O fecho do mercado definiu os planteis e levou Rui Vitória, Sérgio Conceição e Jorge Jesus a delinearem em definitivo quais as tácticas a adoptar pelo menos até Janeiro. 

Benfica: Ederson e  Lindelof deixam saudades tácticas

O arranque de temporada do Benfica tem sido semelhante às anteriores mas existe até agora uma diferença estratégica substancial. A qualidade de Varela e Lisandro não estão em causa, mas a dinâmica que Ederson e Lindelof ofereciam à primeira fase de construção das águias já deixa saudades. Com estes dois jogadores, Rui Vitória delineava o futebol ofensivo benfiquista desde trás ou com as reposições rápidas e soberbas de Ederson ou com a qualidade incrível do central sueco para sair a jogar desde trás. Estes dois factores tácticos libertavam a equipa, soltavam os médios e permitiam com que Pizzi pudesse desequilibrar os adversários para os extremos e dianteiros terem liberdade para finalizar.

Nas 5 jornadas anteriores da Liga é visível que com Luisão, Jardel ou Lisandro, os médios são obrigados a procurar bola mais atrás, faltando claramente um central que saia a jogar com critério e que leve as linhas da equipa da Luz a subir. A saída de Nélson Semedo foi obviamente um duro golpe na manobra ofensiva de Rui Vitória, uma vez que André Almeida não tem características atacantes, mas garante maior consistência defensiva à lateral direita.

Sem Mitroglou as águias perderam uma referência fisicamente única, uma vez que Jimenéz e Seferovic têm tendência a sair facilmente da área para procurar jogo nas alas ou no centro. A qualidade de Jonas, Gabriel, Jimenéz e Seferovic é inegável e permite a Vitória uma vantagem táctica na forma imprevisível com que trocam de posições mas em jogos de maior dificuldade a presença firme de Mitroglou na área poderá fazer falta.

Nas alas o talento é novamente enorme mas é fundamental que Vitória contorne as lacunas na construção de jogo para que Cervi, Salvio, Zivknvic ou Rafa possam brilhar pelos flancos.

Em suma e ao analisar a vitória suada diante o Portimonense, é notório que o Benfica parece ter perdido velocidade e critério a sair para o ataque, tornando os movimentos mais previsíveis. Quando Fejsa regressar a consistência de jogo será outra e a liberdade que Pizzi terá, irá disfarçar algumas debilidades na construção de jogo. 

Porto: Oliver é a chave que abriu o dragão

O mercado na invicta foi calmo mas as alterações no xadrez é muito evidente. Na defesa, o novo técnico Sérgio Conceição manteve de forma inteligente a consistência construída por Espírito Santo mas melhorou drasticamente a manobra ofensiva da equipa. O Porto soma 5 vitórias na Liga e marcou 12 golos, sem ter sofrido qualquer golo.

A mudança fundamental está no posicionamento de Oliver a 8. Com o conforto de ter Danilo a 6, o espanhol é o box to box da equipa e é o pilar que garante que as saídas da defesa para o ataque são feitas com critério a conduzir o esférico ou a servir os extremos Brahimi e Corona e os dianteiros Marega, Aboubakar ou Soares.

Hoje em dia, o Porto chega ao ponto de contar com 5 ou 6 unidades na área adversária, uma estratégia incrivelmente mais ofensiva do que na época anterior. A verdade é que falta perceber se esta consistência defensiva aliada à avalanche ofensiva se irá manter, quando o dragão enfrentar equipas que pressionem alto e dificultem a construção de jogo.

Frente ao Chaves, os portistas foram felizes em alguns momentos principalmente quando o pulmão de Oliver vacilou na luta a meio campo. Conjugar este plantel curto em 4 frentes não será fácil para Conceição e fica apenas uma dúvida, será que a intensidade de jogo do Porto se irá manter com jogos de 3 em 3 dias? Até ao momento tem sido o melhor dos 3 grandes.

Sporting: Adrien e Bruno Fernandes não são fotocópias tácticas...

O novo leão alterou várias peças e até agora mantém uma série 100 por cento vitoriosa. No entanto, está longe de garantir o rigor que Jesus pretende.

Na defesa Mathieu tem sido uma agradável surpresa no jogo aéreo e na consistência mas tem sido verdadeiramente importante na condução de bola para o ataque. No miolo reside a maior incógnita. Ao analisar a melhor exibição do leão diante o Vitória SC é fácil observar que Battaglia a 6, Adrien a 8 e Bruno F. A 10  não deram qualquer chance ao Guimarães. A intensidade de Battaglia a preencher o espaço do meio campo defensivo deu liberdade a Adrien, que se entendeu na perfeição com Bruno. Acontece que Adrien saiu e obrigou Jesus a reformular o miolo.

Com a permanência de William, o técnico ofereceu a posição 6 ao luso e passou Battaglia para 8, uma posição que o argentino cumpre com rigor defensivo e transporte de bola. Na partida diante o Feirense a lesão de Piccini levou Jesus a colocar Battaglia a lateral e a passar Bruno F. para 8. A jogar fora e frente a uma equipa compacta, foi visível que o jovem não tem ainda a consistência exigida a um box to box de um candidato ao título. A melhor fórmula é jogar com William, Battaglia e Bruno mas quando se alterar este cenário, o Sporting será mais vulnerável?

Até agora o registo do leão é quase perfeito mas não será fácil colmatar a diversidade de aptidões tácticas que Adrien oferecia. De referir ainda que Acuña tem sido um reforço de peso com uma resistência impressionante a subir e a descer pela esquerda, um factor que é claramente uma mais valia comparativamente à época passada.