É uma vez mais lamentável, que na véspera da quinta jornada da Liga NOS, tenha surgido mais um triste episódio no caricato e amador futebol lusitano. Durante a madrugada desta quinta-feira, o prédio onde reside o árbitro Vasco Santos foi vandalizado, tratando-se metaforicamente de mais um remate ao lado rumo ao aperfeiçoamento do desporto rei luso. 

A verdade é que actualmente o número de queixas e processos são manifestamente superiores  ao número de golos marcados... Enquanto se discutem e-mails, cigarros electrónicos, insultos ou agressões, é lamentável perceber que esta temporada será a última que contará com os 3 grandes na fase de grupos da Liga dos Campeões... isto sim representa um motivo válido para abrir um processo disciplinar à estratégia dos clubes.  

É o prestígio do futebol português que tem vindo a receber sucessivos cartões vermelhos, sem que ninguém entenda que só respeitando a bola é que se alcançam objectivos. O video árbitro por exemplo deveria ser encarado como um novo jogador que chega a um clube, que necessita de tempo para se adaptar e tempo para evoluir. Em vez disso, a opinião pública legitimada pelos clubes, prefere entrar a pé juntos e condenar o video árbitro ao mínimo sinal de dúvida relativamente a um lance. Os directores de comunicação têm todo o direito de expressar opiniões e levantar questões que favoreçam a verdade desportiva, mas será assim tão difícil dar relevância ao futebol jogado por quem sabe? 

Até agora foram já disputadas 4 jornadas do campeonato, com Sporting, Benfica e Porto em alta, com goleadas, nota artística e poucos golos sofridos. O Rio Ave e o Feirense, estão igualmente invictos e a nivelar o jogo em Portugal. Sinais positivos que infelizmente são incompreensivelmente abafados pelos e-mails, as transferências falhadas, os insultos sem fundamento ou as rivalidades extremadas. Os hábitos já são antigos mas acontece que hoje em dia existe o fenómeno de rematar não uma bola mas sim a tecla ou o ecrã. 

As redes sociais acentuaram o paradigma dos clubes, que quase sempre se reflete em queixas de arbitragem. Nem o som do apito dourado captou a atenção de quem dirige os clubes em Portugal. A surdez é generalizada e tudo é válido na hora de correr até ao Conselho de Disciplina. 

Já é hora de fazer um minuto de silêncio em homenagem à essência do que é o futebol. De seguida, os clubes deveriam equipar a honestidade, dar o pontapé de saída para a mudança e dar valor  às fintas, aos cortes, aos passes e aos golos dentro do terreno de jogo. 

É tempo de voltar a recolocar a Liga portuguesa no topo e dar espaço aos intervenientes para oferecer aos adeptos golos e alegrias.