Finalmente, depois de muitos avanços e recuos, a profissionalização da arbitragem será mesmo uma realidade no futebol português. Bandeira eleitoral e promessa repetida de Fernando Gomes, dirigente máximo da Federação Portuguesa de Futebol, a profissionalização deverá avançar já em Novembro, depois de concluído um estudo confiado à Deloitte sobre a sustentabilidade e exequibilidade da introdução, gradual, de árbitros profissionais nas ligas profissionais de futebol.

O processo visa a fixação de um salário invariável (entre 2500 euros a 4.000 euros mensais, a definir) para os ábitros, que poderão agora arbitrar um jogo por semana (entre a primeira liga e a secundária) e terão a obrigatoriedade de, às Terças e Quartas, frequentar os centros de estágios para treinarem a sua condição física, a interpretação das leis do jogo e apurarem a análise técnica das equipas e dos jogadores que vão ajuizar no fim-de-semana seguinte. 

A introdução deste sistema será progressiva e começará somente por um número restrito de árbitros, alargando-se, ano a ano, a todos os árbitros. A idade da reforma, que estava situada nos 45 anos, subirá para os 50 anos e será abandonado o método das promoções e despromoções pois, no futuro, existirão duas formas de cessamento da actividade: por reforma ou por despedimento, em caso de incumprimento dos padrões mínimos de qualidade requerida.

Segundo o estudo da empresa Deloitte, as categorias profissionais deverão ser divididas entre árbitros (que poderão ser de elite), assistentes (também com possibilidade de sub-categoria de elite) e observadores, que deverão ser trinta, aproximadamente. Os custos desta alteração, que subirão os gastos da Federação Portuguesa de Futebol e da Liga para os 11,65 milhões de euros (aumento de pouco mais de um milhão de euros no orçamento) com a arbitragem, continuam a ser o tema mais controverso e de resolução ainda por definir: quem suportará o aumento?

Jorge Coroado critica o novo modelo 

Hoje, em declarações à CM TV, o antigo árbitro Jorge Coroado, deixou claro o seu parecer negativo a este novo processo de profissionalização: «(...) o dinheiro dá relevo e é capaz de dar alguma simpatia, mas não dará uma certa competência a quem não a tem», atirou Coroado, apontando falhas estruturais que a profissionalização, por si só, não resolverá: «Num edifício estruturalmente deficiente, desequilibrado e até deficitário como é o futebol, estar-se a encontrar um nicho que vai onerar ainda mais esse edifício, só revela falta de noção (...)», concretiza o antigo árbitro, que deixou um reparo construtivo: «Para mim teria razão de ser caso se abrisse a captação da arbitragem a jogadores profissionais em final de carreira (...)».