Desde 2014 que a Red Bull se queixa do domínio da Mercedes na modalidade, com a chegada da nova Era de motores híbridos V6 turbo de 1.6L. E a julgar pelos testes de Inverno e pela prova australiana, será expectável que o poderio da unidade motriz dos alemães se mantenha, somando-se a isso a falta e irregularidade da potência do motor Renault que equipa a escuderia do toro vermelho.

Red Bull insurge-se contra regulamentação dos motores F1

E se já na pré-temporada a Red Bull procurara, no Grupo de Estratégia, puxar as possibilidades de desenvolvimento durante a temporada e refrear as apertadas regulamentações que pesam sobre os motores de F1, as últimas declarações dos homens fortes da equipa austríaca subiram de tom: Helmut Marko, consultor da Red Bull, afirmou que a equipa está insatisfeita «com a forma como a F1 está a ser governada. Vamos avaliar a situação no próximo ano.»

Recorde-se que já anteriormente o director da Red Bull, Christian Horner, defendera que a FIA deveria providenciar meios para nivelar a performance dos diferentes motors em competição.

«Vão matar o desporto», Helmut Marko

Helmut Marko apontou críticas aos motores, ressalvando que o mesmo defenderia a equipa austríaca caso estivesse na frente: «As regras técnicas não são perceptíveis aos adeptos; são demasiado complicadas e demasiado caras (…) Queremos redução de custos, o que não vai acontecer desta forma.» Algo que merece as críticas da Red Bull é, de facto, a claustrofobia ao nível do desenvolvimento criada pelo hermetismo dos regulamentos técnicos da F1. Para Marko, «um designer como Adrian Newey é completamente castrado por este tipo de fórmula de motores. Estas regras vão matar o desporto.»

As palavras da Red Bull são algo que deverá fazer soar alguns alarmes na F1, já que a Red Bull, que tem assento no Grupo de Estratégia, é também dona da Toro Rosso, e perder duas equipas com este perfil é algo que a modalidade não poderá, de forma nenhuma, arriscar, mais a mais num momento delicado como aquele que hoje vive. «O perigo é que o senhor Dieter Mateschitz [dono da Red Bull] perca a sua paixão pela F1.» sentenciou Helmut Marko.

Ecclestone toma o partido da Red Bull

Bernie Ecclestone, certamente preocupado com a eventual queda do interesse do público no caso de a Mercedes voltar a dominar todas as provas da temporada (além do óbvio perigo de perder Red Bull e Toro Rosso), veio a público defender a visão da Red Bull. Para o empresário britânico, os austríacos «têm 100% de razão. Há uma regra que permite que, se alguma equipa fizer algo "mágico" - o que a Mercedes fez -, a FIA pode nivelar as coisas.»

Para o "supremo" da F1, é indiscutível que a Mercedes fez um excelente trabalho com a sua unidade motriz, lamentando porém que não se tenha decidido congelar o desenvolvimento do motor alemão enquanto se permitia melhoramentos aos demais frabricantes.

Sobre o eventual abandono da Red Bull, Ecclestone não se mostrou preocupado. Preferiu, sim, destacar o desportivismo de Dieter Mateschitz, afirmando que o dono da Red Bull não é de desistir, muito menos numa altura em que está a perder.