Têm sido inúmeras as vozes que - correctamente, diga-se - transmitem o domínio territorial e no aspecto dos remates e ocasiões de perigo conseguidos pelo FC Porto num confronto no qual no entanto não conseguiriam levar de vencida o líder da Liga NOS, o Benfica, a quem por outro se lhe deve assacar o mérito de saber suportar a pressão que lhe foi imposta, respirar fundo e esperar para aplicar o derradeiro golpe que surgiu apenas nos instantes finais.

É também desta fibra que se fazem os campeões muito embora no plano exibicional a águia tenha estado distante daquilo que pode e deve fazer. No entanto, é de louvar a resistência deste Benfica que manteve intactos os seus níveis de eficácia mesmo continuando sem contar com a sua principal arma atacante, Jonas, uma garantia constante não apenas de golos como de oportunidades de relevo para os seus companheiros, duas vertentes muito importantes no plano doméstico mas ainda mais no panorama da Liga dos Campeões.

Golo de Licha poderá ter significado mais um título para os encarnados - o futuro assim o dirá

À falta do goleador das últimas épocas, no Dragão havia um outro goleador menos provável mas também com o tempo a causar cada vez menos espanto como é o caso do defesa central Lisandro Lopez que com uma vitoriosa cabeçada aos 92 minutos trouxe à tona diferentes sensações de um golo marcado já após o minuto 90: uma bem negativa experimentada no mesmo Dragão, igualmente ao minuto 92, em que Kelvin (que já anda pelo Brasil natal…) resgatou a liderança aos encarnados e ofereceu uma Liga ao FC Porto.

Para além dos suores frios com a lembrança de Kelvin, o golo de Lisandro recordou também um empate muito saboroso para as águias, esse conseguido há duas épocas mas em Alvalade e também apontado… por outro central, neste caso Jardel. Um empate que valeria um título como também poderá ser o caso deste, muito embora faltem discutir-se 24 jornadas, e conseguido por um jogador que desempenhou uma das mais difíceis tarefas que se poderiam pedir num desafio de tamanha exigência, o de entrar praticamente a «frio» para render o capitão Luisão.

A ligação umbilical do experiente brasileiro à moralização da equipa vinha remetendo Licha ao banco de suplentes até que, chamado ao serviço em pleno Dragão, foi determinante não apenas para si próprio em termos pessoais, pois terá recuperado a titularidade nas próximas semanas, como para manter as distâncias entre a sua equipa e o adversário como também voltar a causar frustração junto deste já que o FC Porto conseguiu uma proeza não antes vista esta época em Portugal, contrariar a força ofensiva do Benfica, mas no fim continua a somar insucessos nos momentos mais importantes.

Tento do central argentino foi rude golpe para o FC Porto que luta contra o tempo

Já no final da época passada, o dragão deixou escapar mais uma oportunidade para voltar a conquistar um título ao ser vencido pelo Sporting de Braga. Neste Domingo, o acerto de Lisandro foi mais um «soco no estômago» dos azuis-e-brancos que desde há algum tempo concluíram ser necessário mudar de rumo sob pena de poder ser tarde de mais.

Poderá ser essa a máxima a aplicar a esta Liga que é para já controlada pelo Benfica, e muito se deve ao instinto deste central com nome de goleador (atente-se ao atacante homónimo que tanto brilhou… pelo FC Porto) e uma estreita ligação com o golo também.