O titulo é a tradução da palavra portuguesa reviravolta para catalão e foi isso que o Barcelona conseguiu, uma reviravolta vertiginosa perante o PSG. Depois de terem perdido em Paris por 4-0 a equipa catalã venceu por 6-1 passando aos quartos de final da Liga dos Campeões. Entraram para a história ao virarem, pela primeira vez na história da Liga dos Campeões, um resultado de 4-0.

Mas a história conta que, em competições europeias anteriores, o Barcelona tornou-se apenas a quarta equipa a conseguir virar um resultado desfavorável de quatro golos sendo que a primeira foi portuguesa. Em 1961/1962, o Leixões competia na Taça da Taças, quando perdeu na primeira-mão fora de casa frente ao FC Chaux-de-Fonds por 6-2. Na segunda-mão, a equipa de Matosinhos agigantou-se e derrotou a equipa suíça por 5-0. 

Passados mais de vintes anos, o Partizan tornou-se na segunda equipa a conseguir semelhante feito. A equipa sérvia deslocou-se ao terreno do Queen Park Rangers, em jogo a contar para a Taça UEFA, e perdeu por 6-2. No segundo jogo, ultrapassou a eliminatória, ao vencer por 4-0. Em 1985/1986, o Real Madrid recuperou de uma derrota por 5-1 sofrida em casa do Borussia Monchengladbach para vencer o segundo jogo por 4-0. 

Mais recentemente, em 2003/2004, na primeira-mão dos quartos de final da prova, o AC Milan recebeu e venceu o Deportivo da Corunha por 4-1. A equipa espanhola respondeu na segunda-mão, ao eliminar o campeão europeu em título na altura com uma vitória por 4-0. Na mesma fase da prova, o Real Madrid venceu o Mónaco por 4-2 na primeira-mão, mas o clube francês, atualmente treinado por Leonardo Jardim, venceu o colosso espanhol por 3-1 na segunda-mão. 

Na partida entre catalães e franceses houve quem se queixa-se da arbitragem, tal como Nasser Al-Khelaifi, presidente do PSG. “Não acredito no que aconteceu. Sofremos três golos em sete minutos. Não vou procurar desculpas mas toda a gente viu o que aconteceu, houve dois penalties a nosso favor que não foram assinalados. Toda a gente viu. É difícil aceitar.” Ou o selecionador da Noruega Lars Lagerback que destaca a falta sobre Suárez na área. “É um contra-senso que tudo se decida por uma ação fingida. Sinto pena pelo futebol e isto deixa-me furioso. Foi puro teatro de Suárez! Para que temos árbitros junto à baliza se nem conseguem ver estas coisas?” Ou ainda o treinador vencido Unai Emery. “Tivemos oportunidade para fazer o 3-2 e as decisões do árbitro prejudicaram-nos... Na nossa área marcou-se penalty, na do Barcelona não. Não tenho explicação para o que aconteceu nos últimos minutos, temos de aprender e crescer com isto.” 

Mas a verdade é que o Barcelona fez uma grande partida e o resultado de 6-1 não se consegue explicar apenas com más decisões por parte da equipa de arbitragem. A Federação alemã saiu em defesa do árbitro Deniz Aytekin, que está a ser contestado. De acordo com a Imprensa alemã, o trabalho de Deniz Aytekin foi considerado “muito bom” e que foi acertado o polémico penalty aos 91 minutos sobre Suárez. O meio de comunicação afeto ao Real Madrid (Marca) refere que o árbitro não vai arbitrar mais jogos da Liga dos Campeões e Pierluigi Colina, responsável e diretor do comité de arbitragem da UEFA, estará já a rever os relatórios de arbitragem do jogo e tomará uma decisão nos próximos dias. 

Mas quanto ao jogo em si, Sergi Roberto, autor do sexto golo, realça a noite gloriosa. “Precisávamos do apoio dos adeptos e deram-nos força desde o primeiro minuto. Foi uma noite mágica. É nestes dias que é especialmente bonito ser futebolista. Nunca me vou cansar de recordar este momento. Há muito tempo que trabalhava para conseguir algo assim no clube da minha vida, onde já estou há 10 anos.” Também Rakitic estava muito feliz. “É muito difícil explicar o que aconteceu. Foi uma noite mágica, um jogo louco e um enorme orgulho em fazer parte desta equipa. Fizemos do impossível, possível.” 

A qualificação do Barça foi inclusive festejada por Gerrard, Ferdinand, Lineker e Owen durante um programa britânico no canal BT. Até Thomas Tuchel, treinador do Borússia de Dortumund que venceu 4-0 o Benfica vibrou com o resultado. “Quando o nosso jogo acabou e deixei o relvado o Barcelona-PSG estava 4-1, depois quando chego aos balneários estava 5-1, adoro o Barcelona, sem ofensa para com o PSG, mas toda a gente estava a olhar para o jogo e a sentir que podia acontecer mais qualquer coisa. Nós fomos espetaculares, mas estes tipos...” 

Luis Enrique, treinador do Barcelona, também festejou de forma efusiva o apuramento. “Penso que ninguém deixou de acreditar. A equipa esteve impressionante. Arriscámos muito e valeu a pena. São finais que por vezes acontecem no futebol e hoje foi a nossa vez.” 

Um sismógrafo do Instituto de Ciências da Terra Jaume Almera (ICTJA-CSIC), explicou que a alegria unânime dos fãs catalães em cada golo provocou pequenos tremores com uma intensidade de cerca de 1 grau na escala de Richter, imperceptíveis pelo ser humano. O investigador salienta ainda que o abalo com maior intensidade coincidiu com o último golo dos catalães. 

A má exibição do PSG foi comentada pelos principais meios de comunicação de França. “Um naufrágio que deixará marcas” escreve a France Football, “Naufrágio histórico”, destaca o L’Equipe. O Le Parisien considera “inqualificável” a eliminação do PSG. Para o Figaro é mesmo um “Fiasco histórico”.