O Benfica viajou até Guimarães para um embate habitualmente árduo frente ao Vitória Sport Clube, que há poucos meses bateu os encarnados na final da Taça de Portugal, virando do avesso um resultado positivo para a turma da Luz, transformado-o em poucos minutos numa derrota por 2-1. Motivados pelo revigorante elixir das goleadas (o Vitória de Guimarães açoitou, na Quinta, os croatas do Rijeka por 4-0) os pupilos de Rui Vitória entraram bem na partida e cobriram todos os caminhos para a baliza de Douglas, fazendo sobrar poucos ou nenhuns espaços para as diabruras de Markovic, na esquerda, e para a visão construtiva de Enzo, na direita. No centro do relvado digladiavam-se, frenética e intensamente, a dupla sérvia do Benfica e o triângulo vimaranense: Fejsa e Matic contra André, Leonel Olímpio e André Santos. Mais à frente, como invasores à porta do fortemente vigiado castelo, Markovic, Enzo, Djuricic e Cardozo tentavam, timidamente, arrombar a defesa dos locais, sem sucesso ou sombra de hipótese – por uma vez Siqueira subiu, como uma flecha perdida, à área dos da casa, mas Douglas sacudiu exemplarmente o remate do lateral esquerdo encarnado. E de Benfica houve, findos os primeiros 45 minutos, pouco mais que isso. Do lado dos vitorianos poucas foram também as chances de golo, mas partiu do pé de André Santos uma das mais vistas oportunidades: remate potente e enganador, ao qual Artur se opôs com reflexos de autêntico felino.

Cardozo decidiu entre os escombros

Com a segunda parte veio a expulsão de Addy e o golo solitário de Cardozo, que fez o gosto ao pé pela primeira vez esta época, num lance caricato onde a bola tabela ainda no corpo de Marco Matias antes de beijar lentamente as redes, traindo dessa forma o guardião brasileiro Douglas. Sem saber bem como nem porquê, o Benfica via-se a ganhar o castelo aos invadidos, com um golo sortudo do retornado Cardozo, que decidiu a contenda ainda que a meias com o atabalhoamento da muralha vimaranense. Jogando com mais uma unidade em campo, os encarnados não conseguiram dominar completamente o meio-campo mas lograram em manter a zeros o portentoso avançado Maazou, que sempre ameaçou a dupla Garay-Luisão, novamente imbatível, depois de não ter sofrido golos frente aos belgas do Anderlecht. O golo de Cardozo, surgido na confusão dos escombros de uma invasão pouco conseguida, num mar indefinido de jogadores e carambolas (o lance do golo é confuso e só na repetição se indentifica o autor do tento) dá alento na perseguição aos primeiros classificados e mantém viva a hipótese de alcançar, a curto prazo, o líder FC Porto na tabela.Com o resultado de 0-1 o Benfica traz para Lisboa três pontos na bagagem, saindo do castelo vimaranense com uma vitória que permite galgar dois pontos de atraso em relação a Sporting e a FC Porto, ambos empatas, frente a Rio Ave e Estoril, respectivamente. As águias situam-se agora no quarto lugar da Liga Zon Sagres, a um ponto do Sporting, a dois do Braga e a três do campeão Porto.

Os penetras, Jesus e a polícia

Depois do apito final, alguns adeptos irromperam pelo relvado do estádio D. Afonso Henriques, prontamente placados pelas forças de segurança. Jorge Jesus não gostou da abordagem dos agentes policiais, e de súbito se acercou destes, tentando libertar os adeptos «penetras» das mãos da autoridade – entre palmadas e gestos abruptos, sacudidelas, gritos e empurrões, tudo se serenou, mas o treinador encarnado deverá enfrentar sanções desportivas por ter reagido de modo desordeiro à intervenção da polícia.