Apesar da cara de menina, Natália Zilio já é uma veterana. Desde 2009 frequentando as convocações da Seleção Brasileira, a ponteira paranaense tem inúmeros títulos em seu currículo, dentre eles o ouro olímpico em 2012 e três edições de Grand Prix.

Mas a temporada de 2017 está sendo diferente para Natália. Aos 28 anos de idade, a camisa 12 foi escolhida por Zé Roberto Guimarães para liderar, em quadra, a nova geração do vôlei feminino brasileiro. Com as baixas de Thaísa, Fernanda Garay e Dani Lins e a aposentadoria de Sheilla e Fabiana, Natália tornou-se uma das poucas remanescentes da equipe que disputou os Jogos Olímpicos de 2016.

A eliminação precoce na competição mais importante do calendário esportivo iniciou um processo de reformulação e restruturação na modalidade. Zé tinha a dura missão de iniciar um ciclo olímpico promovendo grandes mudanças e trazendo novos nomes para vestir a camisa verde e amarela.

Eliminação contra a China na Rio 2016 iniciou renovação na seleção  (FOTO: Kirill Kudryavtsev/AFP/Getty Images)

Natália foi escolhida pelo treinador brasileiro para capitanear essa renovada seleção. A camisa 12, outrora uma das "caçulas" perto de Sheilla, Jaqueline e outras referências deste esporte, tornava-se a líder da maior seleção de voleibol do mundo. Ao seu lado, Tandara e Adenízia se consolidaram como as mais "veteranas" convocadas em meio a tantas meninas como Rosamaria, Carol, Amanda e Drussyla.

Com uma seleção jovem, o Brasil iniciou a sua caminhada em 2017. O torneio de Montreux, no mês de junho, foi o primeiro compromisso desafiador desta nova seleção. Todavia, mais desafiador ainda seria vencer a desconfiança que pairava sobre esta nova geração. As inevitáveis comparações traziam imensa responsabilidade para as estreantes. 

Natália, em todas as suas entrevistas, buscava blindar suas companheiras das injustas comparações. Em quadra, a camisa 12 exerceu com maestria o papel de uma das mais experientes da equipe. Ao final da competição, Natália foi um dos principais nomes do Brasil em Montreux e terminou eleita como a principal ponteira da competição. E o Brasil sagrou-se campeão.

Seleção Brasileira sagrou-se campeã do torneio de Montreux em junho (FOTO: Divulgação/CBV)

Chegou o Grand Prix, o torneio mais importante do vôlei feminino. Nas apostas, o Brasil não pintava como favorito. China e Sérvia, finalistas na Rio 2016, eram apontadas como possíveis finalistas. Quase ninguém levava fé no "novo Brasil".

Ao longo da competição, a equipe de Zé Roberto alternou bons e maus momentos e esteve à beira da eliminação em duas oportunidades. Precisando de três vitórias em três jogos para se classificar, Natália chamou a responsabilidade e foi o nome do Brasil na terceira semana do Grand Prix. Com os nove pontos somados, o maior campeão da história da competição chegou à fase final. 

Natália seguiu brilhando. Não apenas nas estatísticas frias, mas contagiando suas companheiras em momentos complicados e trazendo o sorriso e a vibração que lhe são característicos. Natália foi a líder que o Brasil precisava em um dos momentos mais difíceis e decisivos deste início de processo de renovação.

Ao final do Grand Prix, a ponteira ergueu o troféu de campeã e levou o título de MVP, melhor jogadora do torneio. E nós, torcedores, levamos a certeza de que estaremos muito bem representados nos próximos anos. Esta geração já merece nosso respeito e nossa capitã, certamente, ainda trará muitas alegrias para o nosso voleibol.

Natália recebeu o prêmio de MVP do Grand Prix 2017 (FOTO: Zhizhao Wu/Getty Images)