Jesualdo Ferreira, o técnico bracarense, caracterizou o mau período do Braga como a «semana negra»: de facto, depois da surpreendente eliminação das competições europeias pela mão dos romenos do Pandurii, o Braga fechou a semana da pior maneira possível – uma derrota para a Liga Zon Sagres, num jogo onde o advérsario passou quarenta minutos com nove jogadores. Depois das expulsões de Danielson e de Halisson, aos 53 minutos e aos 57 minutos, respectivamente, o Braga viu o Gil Vicente adiantar-se no marcador, com um cabeceamento certeiro de Luan, a cruzamento de César Peixoto. O golo solitário de Luan, aos 67 minutos, ditou a derrota incrível de um Braga perdulário e nervoso, e nem as entradas do ponta-de-lança Éder, do rápido Salvador Agra e do criativo Rúben Micael foram capazes de alterar o rumo dos acontecimentos no Estádio Cidade de Barcelos.

«Até às expulsões, o Braga foi forte mas continuámos a falhar golos, como falhámos na Liga Europa e chegámos ao momento em que ninguém acredita que a bola vai entrar», afirmou Jesualdo. Apesar do total domínio do encontro, a equipa do Braga ressentiu-se do jogo de má memória frente ao Pandurii, e, à medida que falhava as oportunidades que construía, via crescer dentro de si uma incerteza e um nervosismo que foram, lentamente, minando a confiança da equipa. Apesar do pendor ofensivo com que terminou o encontro (jogando com Éder descaído para a esquerda, Rafa na direita e Edinho no centro) os guerreiros do Minho encontraram no guarda-redes brasileiro Adriano um obstáculo intransponível que defendeu tudo o que havia para defender – não fosse o guardião do Gil Vicente o melhor jogador da partida.

As expulsões de Danielson (duplo amarelo) e de Halisson (vermelho directo por falta sobre Pardo, que se isolava frente a Adriano) tiveram o condão de encorajar o Gil Vicente ao mesmo tempo que colocaram a nu as fragilidades psicológicas da formação liderada por Jesualdo Ferreira, que encontra na falta de maturidade a explicação para a derrota: «Faltou-nos maturidade, com mais maturidade tínhamos ganho. Fomos penalizados por nossa responsabilidade e falta de eficácia».

Depois do descalabro, a equipa foi recebida em Braga com os apupos de cerca de cem adeptos, descontentes com o mau momento vivido pela equipa. A paragem no campeonato vem na altura certa para os de Braga, que terão um interregno para arrumar as ideias e redefinirem estratégias para atacar uma época que, embora sem competições internacionais, está longe de estar perdida. Com um plantel talentoso à disposição, a pressão é alta, mas avizinha-se uma temporada dura de roer: um desafio à altura da experiência de Jesualdo.