Em São Petersburgo, tinha esta quarta-feira o FC Porto a última oportunidade de reclamar um lugar na próxima fase da Liga dos Campeões. Apesar da diferença de apenas um ponto para o segundo lugar do grupo G, um tropeço na Rússia deixaria o caminho livre para a formação do Zenit conseguir acompanhar o Atlético de Madrid na etapa seguinte da prova, em Fevereiro.

Paulo Fonseca, cada vez mais pressionado, tinha aqui também mais um teste de fogo à sua liderança no clube azul e branco, e por isso mesmo o antigo treinador do Paços de Ferreira apostou no onze que mais garantias lhe tem dado, com Defour a regressar ao lugar que na última partida "milionária" foi ocupado por Herrera.

Com o belga de volta ao meio campo portista - a única alteração na equipa-, o FC Porto entrou equilibrado na partida desta tarde, controlando desde o primeiro minuto o ritmo da partida a partir de uma grande segurança no passe e na gestão da posse de bola.

O Zenit, sempre recuado no terreno e à espera de uma falha dos dragões, para lançar os seus venenosos contra-ataques, foi aceitando de bom grado a superioridade dos portugueses, confiando na sua segurança defensiva. Porém, o FC Porto foi conseguindo, com o tempo, materializar o seu domínio em oportunidades de golo concretas, e logo nos minutos iniciais teve num forte remate de Danilo, que quase traía Lodygin, a sua primeira grande chance de passar para a frente do marcador.

A formação russa, sem surpresa, ia aproveitando o mínimo deslize dos portistas para chegar à sua pequena área, apoiando-se na capacidade de passe longo do veterano Shirokov e na explosão e velocidade de Hulk.

"El comandante" mostra como se faz

O maior domínio do FC Porto, ao nível da posse de bola, acabava por não ser proporcional às oportunidades de golo criadas pelo ataque. Com Varela muito fora do jogo, sem capacidade de desequilíbrio, e Josué perdido na zona central do terreno, restava Jackson Martínez para conseguir furar a muralha defensiva russa.

A verdade é que tanto Lombaerts como Hubocan, conhecedores do potencial de El cha cha cha, centravam os seus esforços nas movimentações do ponta-de-lança, não lhe concedendo qualquer espaço. Talvez mesmo por isso, acabariam por ser apanhados desprevenidos com a entrada de Lucho González na sua pequena área, aos 23 minutos, a corresponder de cabeça ao cruzamento perfeito de Danilo, esta tarde muito envolvido na manobra ofensiva da sua equipa. 1-0 e vantagem justa, e natural, da equipa portuguesa.

Defesa intranquila permite “traição” de Hulk

Ainda não refeito do erro clamoroso dos seus companheiros de defesa na última partida dos dragões, para a Liga Portuguesa, Helton acabaria por ser novamente vítima da descoordenação entre Mangala e Otamendi e ceder a Hulk a oportunidade de igualar a partida e marcar à sua antiga equipa, num golo em que o internacional brasileiro não festejou. A dupla defensiva dos dragões ficou à espera de Helton, o guardião a mesma coisa, e a bola acabou por sobrar para Hulk, que não teve pejo em marcar aos dragões.

O golo da formação de Luciano Spalleti não mudou a toada da partida e ainda antes do intervalo Jackson Martínez cabeceou com grande perigo e Lodygin só conseguiu defender à segunda.

Helton herói corrige novo erro defensivo

A intranquilidade defensiva do FC Porto, que parece estar a acentuar-se, iria ainda causar novos sobressaltos aos dragões. Logo no início do segundo tempo, Otamendi andou às aranhas com Shatov e, depois de recuperar posição, acabou por levar a mão à bola e provocar uma grande penalidade contra o FC Porto.

Farto das “trapalhadas” dos colegas de equipa, Helton resolveu chamar a si a responsabilidade da partida, e defendeu o remate frouxo e denunciado de Hulk, evitando novo golpe pelas costas do avançado brasileiro.

Com este lance, o FC Porto ganhou novo ascendente na partida, e conseguiu um bom par de oportunidades flagrantes para se voltar a adiantar no marcador. Aos 68 minutos, a mais perigosa de todas elas, com um remate fortíssimo de Jackson Martínez, de longe, a ser espectacularmente defendido por Lodygin.
A jogar em casa, o Zenit acabaria depois por se lançar para o ataque e a dispôr de múltiplas ocasiões para marcar, com a defesa azul e branca a passar por inúmeros sobressaltos. Aos 88 minutos o Zenit ficou a reclamar nova grande penalidade, num lance em que Mangala parece fazer falta sobre Hulk

O FC Porto sai de São Petersburgo com um ponto que lhe permite, ainda assim, continuar na luta pelo apuramento, com menos um ponto do que o actual segundo classificado, o Zenit. Aos azuis e brancos resta agora esperar esta noite por nova vitória do Atlético de Madrid, líder isolado do grupo, para afastar definitivamente o Áustria de Viena desta corrida.