Para os imigrantes portugueses que se deslocaram ao Parque dos Príncipes, a noite foi de descalabro total: três golos parisienses sem resposta, partida arrumada em meia hora, demasiada classe e pragmatismo para a tímida equipa encarnada sustentar. O Paris Saint-Germain entrou mortal, marcando o primeiro golo com uma eficácia assustadora – e susto foi, de facto, a única reacção que o Benfica demonstrou. Passados apenas cinco minutos, a formação de Jorge Jesus estava desorientada, amedrontada pelo poderio da milionária equipa de Paris.

Sem conseguir organizar o seu próprio meio-campo e sem conseguir dominar o trabalhador tridente central do adversário (Motta, Matuidi e Verratti) o Benfica limitou-se a recear o adversário, que não descansou enquanto não colocou os encarnados fora de combate: aos 25 minutos Marquinhos fez o segundo golo, depois de um delicioso toque de calcanhar de Ibrahimovic e de um passe à meia-volta de Verratti, que assistiu Matuidi para o remate. Na recarga, o central brasileiro confirmou. Aos 30 minutos, Ibrahimovic bisou após canto de Motta, e sentenciou o jogo com uma tranquilidade de quem soube, a cada instante da partida, que estava a disputar um duelo sem disputa possível.

Uma exibição ainda pior que o resultado

Seria possível aliar a um mau resultado uma exibição ainda pior? A resposta é afirmativa. O Benfica foi dominado durante 90 minutos e, apesar de ter sucumbido por três golos sem resposta, conseguiu envergonhar os adeptos mais pela forma de jogar do que pelo pesado marcador final. Sem atitude, encolhidos no medo e trémulos na hora de avançar no terreno, os encarnados nunca conseguiram colocar verdadeiramente à prova Sirigu. Matic preso em intermitências tácticas, Enzo sem profundidade no flanco, Cardozo inerte e Gaitán inconsequente – esta é a mais fiel descrição da falta de dinâmica do meio-campo das águias, que perdeu o seu médio mais recuado, Fejsa, por lesão, ainda a partida ia na sua primeira meia hora. Suaves na marcação, desatentos na cobertura dos espaços livres e descoordenados na saída para o ataque, os benfiquistas foram macios em demasia contra um meio-campo pujante (Matuidi), raçudo (Motta) e criativo (Verratti) que apoiava a linha ofensiva, composta por Cavani, Lavezzi e o inevitável Ibrahimovic, que sempre que podia descia no relvado para desequilibrar no meio-campo, abrindo rupturas nos eixos benfiquistas.

A mendigar no Parque dos Príncipes

Jesus apostou num 4-2-3-1 com Matic e Fejsa na contenção, Enzo, Gaitán e Djuricic no apoio a Cardozo; mas, como sempre, tal táctica não passou do papel pois na prática, este Benfica acomoda-se automaticamente a um 4-2-4 onde Djuricic pisa terrenos próprios de um segundo avançado, jogando longe da linha central recuada, distante de Matic e Fejsa. Resultado? Um Benfica desligado, em inferioridade no meio-campo e sem posse de bola. Nem Enzo, colado à linha lateral, conseguiu, através de movimentações interiores, dar mais fôlego ao miolo encarnado. Assim descompensado, o Benfica sujeitou a sua defesa aos ataques rápidos dos hábeis atacantes do PSG quando a solução passaria por uma pressão adequada à saída de bola dos franceses e um meio-campo compacto para competir com os três operadores de jogo da formação da casa. Durante os penosos 90 minutos, o Benfica desiludiu os seus fãs e deixou a sensação de ter passado hora e meia a mendigar no Parque dos Príncipes. Demasiadamente pobre para ser verdade. Jogando assim, poucas serão as chances de aspirar ao apuramento para a fase seguinte da prova.