Depois de se sagrar vencedor em 2012 e 2013 na Volta à Suíça, o português Rui Costa, actual campeão do mundo e ciclista da Lampre-Merida, voltou a conquistar a prova ao país dos Alpes. Este é um feito sem paralelo na história da competição suíça, que existe desde 1933.

Rui Costa acreditou até ao fim

À entrada para a 9ª e última etapa da prova, que ligava Martigny a Saas-Fee, nuns montanhosos 157km com uma chegada em alto, Rui Costa era terceiro da geral. O ciclista português de 27 anos tinha 1 minuto e 5 segundos de desvantagem face ao líder Tony Martin, da Omega Pharma-Quick Step, e 14 segundos para Tom Dumoulin, holandês da Giant-Shimano.

Naquela que foi considerada a etapa mais exigente da prova, com quatro duras subidas, Rui Costa destacou-se de um grupo numeroso de ciclistas durante uma subida a meio da etapa para atacar o alemão Tony Martin, que vestiu de amarelo durante toda a Volta à Suíça. O Ciclista da Omega-Pharma tentou combater o português da Póvoa do Varzim durante a fase de plano e os 20km da ascensão final, mas Rui Costa provou-se mais forte e demonstrou-se inalcançável nos últimos três quilómetros da etapa.

Vitória da estratégia e do querer

Cedo após a saída de Martigny, um grande grupo de ciclistas entrou em fuga, conseguindo cerca de minuto e meio de avanço sobre o pelotão. Steve Morabito, da BMC, era um dos homens da fuga, e com três minutos de atraso para Tony Martin, a equipa do camisola amarela, a Omega-Pharma-Quick-Step, teve de trabalhar para anular a distância para a fuga, que fazia perigar a liderança do alemão.

Rui Costa, que na altura ainda seguia no pelotão, beneficiou do trabalho da Omega-Pharma no encurtar da distância, até que, a cerca de 40km do final da etapa, na terceira subida do dia (em Eischoll), os homens que ainda podiam sonhar com a vitória decidiram atacar: Rui Costa, Bauke Mollema (Belkin) e Mathias Frank (IAM), ajudados por alguns elementos das suas equipas. O grupo manteve-se unido e ganhou cerca de dois minutos a grupo dos perseguidores, onde Tony Martin e o segundo classificado à entrada da etapa, Dumoulin, seguiam. A dupla perseguidora viu-se forçada a ajudar-se mutuamente na subida final, mas com 1minuto e 45 segundos e ainda 14km pela frente, o esforço provou-se insuficiente. Rui Costa foi inteligente ao manter-se junto do seu grupo, e saber sair em resposta a um ataque de Mathias Frank. O português campeão do mundo da modalidade não se deteve mais e isolou-se rapidamente de Frank e Mollema, vencendo a etapa e a sua primeira prova enquanto campeão do mundo.

Classificação Geral Final (top 10)

Rui Costa Lampre-Merida 33h 08' 35''
Mathias Frank IAM Cycling +33''
Bauke Mollema Belkin Pro Cycling +50''
Tony Martin Omega-Pharma-Quick-Step +1' 13''
Tom Dumoulin Giant-Shimano +2' 04''
Steve Morabito BMC Racing Team +2' 47''
Davide Formolo Cannondale +3' 00''
Roman Kreuziger Team Tinkoff-Saxo +3' 03''
Janier Acevedo Garmin-Sharp +3' 20''
Eros Capecchi Movistar Team +3' 46''

Feito único na história da Volta à Suíça

Pela primeira vez nos 78 anos de história da Volta à Suíça, um corredor venceu por três vezes consecutivas a prova (em 2012 e 2013, Rui Costa venceu com as cores da espanhola Movistar).

Rui Costa, o único português que já venceu a prova, entra também assim no selecto grupo de ciclistas que venceram a corrida alpina por mais de duas vezes: os suíços Hugo Koblet e Ferdinand Kübler, ambos com 3 vitórias nos anos 40-50, e Pasquale Fornara, o italiano que nos anos 50 venceu a Volta à Suíça por 4 vezes não consecutivas.

Rui Costa reforçou assim o seu estatuto no pelotão internacional, e surge cada vez mais como um dos principais candidatos à vitória no Tour de France, que se inicia a 5 de Julho, e que deverá ter o português como a aposta da Lampre para a vitória na prova-rainha do ciclismo mundial.

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