros sets foram definidos em detalhes  -- o primeiro com uma quebra do alemão no décimo segundo game, e o segundo em um tie break em que o sul-coreano se mostrou mais agressivo.

O terceiro set foi diferente, porém. Chung desperdiçou ótima chance de passar à frente ao escolher e executar mal um drop shot em um break point até ali raro. O erro pareceu abalar o sul-coreano, que foi quebrado no game seguinte e não conseguiu mais confirmar serviços na parcial vencida por Zverev por 6 a 2. 

ZVEREV FRUSTRA EXPECTATIVAS MAIS UMA VEZ

Quando o dia parecia pender para o lado alemão, Chung recuperou o foco e,  conseguindo uma quebra pela primeira vez na partida, abriu vantagem de três a zero no início do quarto set. Dali em diante, Sascha se mostrou cada vez mais irritadiço e desconcentrado. Brigou com o juiz reiteradas vezes, pedindo para que fossem ligados os refletores da Quadra. Dizia não enxergar a bola por causa do tempo nublado e reclamava da presença de uma câmera. Desnorteado, viu o jogo caminha para o quinto set e não teve força mental para voltar à partida. O último set foi um passeio de Chung, que sacou o seu melhor e aplicou um ''pneu'' no adversário. O sul-coreano fez 24 pontos contra apenas 5 do alemão em toda a parcial. 

Frustrado diante da eliminação precoce em mais um major,  Zverev parecia perplexo por mais um revés em Grand Slams. Na entrevista coletiva após o jogo, declarou que precisa descobrir porque não consegue repetir nos grandes palcos o desempenho que apresenta em outros torneios ao longo do ano. De fato, Sascha ainda está devendo nos majors uma campanha digna de sua reputação.

Jogador mais jovem dentre os que avançaram para a segunda semana do Australian Open, o sul-coreano tem um desafio ainda maior na próxima rodada. Ele enfrenta Novak Djokovic, maior campeão em Melbourne na Era Aberta. O sérvio  participa de seu primeiro torneio em sete meses e se classificou em cima do espanhol Albert Ramos-Vinolas com vitória por três sets a zero. Chung já avisou, no entanto, que não se considera satisfeito e que deseja seguir adiante.