O cenário actual não é dos mais animadores para a Fórmula 1. Os custos da modalidade começam a ser proibitivos para cada vez mais intervenientes, com equipas em processo de falência (Caterham e Marussia), outras em acentuadas dificuldades (Force India, Sauber e Lotus), milhões de euros de dívidas a diversos fornecedores, circuitos do campeonato mundial ameaçando não cumprir contratos por incapacidade financeira, e a deslocalização do campeonato para fora da Europa, lar não apenas da maioria das equipas em competição como da maior fatia de espectadores. Sobre tudo isto, paira ainda o espectro das audiências, em queda a nível global. Estima-se que, em 2013, as audiências da F1 tenham caído em 10%, o que representa uma perda de cerca de 50 milhões de espectadores no decurso de um ano.

2015 com apenas 18 carros em pista?

Neste conturbado início de época de 2015, e caminhando-se a passos largos para o primeiro Grande Prémio da temporada, já em meados de Março, na Austrália, existe a real possibilidade de apenas nove equipas (18 carros) alinharem no grid (face às 11 equipas e 22 carros de 2014), caso se confirme o abandono da Caterham (praticamente certo), e também da Marussia/Manor, embora nas últimas semanas tenham surgido notícias animadores acerca da manutenção da escuderia dirigida por Graeme Lowdon. Nos últimos dias surgiram ainda rumores de que a Force India de Vijay Mallya poderá não se conseguir apresentar na grelha de Melbourne. Recorde-se que os indianos ainda não apresentaram o seu monolugar, cujos atrasos no desenvolvimento, aparentemente relacionados com diversas dívidas, os impediram de marcar presença nos testes em Jerez de la Frontera.

Bernie Ecclestone prepara novo plano de contingência

Segundo a Auto Motor und Sport, Bernie Ecclestone estará a preparar novo plano de contingência para fazer frente a uma eventual queda do número de carros em pista, depois da sua proposta de colocar as maiores equipas com três monolugares cada não ter colhido o interesse de Ferrari, Mercedes nem Red Bull. Recorde-se que os contratos concernentes aos direitos comerciais da F1 contêm uma cláusula que estipula que a categoria deve apresentar um mínimo absoluto de 16 carros em competição, sob pena de incumprimento das condições acordadas com os circuitos, organizadores de corrida, e com a Federação Internacional do Automóvel, embora recentemente alguns advogados disputem a interpretação deste ponto.

Interpretações legais à parte, o certo é que Ecclestone continua muito preocupado com a situação do número de carros em prova, e os seus motivos deverão ser fortes, já que a sua nova proposta inclui uma espécie de divisão "low cost" dentro do plantel. Recorde-se que, no passado, Ecclestone sempre se declarou muito crítico em relação às equipas mais pequenas, chegando a afirmar que "quem não tem dinheiro para correr se deve ir embora".

Uma "segunda divisão" low-cost dentro da F1

Segundo a publicação alemã, Ecclestone estará mesmo a desenhar um modelo de corrida com uma “segunda divisão” em pista (à imagem do que o britânico chegou a propor com uma Super GP2, com motores mais poderosos), composta por monolugares Red Bull de 2013 preparados por Collin Kolles e equipados com motores V8 da Mecachrome, construtor francês, produzidos sob supervisão de Flavio Briatore
Esta segunda divisão estaria aberta a inscrições a partir de 15 milhões de euros para o pacote base.

De acordo com o jornalista Michael Schmidt, porém, esta proposta terá sofrido uma primeira nega de Ferrari, Mercedes e McLaren na passada quinta-feira, na última reunião do Grupo de Estratégia da F1, em Paris. As equipas com maior poderio financeiro e desportivo continuam a pretender fora do desporto carros sem competitividade e que possam vir apenas a aumentar o tráfego lento durante as corridas, impedindo um bom ritmo aos seus pilotos.

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