Quando se fala tanto ou mais em soluções para a F1 do que no que se passa em pista é claramente um mau sinal. E infelizmente nada se faz para que a situação se resolva. É um assunto já muito debatido e não vamos relembrar as opiniões e as decisões tomadas até agora. A única coisa que parece clara é que de facto a F1 está em crise. É uma crise tenta ser abafada a cada Grande Prémio mas cujo ruido não permite o esquecimento.

As soluções tem sido propostas em catadupa e claramente serão difíceis de implementar e mais ainda, de surtirem efeitos positivos a curto prazo.

Bernie e as suas ideias ultrapassadas

Bernie Ecclestone mantêm-se contra os V6. O “patrão” da F1 sempre foi contra a ideia e serve-se agora do aumento de custos que os V6 Hibridos provocaram para chamar a si a razão. Bernie diz que a F1 não é só tecnologia e também é entretenimento (o que é de facto um bom argumento) e que se deveria trazer de volta os motores V8, fazendo subir a potência até aos 1000cv, como se o número 1000 de repente viesse trazer mais interesse à modalidade.

O entretenimento não falta na F1. 2014 foi uma boa "colheita" e a emoção esteve presente em muitos GP´s. Além disso seria deitar fora milhões em investimento nas plataformas dos V6 Hibridos e gastar milhões para voltar a preparar estruturas e carros para receber V8 de 1000cv. Desengane-se quem pensa que é chegar à prateleira, recuperar os antigos V8 e afinar de modo a debitarem mais cavalos.

O problema não está no facto dos motores serem híbridos. No WEC, os LMP1 são híbridos. É por causa disso que a competição não tem emoção? Quem viu a corrida de Silverstone ficou com a ideia contrária.

A forma de atrair novas marcas é com os híbridos. A Ford por exemplo apostou forte no EcoBoost (não é hibrido mas mostra claramente que a marca quer mostrar que consegue ser eficiente) e agora usa esse tipo de motores em todas as competições em que está envolvida. A Audi usa híbridos há muito tempo no WEC. Têm mais experiência em competir com híbridos do que com outro tipo de motores. O mundo automóvel está a caminhar para a eficiência e para os híbridos. Ferrari, McLaren, Porsche têm agora supercarros fantásticos desenvolvidos a partir de conceitos híbridos. O problema da F1 não está no motor.

O problema da F1 está na deficiente distribuição do dinheiro pelas equipas, no afastamento da modalidade em relação aos fãs e das regras demasiado apertadas que retiram variedade e engenhosidade.

A solução de Mosley

Max Mosley, antigo presidente da FIA, apresentou uma ideia que não é descabida de todo. Pelo menos faz mais sentido que as ideias anteriormente apresentadas e poderá voltar a trazer de volta uma característica antiga da F1… variedade.

Mosley defende que deve ser imposto um limite de gastos às equipas. Uma luta que dura há anos e que teima em não dar frutos. As equipas grandes gastam milhões e as equipas médias sobrevivem com metade do orçamento, ou menos, e mesmo assim tentam ser competitivas. Mas Max Mosley defende um limite de custos inteligente. É atribuído um tecto de gastos às equipas mas em troca, a FIA dá total liberdade para desenvolver o carro. Nada de regras impostas. Cada equipa seria livre de fazer render o seu dinheiro da forma que quisesse. E assim seria imposto um tecto, que poderia trazer mais equilíbrio entre equipas, seria uma forma de obrigar as equipas a encontrar soluções eficazes e mais baratas, as equipas grandes manteriam a sua vantagem pois as estruturas que já possuem permitiram usufruir da liberdade dada para criar carros revolucionários, as equipas pequenas teriam possibilidade de inovando chegar às grandes do grid. As equipas grandes já têm os meios para isso, seria só o caso de atrair as pessoas certas e nisso mais uma vez teriam vantgem, algo de que não querem abdicar. As equipas mais pequenas teriam hipótese de lutar de igual para igual e, quem sabe, com a ideia certa superar as grandes do Grid.

A solução faz sentido. Hoje em dia os carros são muito similares e é difícil ganhar vantagem sobre outras equipas com regras tão restritas. Adrian Newey queixou-se várias vezes que a F1 é demasiado castradora para os designers. Com total liberdade para criar, voltaríamos a ver carros muito diferentes como nos anos 60/70, cada equipa poderia apostar numa filosofia diferente e assim ganhar vantagem e no somatório todos gastariam o mesmo. Quem ganhasse seria por mérito das suas ideias e dos seus pilotos e não graças a um orçamento colossal. E para os fãs seria mais um motivo de interesse. Ver qual o carro mais bonito, o mais potente, o mais rápido em curva.

Poderá não ser ainda a solução ideal mas é claramente uma solução que merece ser trabalhada. Esperemos que quem manda faça o que deve para não deixar cair a F1.