A época das clássicas já começou no fim de semana passado e começou com algo que não nos é nada estranho: Greg van Avermaet a ‘enganar’ Peter Sagan e, depois, com o eslovaco a «vingar-se». Na Omloop Het Nieuwsblad, no sábado, chegou um grupo de três à discussão ao sprint e o belga conseguiu superiorizar-se a Sagan e Sep Vanmarcke. No domingo, foi a vez de Sagan conseguir «enganar» Avermaet e toda a equipa da BMC, vencendo ao sprint, num grupo de cinco ciclistas. Mas este foi só o início, nestes meses de Março e Abril vamos ter muito por onde pegar e é isso que vamos fazer, vamos olhar para estas clássicas e retirar o máximo que podemos delas.

Vamos começar com a recente, mas já clássica, Strade Bianche. Esta corrida é muito querida dos fãs do ciclismo porque trás algo que não é normal, o sterrato, que nos leva para os tempos mais remotos do ciclismo, onde fazer ciclismo em cima de terra era algo normal. A grande figura destas 11 edições foi Fabian Cancellara. O suíço ganhou 3 edições desta corrida, tendo sido a última destas no ano passado. O «Spartacus», agora reformado, tem agora um setor de sterrato com o seu nome. Em relação aos favoritos, Kwiatkowski e Stybar são antigos vencedores e de certeza que estão com altas expectativas em relação a esta corrida. A rivalidade que se está a começar a formar entre Sagan e Avermaet vai ter mais um episódio nesta corrida. O eslovaco nunca ganhou a Strade Bianche mas já fez segundo em 2013 e 2014. O belga também já fez segundo, há dois anos atrás e está a ter um bom início de temporada. Entre outros corredores que aspiram à vitória temos Nibali, Uran, Aru, Pinot e o jovem Benoot. Vão estar presentes os portugueses Tiago Machado e José Gonçalves da Katusha e Nuno Bico da Movistar. A minha aposta pessoal vai para Avermaet.

Dia 18 de Março é o dia do primeiro monumento do ano, a Milan San Remo. Este é conhecido como o monumento dos sprinters, daí estarem presentes os melhores do mundo desta especialidade: Cavendish, Sagan, Kristoff, Viviani, Bouhanni, Degenkolb juntam-se a Démare, vencedor da última edição. Nas últimas subidas vão haver ataques, de certeza, de ciclistas que sabem que não são os mais fortes a sprintar, como Greg van Avermaet (outra vez) ou até Tom Boonen. O ano passado houve muita polémica com o vencedor, esperemos que este ano corra tudo da melhor maneira. Kristoff é a minha aposta.

Depois destas, começam as clássicas do pavé com E3 de Harelbeke e com a Gent-Welvegem. Quase nenhuns nomes estão confirmados, mas de certeza que nestas duas corridas vão estar os grandes nomes do pavé, que se vão preparar para a Volta a Flandres e para o Paris Roubaix. Por isso, Sagan, Degenkolb, Stannard, Boonen, Avermaet, Vanmarcke, entre outros, vão marcar presença de certeza que vão estar com aspirações, porque estas duas corridas que se realizam a 24 e a 26 estão muito perto da Volta a Flandres que se realiza dia 2 de Abril. Para dia 24 aposto em Boonen e para a segunda corrida inclino-me para Sagan.

Na 101ª edição da Volta a Flandres, os grandes nomes do ciclismo nesta especialidade vão estar presentes no segundo monumento do ano, numa corrida que toda a gente quer ganhar. O ano passado foi uma corrida espetacular, com Sagan a conseguir uma ligeira sobre Cancellara e Vanmarcke. Nelson Oliveira vai liderar a Movistar numa corrida em que acabou em 15º há dois anos. Lars Boom, Kristoff, Vanmarcke, e Boonen já confirmaram presença. Esta vai ser a última Volta a Flandres de Tom Boonen, tal como o ano passado Cancellara foi recebido em festa, pode-se esperar o mesmo ao experiente belga. A minha aposta vai para o vencedor do ano passado, Peter Sagan.

Uma semana depois é a vez do Paris-Roubaix, corrida que nos mostrou uma das mais bonitas histórias do ciclismo dos últimos anos: Mathew Hayman, de 37 anos na altura, o homem com mais participações nesta corrida que estava a corrê-la, aventurou-se na fuga, nunca na vida pensava que poderia dar resultado, e não deu, foram alcançados, mas o australiano conseguiu acompanhar Boonen, Hagen, Stannard e Vanmarcke, tendo conseguido bater estes nomes na linha de meta. Este ano, muito dificilmente vai repetir o feito, mas nunca mais ninguém lhe vai tirar o pedregulho de 2016. Este ano, tal como em todos, vão estar presentes os grandes nomes do pavé, que já foram referidos acima. Este ano foi acrescentado mais um setor de pavé, ou seja, mais pavé é igual a mais espetáculo. Na minha opinião esta vai ser a primeira vitória do campeão do Mundo neste monumento, Sagan é novamente a minha aposta.

Passado o pavé, vamos chegar às Ardenas. Mudam completamente o cenário e os atores. Aqui vamos ver os ciclistas mais explosivos a lutar entre si nas colinas da Holanda e da Bélgica. A primeira, a Amstel Gold Race, dia 16 de Abril, é a menos conhecida e é nessa que costumam acontecer mais surpresas, por exemplo, o ano passado ganhou o italiano Gasparotto. A última subida não é muito dura por isso costuma chegar um grupo de cerca de 15 ciclistas à reta da meta. Quando a subida acaba ainda existe cerca de 1,5 km para a meta, costumam haver muitos ataques nessa altura. A minha aposta nesta corrida vai para Julian Alaphilippe.

Na quarta feira, dia 19, existe a chegada ao mítico Mur de Huy. Corre-se a Flèche Wallonne. O ano passado foi a confirmação do talento de Alaphilippe, que terminou em segundo, atrás de Valverde. Ciclistas como Valverde, Nibali, Gilbert, Dan Martin são favoritos a esta corrida. O português costuma ter muitas dificuldades nesta corrida porque não é um ciclista explosivo. A minha aposta vai para um renovado Phillip Gilbert.

No domingo, corre-se a corrida mais antiga do calendário, a Liège-Bastogne-Liège. Esta é a corrida favorita de Rui Costa e o ano passado podia muito bem ter sido o ano do português, acabou em terceiro lugar atrás de Poels e Albasini. O acréscimo daquela subida em pavé favoreceu muito o português porque é um corredor mais alto do que os outros e isso beneficia-o nessa subida. Juntar a estes nomes, os nomes referidos aqui acima, vamos ter um grande elenco para atacar este monumento do ciclismo. A minha aposta vai para o português, é desta que Rui Costa ganha a Liège.

E este é o guia para estes dois meses de clássicas que promete muito espetáculo e surpresas.  

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