As mudanças nos regulamentos são sempre alturas propícias para uma alteração na ordem reinante na F1. São vários os casos de equipas que aproveitaram da melhor maneira novos regulamentos para vencerem. Este ano trouxe mais um caso desse. O domínio absoluto da Red Bull foi interrompido de forma abrupta pelos Flechas de Prata. A Mercedes, cujo projecto se iniciou em 2010, teve um arranque lento e algo difícil. Tendo como base a Brawn GP e o seu mentor Ross Brawn, a equipa foi construindo aos poucos as suas fundações. Mas apenas com a entrada de Paddy Lowe, Lewis Hamilton e de Toto Wolf é que a Mercedes conseguiu dar um verdadeiro pulo, rumo às vitórias. No ano passado a equipa já tinha mostrado bons apontamentos, mas o melhor estava para chegar.

2014: o início de uma nova era

2014 era esperado com grande entusiasmo pelos homens da Mercedes, pois no papel o carro criado com base nos novos regulamentos era bom e o motor dava garantias. E logo nos primeiros testes se viu que a teoria estava certa. Os Mercedes eram constantemente mais rápidos e mais que isso, mostravam-se fiáveis o suficiente para encarar a época com optimismo.

O grande “segredo” da Mercedes? Um design inovador do motor, que lhes permitiu uma refrigeração mais eficaz e uma distribuição do peso mais homogénea. Este ano o grande trunfo para vencer era ter um motor eficaz e a Mercedes trabalhou de forma soberba nesse capítulo. A Ferrari e a Renault ficaram muito longe do que os alemães conseguiram, nunca extraindo tanta potência das suas unidades motrizes como a Mercedes. Os italianos conseguiram uma boa fiabilidade mas pouco mais que isso. Os franceses começaram muito mal, mas recuperaram algum terreno, sem nunca atingir os números exigidos para fazer frente à Mercedes.

A confirmação da teoria e os números do sucesso

A primeira corrida em Melbourne confirmou o potencial visto nos testes, com Rosberg a vencer com uma margem de 25 seg. em relação ao 2º classificado. Uma vantagem considerável em F1. Hamilton acabava a corrida na volta 2 com problemas no seu carro. Outro ponto fundamental era visto logo no início. Os Mercedes não eram à prova de bala e podiam falhar, como falharam.

E foi assim ao longo de todo o ano. A Mercedes a dominar a contenda por completo… Mas a falhar ao nível da fiabilidade algumas vezes, com Daniel Ricciardo a aproveitar sempre as sobras deixadas.

Os números não deixam dúvidas. Em 18 corridas foram 18 pódios, 15 vitórias e 10 dobradinhas. A Mercedes nesta altura tem 651 pontos contra os 373 da Red Bull, segunda classificada. Contra factos não há argumentos.

Hamilton - Rosberg

Nico Rosberg, acual 2º classificado está a ter a sua melhor época na F1. Tem no seu currículo 5 vitórias, ficando 10 vezes em 2º falhando os pontos apenas por 2 vezes. Rosberg tem sido consistente ao longo do ano, mas desde o incidente em Spa que a sua confiança ficou abalada. Foi assobiado nas duas vezes seguintes que foi ao pódio e desde então o seu rendimento baixou. Aquele que parecia ser o seu melhor atributo falhou. O alemão não foi frio o suficiente para lidar com as criticas (algo exageradas diga-se) Voltou às vitórias no Brasil mesmo a tempo de relançar a candidatura ao titulo. Segue para a ultima corrida com mais motivação e com tudo para ser campeão.

Lewis Hamilton estará agora mais que certo que o passo que deu em sair da McLaren para a Mercedes foi o acertado. Enquanto a equipa de Woking continua sem encontrar o rumo das vitórias, Hamilton tem a oportunidade de vencer pela segunda vez o campeonato. Depois de um ano de 2013 com altos e baixos, Lewis voltou em grande. A todas as adversidades, o britânico respondeu à altura. São 10 vitórias, 3 segundos lugares e a confirmação que é um dos melhores do grid. Se foi acusado no início de ser fraco psicologicamente, 2014 tratou de lhe dar as ferramentas necessárias para ultrapassar isso. É agora um piloto mais forte mentalmente e capaz de dar a volta as situações menos boas, pese o facto de que, recuperar com um carro significativamente melhor que a concorrência, ajuda. É favorito pela vantagem que leva a nível pontual e pelo que mostrou em pista este ano.

Comparando os dois pilotos é inevitável chegar à conclusão que Hamilton é melhor que Rosberg. O britânico tem mais rapidez na sua condução, consegue poupar mais combustível e quando imune à pressão consegue desempenhos fenomenais. Basta ver a forma como recuperou 7 segundos de desvantagem para Rosberg em Interlagos. Há um factor que deve ser tido em conta. Hamilton parece ter melhor “casa” que Rosberg. Se o incidente de Spa fosse ao contrário, provavelmente o coro de críticas não seria tão grande. E talvez tenha sido esse o aspecto que mais prejudicou o alemão. Não tem o nível de Hamilton, mas surpreendentemente, estando numa equipa alemã, não tem a protecção que alguns poderiam pensar. Ainda assim Hamilton fez o suficiente em pista para merecer essa “protecção”.

Como acabará o campeonato ninguém sabe, mas espera-se uma luta ao mais alto nível, como a que aconteceu no Bahrein? Uma luta a dois como não se via desde 2012, com o confronto Vettel - Alonso. Façam as vossas apostas e que vença o melhor.

Contas do título

Se Rosberg fizer: Hamilton precisa de ser:

1º 2º

2º 5º

3º 6º

4º 8º

5º 9º

6º Hamilton é automaticamente campeão.