Os membros do Grupo de Estratégia, reunidos ontem, decidiram um conjunto de temas relacionados com um futuro próximo da Formula 1. Entre o regresso dos reabastecimentos para 2017, chassis mais agressivos, maior escolha de pneus e modificações no seu design, decidiu também estudar a hipótese de introduzir chassis-cliente, para serem vendidos às equipas mais pequenas.

A ideia foi apresentada pelas quatro maiores equipas do campeonato - Ferrari, Red Bull, McLaren e Mercedes - e vai ser estudada por uma comissão chefiada por Ron Dennis.

Contudo, é sabido que a ideia dos carros-cliente está a ser empurrada pela McLaren no sentido de ter uma segunda equipa para testar o seu motor Honda, que sofre por falta de quilometragem, e precisa de muita rodagem para tentar apanhar as equipas da frente. Caso fosse para a frente, isso implicaria a imediata subida da ART da GP2 para a Formula 1, com uma estrutura totalmente de "equipa B", pois não só teriam chassis e motores, como os seus pilotos estariam na folha de pagamentos da McLaren, como o belga Stoffel Vandoorne e o holandês Nick de Vries.

Forte oposição esperada

As conclusões desse estudo serão apresentadas na próxima reunião do conselho mundial, que acontecerá em julho, mas desde já existe a oposição da maior parte das equipas do pelotão: Lotus, Force India, Sauber e Manor. Essas equipas afirmam que isso não vai ao encontro dos verdadeiros problemas da Formula 1 atual, que é o corte de custos e a redistribuição de dividendos, e que na verdade, o que vai fazer é reduzir os construtores a pouco mais de meia dúzia, cortando as ambições de vitória de metade das equipas, logo, menos concorrência.

Outro dos criticos desta medida é o jornalista britânico Joe Saward, que no seu blog pessoal afirmou que tal medida, a acontecer, irá enfraquecer a Formula 1 a favor de outras categorias como a Endurance ou a Formula E. 

"A única coisa que as grandes equipas não estão a ver (ou pior, não querem ver) é que isso vai destruir a base deste desporto - a única coisa que o torna diferente. Que isto vai fazer com que as grandes equipas sejam inalcançáveis e significa também que não vais ter nenhum dono de equipa jovem e ambicioso, mesmo sonhando em correr  com carros-cliente, porque nunca será capaz de dar o salto para se tornar num construtor próprio. As equipas cliente nunca baterão as fábricas (aliás, por que isso seria permitido?) e vão ficar com o melhor material, enquanto que os fabricantes mais pequenos vão ser empurrados para baixo e acabarão por morrer", escreveu.