Chuva, frio, sol abrasador, percursos perigosos, subidas íngremes e muitas quedas: assim foi o Tour de France 2014, que no passado Domingo terminou, na chegada a Paris, para a consagração do italiano Vicenzo Nibali, que acabou a competição com a camisola amarela vestida. O corredor da Astana angariou larga vantagem sobre os adversários, atravessando o último terço da prova com uma almofada de tempo considerável, mais de sete minutos de avanço sobre os perseguidores franceses Jean-Christophe Péraud e Thibaut Pinot

Ainda que parte do restrito lote de favoritos, Nibali partiu para a prova atrás dos gigantes Chris Froome e Alberto Contador, os dois grandes candidatos a vencer o Tour de France, mas as quedas, presença assídua em todas os dias da competição, encarregaram-se de eliminar os dois competidores, abrindo caminho para uma prestação indómita e impecável do ciclista italiano de 29 anos, que conquistou 4 etapas e envergou a amarela durante 18 dias, acabando por reclamar a vitória na geral individual desta 101ª Volta a França.

«Lo Squalo» (o Tubarão), como é conhecido Nibali, junta assim à conquista da Vuelta (em 2010) e do Giro (2013) o triunfo da prova mais conceituada do ciclismo, completando o ciclo da sua inegável afirmação internacional. Sempre resistente e no controlo do Tour, Nibali e a sua equipa realizaram um trabalho inexcedível, não permitindo grandes veleidades aos concorrentes. Depois das desistências de Froome e também de Contador (nem Rui Costa escapou à vaga de azares), a ascensão do italiano foi ainda mais inabalável.

Sagan vestiu de verde, Majka inesperado líder da montanha

Nas outras camisolas, Peter Sagan (Cannondale) destacou-se pela forma confortável como arrebatou a verde, referente à classificação por pontos: o eslovaco de 24 anos angariou 431 pontos contra apenas 282 de Alexander Kristoff, que ficou na segunda posição. Na geral da montanha, o polaco Rafal Majka, da Tinkoff-Saxo, surpreendeu a concorrência, terminando o Tour na posse da «polka dot shirt», com um total de 181 pontos. A geral da juventude foi liderada pelo francês Thibaut Pinot, da Francaise des Jeux e o prémio da combatividade arrebatado pelo italiano Alessandro De March, da Cannondale.

Na classificação colectiva, quem levou a melhor foi a formação francesa da Ag2r La Mondiale, que completou um tempo final de 270 horas, 27 minutos e 2 segundos. 

«Il Squalo» sucede ao já desaparecido «Il Pirata»

Desde a vitória do falecido Marco Pantani que um italiano não ganhava o Tour: o feito de Pantani ocorreu em 1998, ano em que também conquistou o Giro. Agora, 16 anos mais tarde, Nibali volta a escrever em italiano por caminhos franceses, dominando a prova sem adversários capazes de o apoquentar. Desde o Pirata que Itália não dispunha de um trepador capaz de atacar as provas de três semanas - Nibali é, actualmente, a grande estrela do panorama internacional do ciclismo. 

«Estamos muito felizes, é uma vitória linda. A equipa toda está de parabéns», comentou o director desportivo da equipa cazaque, a Astana.

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