Com o arrancar da nova temporada, cedo se percebeu que a política de reforço do plantel do FC Porto passaria, na sua esmagadora maioria, pelo aproveitamento dos jogadores que regressavam ao clube após empréstimo. Dessa longa lista, Ricardo Pereira tem sido daqueles que melhor tem sabido aproveitar a oportunidade dada por Sérgio Conceição.

Curiosamente, a lateral direita seria aquela onde, teoricamente, um jogador regressado teria maior dificuldade em conquistar espaço, isto devido às presenças de Maxi Pereira e Miguel Layún. Contudo, a verdade é que os dois anos de empréstimo ao Nice providenciaram um desenvolvimento substancial do jovem dragão. Um extremo de raiz, Ricardo Pereira ganhou em França as rotinas, intensidade e crescimento táctico necessários para um bom lateral.

Quem o seguiu no campeonato francês, especialmente na última época, não pode ficar surpreendido com a qualidade demonstrada pelo 21 azul-e-branco. Perante concorrência de peso, Ricardo Pereira ganhou a titularidade no onze dos dragões, tendo alinhado em nove dos últimos onze jogos, sempre como titular, e cumprindo os 90 minutos.

O lateral parece ser um jogador que encaixa na perfeição no estilo de jogo de Sérgio Conceição: intensidade, disponibilidade física e capacidade técnica, associada a uma desenvolta cultura táctica, características obrigatórias para o jogo de ritmo elevado que o técnico portista gosta de colocar em campo. Trata-se pois de um lateral completo, rigoroso a defender e com forte pendor ofensivo, ideal para criar desiquilíbrios no corredor, ou, como se viu diante do Paços de Ferreira, através de diagonais em direcção à área.

Depois de quatro anos "à deriva" no FC Porto, alternando entre plantel principal e equipa B, Ricardo Pereira arriscava-se a ser mais uma promessa adiada; em boa hora os responsáveis portistas decidiram emprestar o jovem lateral para que pudesse desenvolver todo o seu potencial. Dois anos volvidos, Ricardo é hoje titular dos azuis-e-brancos, já com duas internacionalizações AA e com todas as condições para ser uma das revelações do nosso campeonato.

Quanto à selecção, a concorrência é muita, e de peso (Cédric Soares, Nélson Semedo, João Cancelo), mas desde quando é concorrência é problema para o jovem dragão?