A primeira jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões viu o Benfica adiantar-se na frente do grupo C, a par dos milionários do Paris Saint-German. Os encarnados venceram na Luz os belgas do Anderlecht por 2-0 e começaram da melhor forma o percurso internacional na mais desejada competição de clubes. À semelhança do jogo contra o Paços de Ferreira, a equipa de Jorge Jesus entrou a todo o gás, inaugurando a contagem logo ao quarto minuto da partida. Sem tirar o pé do acelerador, a equipa da casa fustigou o Anderlecht até cravar outro prego, o segundo, no caixão da equipa orientada por John van den Brom. Com um ritmo impetuoso e uma propensão fervorosa para atacar, o Benfica empolgou os adeptos e poderia ter transformado a boa exibição num resultado mais expressivo, mas Cardozo esteve perdulário na cara do guardião Proto. Na melhor exibição da época até ao presente, Jesus viu o seu Benfica arrancar forte, agressivo e combativo – Fejsa e Matic no centro do terreno foram o motor sérvio que impulsionou a equipa para um resultado seguro e um domínio territorial bem mais acentuado que o habitual.

Outra vez o minuto 4

Quarto minuto de jogo – novo momento de felicidade na Luz. Uma explosão de alegria aquando do toque de ressaca de Djuricic na sequência de um remate de Enzo Pérez: Proto mal batido e a Luz, de pé, aplaudia o primeiro golo no mesmo minuto em que aplaudira, três dias antes, o tento de Enzo, que havia iniciado a marcha do marcador frente ao Paços de Ferreira. Daí até ao segundo golo encarnado foram 26 minutos de aceleração e empolgamento, até ao golaço de Luisão – o capitão acariciou a bola no peito para depois, sem a deixar cair, desferir um indefensável remate que colocou o Benfica a liderar por dois de avanço. O jogo continuou a ser controlado pela formação da casa, com constantes mudanças de velocidade dos seus extremos, subidas dos laterais e uma incansável apetência para pressionar o meio campo belga, que na primeira parte poucas oportunidades teve para calcular o seu futebol. Garay esteve muito concentrado, Siqueira mostrou ser um lateral competente e o jovem André Almeida deu o equilibrio que há muito faltava ao flanco direito encarnado: a ausência de Maxi não foi, de longe, notada.

Com Fejsa à porta acendeu-se a Luz

Fejsa foi, sem margem para pontos de interrogação, o homem da partida. Das bancadas, o tom de surpresa e de confirmação surgiam em uníssono, e, de facto, o sérvio vindo do Olympiakos surpreendia no exacto momento em que corroborava o seu talento para desempenhar o papel de médio defensivo: fez um jogo de encher o olho e esteve intransponível, cobrindo cada centímetro do campo como se fosse um estafeta omnipresente. Agressivo, rápido na leitura defensiva e inteligente no posicionamento, Fejsa roubou várias jogadas ao advérsário, jogou na antecipação e na dividida e demonstrou boa aptidão para jogar fora da confusão: o médio defensivo ideal para Jesus colocar no vértice mais recuado do seu meio-campo? Muito provavelmente sim. Mas enquanto o triângulo próprio de um 4-3-3 ou de um 4-2-3-1 não chega, Fejsa será a companhia ideal para dividir o centro do relvado com o compatriota Matic. Juntos, foram todo o motor sérvio, carburado a altas rotações. «Fejsa e Matic vão formar uma dupla perfeita», afirmou Jesus depois do jogo. É caso para dizer que Fejsa entrou e a Luz foi outra. Tem sido outra, desde que o sérvio agarrou a titularidade.