A temporada de 2017 no Vôlei brasileiro ficará marcada na história do esporte por causa de coincidência especial. Poderia ser por uma conquista invicta de uma equipe ou um recorde individual quebrado, entretanto, é mais do que isso. O fim de uma Era, por si só, já representa algo significativo para qualquer modalidade esportiva. Quando falamos em dois dos ciclos mais vitoriosos do voleibol do país, quiçá do mundo, torna-se uma lembrança que merece ser exaltada por anos pelos amantes da modalidade.

A saída de Bernardinho da seleção brasileira de vôlei não tem ligação direta com o fim da parceria entre a marca Unilever e o time feminino do Rio de Janeiro. Porém, ambos os fatos estão cuidadosamente relacionados. Isso porque, o agora ex-técnico da seleção não só fez parte do projeto mais longo e vitorioso do voleibol brasileiro, como foi um dos principais nomes responsáveis pelo sucesso da iniciativa. 

O projeto do Unilever começou em 1997. Com sede em Curitiba, na época o time se chamava Paraná Vôlei Clube, mas, como convidado, já participava do Campeonato Carioca da modalidade. Demonstrando sucesso desde o início, a equipe se sagrou campeã da Superliga por duas temporadas seguidas. Em 2003, o Unilever embarcou de vez em terras cariocas, após acordo com projetos sociais da cidade. Assim, modificou seu nome e passou a se chamar Rio de Janeiro.

No ano seguinte, ao se difundir com o Rexona, veio o começo de uma fórmula que daria muito certo. O time feminino ganhou corpo, Bernardinho assumiu como técnico e, a partir disso, o Rio de Janeiro se acostumou a vencer. Desde a chegada do treinador foram nove títulos da Superliga, quatro campeonatos Sul-Americanos, três Copas do Brasil, duas Supercopas Brasileiras, uma Supercopa dos Campeões e outros muitos títulos. Com um time que foi por muitos anos base da seleção brasileira feminina, Rio, Bernardinho e Unilever fizeram história. Hoje, a empresa fundadora do projeto não só tem seu nome gravado para sempre em uma equipe vitoriosa. A Unilever marcou seu nome no vôlei do brasileiro.

A trajetória de Bernardinho na seleção brasileira teve início em 1994. E, logo no começo, o treinador já mostrava que viria para ser protagonista. Com o time feminino, no ano de sua estreia, Bernadinho conquistou o título inédito do Grand Prix . Com as meninas, o treinador foi três vezes campeão Sul-Americano, conquistou três Grand Prix, um título Pan-Americano e chegou ao pódio duas vezes em Olimpíadas, com os bronzes em Atlanta 96 e Sydney 2000. O técnico permaneceu apenas seis anos no comando da equipe feminina.

Em 2001, Bernardo Rocha de Rezende fez uma transição que marcaria a sua vida. O treinador assumiu o comando da seleção masculina brasileira e deu início a uma nova era no voleibol. Com um começo arrasador, Bernadinho conquistou quatro títulos e um vice-campeonato em sua primeira temporada no comando da equipe. Três anos depois, a rápida coroação com a primeira medalha de ouro olímpica conquistada na Olimpíada de Atenas em 2004. O treinador ainda alcançaria a incrível marca de levar o time masculino ao pódio em mais três Olimpíadas consecutivas, conquistando a medalha de prata em Pequim 2008 e Londres 2012. Somando as passagens nas duas categorias, o treinador chegou ao incrível triunfo de alcançar seis pódios seguidos em Jogos Olímpicos.

Mas a coroação maior estava guardada para seu último ano à frente da seleção e a última competição tinha que ser a mais importante do esporte mundial, em casa. Na Rio 2016, Bernadinho consagrou todo seu grande trabalho de muitos anos levando o Brasil a um novo ouro olímpico. Após incontáveis pódios e marcas alcançadas, muito títulos -entre eles, oito ligas Mundiais, oito Sul-Americanos, três Campeonatos Mundiais, duas Copas do Mundo e dois Pan-Americanos, o colecionador de conquistas podia encerrar seu ciclo. O serviço que fizera ao esporte estava mais do que cumprido. Mas, apesar de ter posto um fim na sua história com a seleção, o técnico ainda continua na ativa. Comandando a equipe do Rio de Janeiro há 13 anos, ele vai atrás de um título Mundial inédito para o clube carioca. Para isso, precisa vencer a Superliga primeiro. É bom não duvidar de um dos técnicos mais vitoriosos do Brasil, Bernardinho faz parecer fácil competir em alto nível.

VAVEL Logo
Sobre o autor
Felipe Targino
Carioca, 23 anos. Fã de música e futebol. com objetivo de ser Jornalista Esportivo