Cinco jogos oficiais, cinco derrotas – três partidas a contar para a Liga Zon Sagres, zero golos marcados: este é o registo da equipa pacense, liderada pelo novato treinador Costinha. Se o fraco desempenho na pré-eliminatória da Liga dos Campeões facilmente se compreende, devido à colossal diferença entre os russos (um Zenit milionário e habituado às andanças internacionais) e a formação do Paços de Ferreira, (equipa modesta que pela primeira vez disputou um acesso relativo à fase de grupos da liga dos milhões) já o arranque de campeonato, apesar de sinuoso devido ao sorteio, reflecte uma equipa impreparada para reincidir no sucesso.

Depois do inesquecível terceiro lugar obtido na época passada, com Paulo Fonseca ao leme, os «castores» carregam às costas a responsabilidade de voltar a mostrar brilhantismo, e, na verdade, tal incumbência é tão somente um presente envenenado que, tanto adeptos como direcção devem rejeitar – o Paços é uma boa equipa, munida de bons executantes (como Vitor, Manuel José, Hurtado ou André Leão) mas não tem nem terá, num futuro próximo, estrutura para que a ela lhe seja imputada a exigência da vitória contínua.

Neste domingo (01), depois da derrota expectável perante um Porto forte e embalado pela hipótese de se isolar na tabela, o Paços somou a sua terceira derrota sem ter marcado qualquer golo, assim como acontecera frente ao Olhanense (derrota por 1 a 0) e Sp. Braga (derrota caseira por 0 a 2). A equipa de Costinha é equilibrada, tem qualidade no meio-campo e apresenta uma circulação de bola segura e estável, mas escasseiam jogadores talentosos que consigam desequilibrar: Josué, o maestro da época passada, foi para o FC Porto, e com ele, muita da visão de jogo se apagou; Luiz Carlos, médio que rumou a Braga, levou consigo o resto de um centro do terreno que respirava mais confiança na hora de segurar as pontas. Ao leme, de Fonseca para Costinha, pouco se alterou na orgânica da equipa, mas terá Costinha a aptidão imediata para substituir à altura Paulo Fonseca, profundo conhecedor de um Paços que ajudou a crescer? Só o futuro o dirá, com o acumular de jogos e o consequente lugar na liga.

Para já resta um arranque atrapalhado, pouco concretizador e acossado pela responsabilidade, perigosa, de viver para cumprir as expectativas de equipa surpresa, criadas na época passada. O Paços deve permanecer calmo, jogar a seu ritmo a dança do campeonato e não cair na tentação de julgar jogadores e direcção técnica pelo imediatismo dos resultados. Sob pena de se afundarem na ilusão de terem de correr atrás de uma realidade que não é a sua.