Após a vitória em Viena e a derrota caseira frente ao Atlético de Madrid, o FC Porto regressou à Liga dos Campeões para defrontar o Zenit. O adversário russo apresentou-se no Dragão com o ídolo portista, Hulk, e os portugueses Neto e Danny no onze titular. Com o Atlético de Madrid em grande no primeiro lugar, a partida revestia-se de enorme importância para as duas partes. Uma vitória portista permitiria chegar aos 6 pontos e deixar os russos com apenas um, longe do segundo lugar de acesso aos oitavos de final.

Surpresa desagradável

Paulo Fonseca preparou duas surpresas: Herrera e Licá. O mexicano apenas tinha feito 11minutos na Champions e estreou-se a titular depois de não ter sido chamado para o confronto com o Trofense. Depois da boa semana de Silvestre Varela, com golos pela selecção e de azul e branco na Taça de Portugal, a titularidade de Licá acabou por surpreender.

O Zenit ao estilo italiano do seu treinador, entrou em campo privilegiando a segurança defensiva e explorando a velocidade de Hulk e Danny. Aos quatro minutos, num desses lances o "Incrível" fugiu a Herrera que não teve alternativa senão recorrer à falta. O italiano Paulo Tagliavento não perdoou o mexicano e exibiu-lhe o cartão amarelo.

Dois minutos volvidos, os mesmos protagonistas: Hulk bate um livre, Herrera, ingenuamente, sai mais cedo da barreira e Tagliavento, rigoroso, não perdoa e mostra o segundo amarelo e consequente vermelho ao médio azul e branco. Um grande balde de água fria nas aspirações portistas.

Paulo Fonseca mandou imediatamente aquecer Defour, mas acabou por resistir à entrada do belga. Afinal havia Fernando, e o brasileiro tratou de jogar por dois. Com um pulmão incansável encheu o campo e fechou as portas da área portista. Josué sacrificou-se na batalha a meio campo e Licá sem grande arte, guerreava no apoio ao solitário Jackson.

Apesar da agressividade constante e da pressão parte a parte, o FC Porto equilibrou o jogo e não permitiu grandes veleidades ao Zenit.  A primeira etapa terminou muito disputada mas apenas com uma grande oportunidade de golo. Curiosamente para o FC Porto. O acutilante Alex Sandro arrancou pela esquerda e descobriu Lucho que à entrada da área desferiu um tiro mortal só travado pelo poste esquerdo da baliza de Lodigin.

Kerzhakov ruiu muralha azul e branca

No início do segundo período, mesmo sem encantar, o Zenit foi encostando o FC Porto à sua área. Fonseca trocou Licá por Varela e o internacional português numa jogada individual, esteve perto de surpreender, mas acabou por atirar frouxo ao lado.

O desgaste físico do miolo portista e o acentuar da pressão russa foram empurrando os dragões para a sua área e aí nasceu um confronto de brasileiros: Hulk - Helton.

Ao minuto 56 o avançado isolou-se após um erro medonho de Otamendi e na cara de Helton, viu o ex-companheiro fazer a defesa da noite com toque subtil de pé esquerdo.

Hulk não baixou os braços e onze minutos depois disparou de livre directo para ser novamente travado pelo guardião brasileiro. Dois minutos volvidos e terceiro round do confronto canarinho: Hulk viu Helton adiantado e tentou surpreender o compatriota com um foguete que mais uma vez foi travado pelo número 1 portista.

O tempo passava e o Zenit apesar do domínio total das operações não conseguia furar a muralha azul e branca. Spalletti decidiu finalmente arriscar e lançou o lateral esquerdo Criscito e o ponta de lança Kerzhakov. A entrada do matador russo soltou Hulk para a ala e deu ao ataque do Zenit uma referência ofensiva. O FC Porto continuou com as linhas baixas explorando o contra golpe e em mais um raide de Alex Sandro, o brasileiro serviu Varela que disparou mais um míssil à trave de Lodigin. O azar do FC Porto foi a sorte da formação de São Petersburgo e ao minuto 83 Hulk escapou pela direita e serviu Kerzhakov que se antecipou aos centrais portistas e de cabeça sentenciou a partida.

Estranhamente, o encolhido FC Porto saiu da toca e em poucos minutos poderia até ter virado a partida. Primeiro o recém-entrado Ghilas em boa posição cabeceou para defesa a dois tempos de Lodigin. E nuns instantes finais de muita pressão Jackson Martinez e Silvestre Varela não conseguiram fazer o empate.

Fonseca confiante, Danny cauteloso

Apesar da derrota, uma exibição satisfatória do FC Porto que jogou practicamente os 90 minutos com menos um elemento e mesmo assim bateu-se de igual para igual com o oponente de Leste. Os dragões acabam a partida com a sensação amarga de que com alguma ambição no segundo tempo, talvez tivessem conseguido chegar primeiro ao golo. Com a vitória o Zenit chega aos 4 pontos e iguala o FC Porto antes da recepção aos dragões em São Petersburgo. Tendo em conta a vitória do Atlético de Madrid sobre o Áustria Viena, o próximo confronto entre russos e portugueses pode ser decisivo para saber quem acompanhará os colchoneros à próxima fase da Liga dos Campeões.

Paulo Fonseca mostrou confiança numa vitória em São Petersburgo e elogiou a prestação portista: « Estou orgulhoso pela exibição da equipa. Mesmo com 10 conseguimos criar chances de golo. Se o Zenit venceu cá também podemos ir ganhar à Rússia. A passagem (à próxima fase) não está decidida e vamos lutar por ela.»

Danny foi o porta-voz do sentimento russo. O internacional português elogiou os rivais portistas e garantiu que a sua equipa não dá o apuramento como garantido: “«É verdade que com a expulsão o jogo ficou mais fácil, mas FC Porto é uma grande equipa e mesmo com 10 criou-nos dificuldades. O nosso objectivo é passar à próxima fase, seja em primeiro ou em segundo, mas ainda faltam muitos jogos.»