O Grupo B tem a China como cabeça de chave. Itália, Turquia, Canadá, Bulgária e Cuba são os demais times. 

China

Desde os anos 1980, a China figura entre as potências do vôlei feminino. Em sua galeria estão, por exemplo, três ouros olímpicos e mundiais. Parte dessa história foi escrita com a ajuda de Lang Ping. A “Martelo de Ferro” era a estrela do time que chegou, pela primeira vez, ao topo há três décadas. Voltou tempos depois, como treinadora, para lapidar talentos bem-sucedidos na base e reacostumar seu país às vitórias. 

Perspectivas. Gabaritada por êxitos recentes, a China é uma das favoritas ao ouro no certame, medalha que não vê desde 1986. E é com esse status que ela jogará contra todos os adversários do Grupo, incluindo Itália e Turquia. Na etapa seguinte, EUA e Rússia são armadilhas bem traiçoeiras – e qualquer vacilo pode ser fatal.

Como se classificou. A China liderou o Grupo A das eliminatórias da Ásia, superando Cazaquistão, Taiwan, Austrália e Fiji. Fará sua 14ª participação, a 11ª consecutiva.

A comandante. Em 2013, Lang Ping, uma das maiores jogadoras de todos os tempos, com o nome cravado no Hall da Fama, retornou ao comando da China – a primeira passagem foi entre 1995 e 1999. Um ouro e uma prata em Olimpíadas e dois vices em Mundial são seus principais resultados. Também treinou as meninas dos EUA, levando-as ao segundo lugar nos Jogos de Pequim. Como atleta, ficou conhecida como “Martelo de Ferro”, graças a seus ataques potentes, que, entretanto, não a faziam perder a leveza. Foi campeã mundial em 1982 e olímpica em 1984.

O time. MVP de Olimpíadas, Copa do Mundo, Champions League, entre outros, a ponta Ting Zhu, 25, é um dos maiores expoentes do vôlei feminino hoje. Está na seleção desde 2013 e já guardou quatro medalhas de ouro em grandes torneios. É a partir dela que o time chinês é construído. No meio de rede, Xinyue, 21, e Yan Ni, 31, ocuparam as duas vagas na última Liga das Nações. Ding Xia, 28, é a levantadora preferida de Ping. A oposto Gong, 21, a ponta Li Yingying, 18, e a líbero Lin Li, melhor da posição no Rio, devem preencher os demais lugares.

Últimas temporadas. A China foi avassaladora neste ciclo e só não foi campeã no Grand Prix. Nas Olimpíadas do Rio, capengou na fase de grupos, com duas vitórias em cinco jogos. Mas firmou os pés no mata-mata, batendo o Brasil no tie-break nas quartas, a Holanda na semifinal (3 a 1) e a Sérvia na decisão (3 a 1). Em 2015, venceu a Copa do Mundo, com apenas uma derrota em 11 jogos – para os EUA (3 a 0). No mesmo ano, dominou o Campeonato Asiático, fazendo 3 a 0 sobre a Coreia do Sul na peleja decisiva. Em 2017, fez campanha invicta na Copa dos Campeões e, com reservas, não passou do quarto lugar na Ásia. No Grand Prix, de 2015 a 2017, sempre esteve entre as seis melhores, mas não levou nenhuma medalha. Na Liga das Nações, em junho, frustrou sua torcida ao perder para EUA na semifinal e Brasil na disputa do bronze.

Bi Mundial. Dois ouros e três pratas. Esse é o retrospecto da China em Mundiais, torneio que disputa desde 1956. O primeiro título veio em 1982 sobre o Peru, dono da casa, com atuações magníficas de Ping, Jinfang e Rongfang. Na final, diante de 14 mil torcedores contrários, elas aplicaram um fácil 3 a 0 em apenas 51 minutos. Em 1986, as chinesas bisaram, com uma equipe renovada, em que Rongfang era a técnica e Ping, a assistente. A campanha foi selada com vitória em cima das cubanas por 3 a 1. O tri bateu na trave em 1990, 1998 e 2014, quando URSS (1 a 3), Cuba (0 a 3) e Estados Unidos (1 a 3) sobressaíram. Em 2002, polêmicas enevoaram a trajetória da China, que foi acusada de perder propositalmente para Grécia na primeira fase e Coreia do Sul na segunda, a fim de fugir de times mais fortes na sequência. A estratégia não daria certo, e o quarto lugar seria a posição final.

Tri olímpico. Em Los Angeles-84, a China, liderada por Lang Ping, pôs o ouro no peito ao vencer os EUA, sua rival política, por 3 a 0 na decisão. Duas décadas depois, em Atenas, veio a segunda medalha dourada ao superar a Rússia no tie-break. A terceira se fez realidade no Rio, em 2016. As chinesas têm ainda uma prata (1996) e dois bronzes (1988 e 2008). Na Copa do Mundo, são quatro ouros (1981, 1985, 2003 e 2015), uma prata (1991) e três bronzes (1989, 1995, 2011). Na Copa dos Campeões, tem uma medalha de cada cor – a dourada é de 2001. No Grand Prix, a China tem uma solitária conquista, em 2003, além de cinco vices e três terceiros. Na Ásia, é o país com mais títulos: 13 em 19 possíveis.

Itália

Há dezesseis anos, o vôlei feminino da Itália largava o papel de coadjuvante e saía da sombra da equipe masculina. O ouro no Mundial de 2002 catapultou uma seleção que, até aquele momento, passara pelos grandes torneios sem despertar apreço. Outras conquistas inéditas sobrevieram, como o Europeu e a Copa do Mundo. Mas ainda falta uma, a mais importante, a que a colocaria no patamar de China e Rússia, por exemplo: as Olimpíadas. Nesta década, os resultados não foram positivos e o declínio acentuado levou a um rejuvenescimento de seu plantel. Cabe à nova geração recolocar a Azurra na trilha.

Perspectivas. A Itália, nos últimos dois anos, renovou bastante seu elenco, aproveitando a safra bicampeã mundial sub-18 em 2015 e 2017. Para boa parte das jogadoras, será a primeira experiência num grande torneio. E talvez isso pese além da conta. O caminho até o final six é difícil. China e Turquia são os adversários mais perigosos do Grupo B – na Liga das Nações, perdeu para a segunda (0 a 3) e venceu o time misto da primeira (3 a 1). A Bulgária também não pode ser menosprezada. Depois, caso avance, será a vez de medir forças contra EUA e Rússia. Todas essas seleções disputam três vagas na etapa final.

Como se classificou. A Itália terminou em primeiro no Grupo D das eliminatórias europeias, com 100% de aproveitamento. Bélgica, a mais perigosa concorrente, Belarus, Espanha, Bósnia e Letônia foram as adversárias. Fará sua 11ª participação – não perdeu um evento de 1978 até hoje.

O comandante. Davide Mazzanti, 42, substituiu Marco Bonitta após os Jogos do Rio. Ele construiu carreira bem-sucedida na liga italiana feminina, em que foi tricampeão

O time. No Japão, Mazzanti apostará na juventude. Das 14 convocadas, dez têm 23 anos ou menos. As únicas remanescentes do time de 2014 são a líbero Gennaro, 31, e a meio de rede Chirichella, 24. Fora dos grandes torneios desde 2012, a ponteira Lucia Bosetti, 29, recuperou seu espaço no elenco. A nova geração tem talentos como a oposta Egonu, 19, as centrais Danesi, 22, a levantadora Malinov, 22, as ponteira Sylla, 23, e Pietrini, 18. Promessas há quatro anos, Caterina Bosetti e Diouf estão fora.

Itália no Europeu 2017 (Reprodução do site da CEV0

Últimas temporadas. A prata no Grand Prix-2017 salvou o ciclo da Itália, que tem optado por talhar novos talentos. Na ocasião, superou a China na semifinal (3 a 1) e depois perdeu para o Brasil (2 a 3). Na Liga das Nações-2018, ficou a uma vitória de se classificar para o final six, fechando em sétimo. Nos Jogos do Rio, não avançou no Grupo A, sendo batida com facilidade por Sérvia, EUA, China e Holanda. O único triunfo foi sobre Porto Rico. No Europeu, tanto em 2015 quanto em 2017, foi eliminada nas quartas, primeiro pela Rússia (1 a 3) e  depois pela Holanda (0 a 3).

O grande salto. A Itália é presença no Mundial desde 1978. O début não traz boas recordações: 20º colocada entre 23 concorrentes. O quinto lugar de 1998 iniciou uma série de resultados consistentes, cujo ápice foi o ouro de 2002. Comandada em quadra por Elisa Togut, que seria a MVP, a Azurra passou invicta pela primeira fase; perdeu para Rússia e Cuba na seguinte e precisou torcer por uma combinação de resultados nos demais grupos para avançar como uma das melhores terceiras. Nas etapas eliminatórias, passou por Coreia do Sul nas quartas (3 a 0), venceu a favorita China na semifinal (3 a 1) e, por último, fez 3 a 2 nos EUA. Na defesa do título quatro anos depois, a Itália foi a quarta colocada, tendo Rússia e Sérvia e Montenegro como algozes. Em 2014, em casa, fazia grande jornada até ser impedida pela China de brigar pelo ouro (1 a 3). Terminou sem o bronze também, após derrota para o Brasil no tie-break

Sem moral nas Olimpíadas. A Itália esteve em todos os Jogos desde 2000, mas jamais ficou entre as quatro primeiras. Outro calcanhar de Aquiles é o Grand Prix, onde foi três vezes vice (2004, 2005 e 2017). Em Copa do Mundo, tem duas taças: a de 2007, de forma invicta, e a de 2011. No Europeu, foi campeã em 2007 e 2009, superando Sérvia e Holanda, respectivamente. Conquistou duas pratas e dois bronzes também, mas já se encontra nove anos sem ir ao pódio. Em 2009, venceu a Copa dos Campeões, à frente do favorito Brasil.

Turquia

Foi sob o comando do brasileiro Marco Aurélio Motta, no início desta década, que a Turquia começou a se engraçar para cima das potências. Jogadoras talentosas formaram finalmente um conjunto competitivo. O ponto alto foi o bronze no Grand Prix em 2012. Criou-se expectativa: será que uma nova força estava surgindo? Mas a aguardada evolução não aconteceu. As esperanças agora se renovam com os bons resultados nos torneios de base, como o ouro no Mundial Sub-23 em 2017, e no largo crescimento de sua liga.

Perspectivas. O discurso das atletas é uníssono: é possível, sim, alcançar o final six. No papel, a Turquia entra como terceira força do Grupo B, atrás de China e Itália, mas terá de terminar à frente de uma para chegar à segunda fase em pé de igualdade com EUA e Rússia. Em suma, a missão é difícilma.

Como se classificou. Para carimbar o passaporte para seu quarto Mundial, a Turquia terminou em primeiro no Grupo C das eliminatórias africanas, com cinco triunfos. No mais difícil, precisou do tie-break para bater a anfitriã Bulgária, com todos sets encerrados na diferença mínima. Uma derrota a teria jogado na repescagem. Romênia, Suíça, Montenegro e Kosovo eram as outras rivais.

O comandante. Após a não classificação para os Jogos do Rio, os cartolas turcos apostaram sua ficha num técnico muito experiente em seleções femininas: o italiano Giovanni Guidetti, 45. Ele guiou Holanda (2015-2016) e Alemanha (2006-2015) para o vice europeu e o bronze no GP. Com o time laranja, foi semifinalista olímpico em 2016. Só passou em branco na Bulgária (2003-2004). Em clubes, está desde 2011 no VakifBank e já venceu a liga turca, a Champions League e o Mundial de Clubes.

O time. Duas turcas estiveram entre as melhores da Liga das Nações-2018: a central Erdem, 31, e a levantadora Özbay, 22. O sexteto titular, uma mescla de jovens com veteranas, era formado também pela oposta Boz, 30; pelas ponteiras Ismailogu, 25, e Baladin, 21, MVP do Mundial Sub-20 em 2017; e pela meio de rede Günes, 19. No ano passado, Kirdar Sonsirma e Özsoy, referências durante muito tempo, se aposentaram da seleção.

Turquia é prata na Liga das Nações (Reprodução do site da FIVB)

Últimas temporadas. A Turquia registrou em 2018 o melhor resultado de sua história num Grand Prix/Liga das Nações: o segundo lugar. Para tanto, ajudou a eliminar as sérvias nos grupos do final six e bateu o Brasil na semifinal (3 a 0). Na decisão, sofreu revés para os EUA no quinto set. Em Europeus, fez duas boas campanhas. Foi quarta em 2015 após vencer a Alemanha (3 a 2) nas quartas e perder para Holanda e Sérvia (0 a 3). E bronze em 2017, quando despachou a Rússia nas quartas, caiu para a Sérvia na semifinal e se despediu com vitória sobre Azerbaijão. Em 2016, terminou em quarto no Pré-Olímpico de seu continente, do qual foi sede, fracassando em sua tentativa de ir ao Rio.

Em Mundiais... A Turquia batalhou durante décadas por uma vaga no Mundial até conquistá-la, finalmente, em 2006. Em sua première, foi eliminada na segunda fase e perdeu a disputa pelo nono lugar para os EUA. Quatro anos depois, as Sultanas da Rede, como são conhecidas, desempenharam um papel melhor e, se não fossem os reveses para Japão e Polônia, poderiam ter beliscado uma vaga na semifinal. Voltaram para casa com o sexto lugar. Em 2014, na segunda fase de grupos, ficou a uma vitória de prosseguir. O jogo perdido para a Bulgária (2 a 3) fez falta nas contas. De lembrança, ficou o 3 a 2 sobre a Rússia. 

Em Olimpíadas... As boas exibições nos torneios preparatórios geraram enorme expectativa sobre as turcas nos Jogos de Londres – primeira e única participação até hoje. Num grupo dificílimo, com os calejados times de China, EUA e Brasil, a Turquia só foi superior a Sérvia e Coreia do Sul, caindo precocemente. No Grand Prix ou Liga das Nações, tem prata (2012) e bronze (2017). No Europeu, as sultanas levaram a prata em 2003, quando, em casa, perderam a final para a Polônia; e o bronze em 2011 e 2017. Na Liga Europa, certame secundário, foi campeã em 2011.

Bulgária

O vôlei feminino da Bulgária jamais desfrutou do prestígio que o masculino tem no país. Os melhores resultados datam do início dos anos 1980: bronze olímpico e ouro europeu. Fora isso, as meninas búlgaras apanharam mais do que bateram. Investimentos na base têm sido feitos, e o terceiro lugar no Mundial Sub-23, no ano passado, mostra que estão no caminho certo.  

Perspectivas. Sem a superestrela Vasileva, a Bulgária pisará as quadras japonesas enfraquecida, mas confiante na chacoalhada que Petkov deu no elenco. A vaga na segunda fase de grupos será decidida contra Cuba e Canadá. Não se assuste, contudo, se as Leoas dos Balcãs aprontarem para cima da Itália ou da Turquia – nos dois últimos duelos contra esta, uma vitória para cada lado, sempre no quinto set.

Como se classificou. A Bulgária abraçou sua vaga no Mundial com o segundo lugar na repescagem das eliminatórias europeias. Ficou atrás da Holanda, para quem perdeu em sets diretos, e à frente da favorita Bélgica. Na primeira chance, esteve perto de eliminar a Turquia, levando o jogo até o tie-break. Fará sua 12ª participação.

O comandante. Em março, a federação búlgara demitiu Ivan Seferinov e o substituiu por Ivan Petkov, 41. O ex-jogador fez carreira como técnico na seleção sub-20 e na liga local, onde conquistou títulos por duas equipes, sempre no vôlei feminino.

O time. No Mundial, Petkov deve repetir a base que foi campeã na Liga Europa e na Challenge Cup: nas pontas, Karasheva, 29, e Gergana Dimitrova, 22; as centrais Ruseva, 26, e Mira Todorova, 24; a oposta Chauseva, 23; a levantadora Kitipova, 27; e a líbero Zhana Todorova, 21. É uma mescla de juventude com experiência. Os desfalques das contundidas Rabadzhieva e Vasileva, a melhor jogadora do país, são duro golpe.

Bulgária no Europeu 2017 (Reprodução do site da CEV)

Últimas temporadas. No Europeu-2015, a Bulgária saiu derrotada de suas três partidas na primeira fase – Belarus, Rússia e Croácia foram as adversárias. Em 2017, o desempenho melhorou: venceu Turquia e Ucrânia e perdeu para a Rússia nos grupos, caindo para a Alemanha nos playoffs. Todos os jogos tiveram tie-break. Em 2018, conquistou a Liga Europa sobre a Hungria (3 a 0), saindo de uma chave difícil, em que só não venceu Azerbaijão. Com esse título, se classificou para a Challenge Cup, torneio de acesso da Liga das Nações. E ficou com a vaga para 2019 após passar por Peru e Colômbia nas finais.

Batendo na antena em Mundiais. Em onze participações no Mundial, a Bulgária ocupou o quarto lugar duas vezes. Na primeira edição, 1952, disputada no sistema de pontos corridos, uma derrota para a Checoslováquia em cinco sets, na penúltima rodada, findou a perspectiva de medalha. Dez anos depois, a Polônia foi algoz. Em 1970, jogando em casa, as búlgaras não foram além do sexto lugar. Em 2002, avançaram as duas fases de grupo e pararam apenas na Rússia nas quartas. O oitavo lugar deixou a sensação de que bons anos viriam pela frente, o que não se concretizou. Ficariam fora das edições seguintes, retornando em 2014, quando chegariam à segunda fase e terminariam em 11º, com três vitórias, uma delas sobre a Turquia.

Bronze Olímpico. O vôlei búlgaro feminino produziu na passagem dos anos 70 para os 80 a melhor geração de sua história, responsável por dois momentos inesquecíveis: o bronze olímpico em 1980 e o título europeu em 1981. A Bulgária participou das Jogos de Moscou, sua única presença até hoje, graças ao boicote do bloco capitalista. Depois de passar invicta pela fase de grupo, caiu para a Alemanha Oriental na semi e venceu a Hungria na disputa do terceiro lugar. Em 1981, em Sofia, levou o ouro no Europeu, à frente da temida URSS. Neste certame, voltaria ao pódio em mais dois momentos, sempre para receber o bronze (1979 e 2001). Em Grand Prix, estreou em 2013, quando foi nona, superando o Brasil pelo caminho. Em 2015, venceu a terceira divisão. Depois do título da Challenge Cup neste ano, fará parte da Liga das Nações em 2019. Em Copa do Mundo, disputou em 1981 e foi sétima. Na Liga Europa, tem ouro, duas pratas e três bronzes.

Canadá

Historicamente, em sua região, o Canadá sempre ficou no rastro de Cuba e Estados Unidos, contentando-se, muitas vezes, com o bronze. Nos últimos anos, foi ultrapassado também pela República Dominicana. No início da década, foi lançado o Programa Nacional de Vôlei Adulto Feminino, desenvolvido pela federação nacional. O objetivo é lapidar talentos encontrados em universidades e colégios de todo o país. Algumas já fazem parte. Agora, resta aguardar, com paciência, os primeiros resultados.

Perspectivas. Exceto pela presença de Brasil e de Cuba, o Canadá reencontrará seus companheiros de grupo de 2014. O objetivo é dar rodagem ao jovem elenco – e o fato de parte dele não ser conhecida na Europa é uma vantagem. A chance de voltar para casa com uma vitória reside na peleja contra Cuba. Os dois times costumam se enfrentar nos torneios domésticos, sem primazia para qualquer lado. Contra a Bulgária, uma vitória há dois anos no GP não serve como parâmetro, haja vista a renovação passada por ambos.

Como se classificou. O Canadá venceu o Grupo B das eliminatórias centro e norte-americanas fazendo 3 a 0 sobre Cuba, Nicarágua e Santa Lúcia. Fará sua nona participação, a segunda consecutiva.

O comandante. Marcello Abbondanza, 48, está no cargo desde janeiro de 2017. Antes, treinou a seleção búlgara de 2011 a 2014. Sua carreira em clubes é recheada de êxitos, vencendo as ligas femininas da Polônia, Azerbaijão, Turquia e Itália.

O time. Do elenco de 2014, restam duas atletas apenas: a ponteira e capitã Richey, 29, que tem vasta experiência no vôlei europeu, e a levantadora Cyr, 28. As atacantes Van Ryk, 21 e Gray, 24, foram os destaques do time na última Copa Pan-Americana, enquanto, Bailey, 23 e Joseph, 23, recém-saídas da liga universitária norte-americana, chegam para reforçar o conjunto.

Canadá no Grand Prix 2017 (Reprodução do site da FIVB)

Últimas temporadas. O melhor momento do Canadá neste ciclo foi na Copa Pan-Americana-2018, quando venceu o Brasil B na disputa pelo bronze. Nas três edições anteriores, não passara das quartas. Nos Jogos de Toronto, em 2015, foi o pior entre os oito times, com solitário triunfo sobre Cuba. No mesmo ano, terminaram em quarto no Campeonato da NORCECA. Pela segunda divisão do Grand Prix, de 2015 a 2017, fez 21 jogos e venceu cinco.

Em Mundiais... O Canadá tem como melhor resultado o 11º lugar de 1974, quando avançou à segunda fase de grupos e endureceu um jogo contra a poderosa URSS, perdendo só no tie-break. Em 1982, repetiu o desempenho. Em 2010, não venceu ninguém. Em 2014, só o fez contra Camarões.

Em Olimpíadas... O Canadá tem três participações nos Jogos: 1976, em casa, 1984 e 1996, registrando uma vitória em 15 jogos. Em Grand Prix, fez sua estreia em 2003, com 0% de aproveitamento, e voltou em 2014 para disputar a divisão de acesso. Na NORCECA, faz 19 anos que, pela derradeira vez, subiu ao pódio. Ao todo, soma duas pratas e oito bronzes. Na Copa Pan-Americana, se fez presente em todos os anos, mas só medalhou em 2002 e na mais recente edição, sendo bronze nas duas.

Cuba

Cuba é uma das grifes mais valiosas do vôlei. Apareceu no finalzinho dos anos 1970, rompendo a hegemonia de Japão e URSS. Montadas num esquema com duas levantadoras, as caribenhas dominaram a cena no fim do século passado, acumularam rivalidades, títulos, ódio e respeito. Esperava-se, no máximo, um leve declínio nos anos 2000. Afinal, não há supremacia que dure para sempre. Mas o amadorismo vigente e teimoso transformou Cuba num arremedo de sua própria história. A isso, somam-se as dificuldades financeiras e o assédio dos grandes centros sobre seus talentos. Nem a passagem de Mireya Luís como coordenadora de seleções mudou algo. Hoje, entra como uma incógnita nos torneios e apresenta, com frequência, times em construção.

Perspectivas. Debilitada pela ausência de Vargas, Cuba não tem muitas pretensões no Mundial. Vencer Canadá - e, assim, fugir da lanterna – terá apreciável valor. Contra os times europeus, a única chance de aprontar é contra a Bulgária, que não faz parte do primeiro escalão do vôlei.

Como se classificou. Cuba não suou muito para chegar ao seu 13º Mundial – desde 1970, tem estado presente. Terminou em segundo no Grupo B das eliminatórias continentais, atrás do Canadá, e à frente de Nicarágua e Santa Lúcia.

O comandante. No comando desde o início do ano, Tomas Fernandez Arteaga, 60, já dirigiu seleções juvenis de Cuba e clubes locais e classificou a Venezuela para os Jogos de Pequim.

O time. Cuba teria um time de primeira qualidade se perdoasse as desertoras, como Cárcaces, Ramírez e Calderón. Em janeiro, foi a vez de Vargas, a estrela da nova geração, ser excluída e por motivos esdrúxulos: após cirurgia no ombro, os dirigentes desejavam que ela se recuperasse em Havana, mas seus pais a levaram para Cienfuegos. Por causa da indisciplina, foi suspensa por quatro anos. No Japão, Arteaga se apoiará na meio de rede Lescay Cajigal, 27, e na ponteira Gracia, que estiveram em 2014. Na última Copa Pan-Americana, Diariz Pérez, 19, foi um dos destaques.

Cuba no Grand Prix 2016 (Reprodução do site da FIVB)

Últimas temporadas. O quinto lugar no Campeonato da NORCECA -2015 tirou Cuba do Pré-Olímpico para os Jogos do Rio. No mesmo ano, foi eliminada pelos EUA nos playoffs do Pan de Toronto e terminou em nono entre 12 times na Copa do Mundo, com vitórias sobre Peru, Argentina, Argélia e Coreia do Sul. No Grand Prix, disputou a terceira divisão em 2015 e 2016, sem alcançar as finais. Problemas financeiros – o vôlei cubano é dependente do governo e a taxa de inscrição cobrada pela FIVB passa dos U$ 75 mil – tiraram o país do evento em 2017. Na Copa Pan-Americana, oscilou do quarto ao sétimo lugar nas últimas quatro edições.

Tri Mundial. Em 1978, na emblemática Leningrado, Cuba quebrou a hegemonia das superpotências URSS e Japão, vencendo ambas, na semifinal e na decisão, respectivamente, com atuações espetaculares de Pomares e Perez. Mas as Morenas do Caribe só assumiriam de fato a supremacia no vôlei anos depois. Antes, teriam de ver o domínio da China. Em 1994, elas bateram todos os adversários em sets diretos, inclusive o Brasil no jogo do título, graças a uma tríade inspiradíssima: Mireya Luíz, baixinha de 1,75 m, mas que alcançava 3,35 m, Regla Torres e Regla Bell. Em 1998, asseguraram o tricampeonato, também numa campanha invicta, cujo desfecho foi contra a China, vingando-se da derrota na final de 1986. Na virada do século, Cuba não pisou no pódio. Em 2014, perdeu os cinco jogos, até para Porto Rico e Azerbaijão, fregueses de carteirinha outrora.

Tri Olímpico. Nos anos 1990, Cuba emendou oito títulos consecutivos nos principais torneios, um recorde difícil de ser superado. Além do bi mundial, foi tri olímpico (1992, 1996, 2000, com vitórias sobre CEI, China e Rússia) e tri da Copa do Mundo (1991, 1995 e 1999). Tempos de rivalidade quentíssima com o Brasil, adversário das semifinais em Atlanta e Sidney, quando a rede não conseguia segurar a tensão entre as jogadoras e, de tapas a unhadas, não faltavam cenas lamentáveis. Na Copa do Mundo, Cuba tem, ao todo, quatro ouros e duas pratas. Nas Olimpíadas, três ouros e um bronze (2004). Na Copa dos Campeões, um ouro (1993) e uma prata. No Grand Prix, onde o Brasil obteve vitórias em duelos igualmente épicos, são dois ouros, quatro pratas e dois bronzes – a última medalha completou seu décimo aniversário. Nos Jogos Pan-Americanos, é octampeã. Na Copa Pan-Americana, é tetra. Na NORCECA, são 13 títulos. Em todas essas competições domésticas, o jejum de título vem desde 2007.