Ambiente vivo nas bancadas do Gilette Stadium, em Foxborough, nos Estados Unidos, para assistir a um grande jogo de futebol entre duas das selecções mais talentosas do planeta: Brasil contra Portugal, a armada lusitana face ao escrete canarinho, liderado por Luiz Felipe Scolari, antigo timoneiro da selecção de Portugal que levou a turma das quinas à sua primeira final, em 2004. Apesar de amistoso, este nunca seria um jogo brando – perante o mundo, todos as equipas prestigiadas têm uma reputação a preservar. E assim foi: o Brasil entrou forte mas Portugal marcou primeiro, fruto de um erro tremendo de Maicon, que, ao atrasar a bola para o seu guarda-redes, ofereceu o golo a Raúl Meireles, que antes já avisara Júlio César, com um potente cabeceamento ao ferro. Minuto 18, Portugal no comando.

Depois veio o «show» Neymar, sem antes se ter assistiado à imponente elevação de Thiago Silva entre a defesa portuguesa – cabeçada certeira para o empate, decorria o minuto 24. Depois da assistência para o central do Paris Saint-German, Neymar abriu o livro e, com o samba nos pés, desatou o nó da igualdade com uma jogada furtiva em que furou bailando pelo meio-campo e pela defesa de Portugal, sem oposição à altura: remate colocado para finalizar a um alegre ritmo de quem acabara de soltar uma traquinice. A segunda parte foi completamente diferente da primeira. Jô encostou a passe rasteiro de Maxwell (3-1) mas o ritmo foi mais lento, a toada mais cautelosa, com o Brasil a controlar a posse de bola e Portugal apático e impotente para contrariar o domínio canarinho.

A perder, Paulo Bento tentou dar mais ânimo ao meio-campo nacional mas nem Rúben Amorim nem Licá conseguiram acrescentar qualidade à construção de jogo, que era sustida pela entreajuda de Luiz Gustavo, Paulinho e Ramires. A entrada de Henrique veio fortalecer o controlo posicional do Brasil, numa altura em que o jogo estava resolvido – Nani esteve em baixo de forma, Moutinho não teve o espaço nem a inspiração para abraçar o centro do terreno como gosta, e Nélson Oliveira foi condenado a uma luta desigual frente aos centrais brasileiros.

Do lado oposto, o renascido Maicon esteve periclitante, falhando demasiados cortes, enquanto Paulinho esteve sempre no sítio certo, secundado por Luiz Gustavo e pela polivalência de Ramires. Já Neymar roubou o espectáculo só para si: a plateia rendeu-se ao novo jogador do Barcelona. Cristiano Ronaldo, lesionado, terá de esperar para poder enfrentar o promissor talento brasileiro, quem sabe numa equilibrada e excitante eliminatória do Mundial 2014, que está aí à porta. Como afirmou Scolari depois do encontro, «Comprava já uma final Portugal-Brasil no Mundial-2014», em alusão à ligação especial a Portugal e às recordações que deixou no balneário da selecção das quinas.

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