Costinha pode respirar de alívio e de orgulho: apesar da péssima classificação e do arranque paupérrimo, a sua equipa deu, mais uma vez, uma boa resposta às adversidades e demonstrou claramente que ainda está com o seu comandante, que até à bem pouco tempo esteve à beira de tombar, rumo ao despedimento. Costinha não perdeu a confiança dos jogadores e com isso ganhou, nas duas últimas jornadas, quatro pontos que, apesar de valerem pouco, vão, ainda assim, segurando o treinador ao assento do comando técnico do Paços de Ferreira.

A situação do clube não é sequer razoável (encontra-se a dividir o último lugar com o Belenenses) mas parecem existir sinais que evidenciam, ainda que timidamente, uma revitalização pacense. Depois de ter renascido, em inferioridade numérica, contra o Setúbal, o Paços deslocou-se ao complicado reduto do Marítimo e trouxe dos Barreiros uma vitória suada, a primeira da temporada, e logo com quatro golos. Longe de ser uma equipa segura e controladora, este Paços esforçado debate-se com a desconfiança que reina entre os seus, mas os dois últimos resultados amenizaram a contestação e podem ser uma esponja sobre o recente passado: terá Costinha oportunidade para começar de novo? Terão estes quatros pontos nos dois últimos jogos dado ao Paços uma bolsa de ar que lhe permita acalmar as hostilidades e fazer as pazes com os adeptos?

Caetano e Bebé foram a alma do jogo no dia de D de Derley

Foram os Verde-rubros a abrir a chuva de golos nos Barreiros, logo aos quatro minutos, por Derley, repetindo o Paços a má entrada que tivera frente aos sadinos, uma semana atrás. Mas o grosso dos golos viria depois, na segunda parte, e logo aos 49 minutos Caetano empatou o duelo, mostrando que poderá ser uma peça fulcral no onze de Costinha, pelo atrevimento atacante e pela rapidez que imprime ao jogo pacense. O jogo ganhou contornos frenéticos quando, apenas um minuto depois, o mesmo Derley voltava a insistir no golo, fazendo o 2-1 para o Marítimo e expondo as inseguranças defensivas dos «castores». Mas se frenético estava a jogo, de loucos ficou no instante seguinte - e o instante seguinte foram sessenta segundos mais tarde. O outro extremo virtuoso do Paços, Bebé, empatou a partida e voltou a alimentar a alma pacense, confirmando a boa forma que atravessa e deixando claro, no relvado, que a dupla irreverente Caetano/ Bebé pode ser um motor de dinamismo que poderá ser a origem de muitos golos futuros. Para a história do jogo fica o marcador de serviço, Derley, brasileiro de 25 anos que já leva no saco seis golos para a Liga Zon Sagres, estando somente a um do já consagrado Fredy Montero.

O dia em que Rossi deu para os dois lados

Aos 62 minutos do embate, a terceira tentativa maritimista de ganhar o jogo partiu do defesa Igor Rossi, que fez a diferença recolocando a sua equipa pela terceira vez em vantagem. Mas o Paços, teimoso pela mesma medida, restaurou a igualdade e reacendeu o tira-teimas, logo sete minutos depois, por intermédio do português Manuel José, que cada vez que entra em campo dá nova vida aos amarelos da Mata Real. E do empate a três saltou-se para o quarto e último golo, a vitória por fim, finalmente pacense: Rossi, que minutos antes tinha desfeito pela terceira vez o tira-teimas, voltou a desfazê-lo de novo, agora de vez, mas a favor do oponente. Auto-golo infeliz do central, marcado aos 89 minutos - estocada final e imprevisível no encontro, primeiros três pontos do Paços e nova derrota maritimista. Rossi deu para depois tirar, ao cair do pano. Saíram a ganhar os visitantes com o azar de Rossi. Costinha suspira de alívio. Quinta-feira haver-se-á com os romenos do Pandurii, «underdogs» que eliminaram o Braga da Europa.

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