Chegou ao fim a carreira de um dos ciclistas mais agressivos, mais combativos, que mais gente levava às estradas e que mais espetáculo dava nos últimos anos. 

Depois de na Volta a França ter anunciado planos de retirar-se no final da temporada, o espanhol decidiu continuar no desporto e ajudar a nova equipa da Bahrain-Merida na temporada de 2017, mas anunciou esta sexta-feira que não se sentia a 100% para voltar à estrada: “Depois de muito tempo a pensar e a tentar voltar a uma rotina de trabalho, percebi que já não é possível.” – referiu ‘Purito’ na sua conta de Instagram.

Joaquin Rodríguez vai agora assumir um papel na equipa técnica da equipa e conseguir ajudar na evolução daqueles que iriam ser os seus colegas: “Daqui para a frente, vou trabalhar para passar a minha experiência e ajudar ao máximo os jovens talentos da equipa", disse o ciclista, na mesma publicação.

Na sua carreira, o espanhol deu espetáculo na Once, entre 2000 e 2003, passando depois para a Saunier Duval, de 2004 a 2006, e também correu ao lado de Alejandro Valverde entre 2007 a 2010, na Caisse d’Épagne. Em 2010 assinou pela equipa russa Katusha, onde ficou até deixar a estrada.

Joaquin Rodríguez ficou com a alcunha de ‘Purito’ quando num estágio da equipa Once, no seu primeiro ano de profissional, alguns dos seus colegas de equipa aumentaram o ritmo numa subida e o espanhol passou por eles a fazer o gesto de estar a fumar um cigarro, dando a entender que não estava a fazer qualquer esforço.

Era um ‘ciclista à antiga’, dos mais atacantes do pelotão, nunca virava a cara a luta, e dava tudo o que tinha até ao último metro da última etapa. Nunca se preocupou muito em gerir esforços, gerir distâncias, era um ciclista romântico, que dava espetáculo que dava gozo vê-lo a correr. Por todos estes motivos ganhou muitas corridas, e de grande importância, entre elas destacam-se as 9 vitórias de etapas na Vuelta, 3 vitórias de etapa no Tour, duas vitórias na classificação geral da Volta à Catalunha e Volta ao País Basco. Quiçá, foi também por estes motivos que nunca ganhou uma Grande Volta, estando várias vezes perto de o conseguir, nomeadamente no Giro de 2012 e na Vuelta de 2015, em que acabou no segundo posto em ambas.

O seu forte era a explosão em subidas curtas, mas muito inclinadas, era especialista em clássicas acidentadas de um dia, tendo ganho uma Flèche Wallonne, dois Giros da Lombardia. Também fez vários pódios na semana das Ardenas e tem em casa uma medalha de bronze e outra de prata em campeonatos do Mundo.

Na sua declaração de despedida na sua conta de Instagram, ‘Purito’ conclui dizendo: “Obrigado ao ciclismo, é e sempre será a melhor coisa que aconteceu na minha vida.” 

O mundo do ciclismo é que agradece o espetáculo que este grande ciclista e grande homem proporcionou ao longo destes 17 anos.