À partida para o excitante «derby» lisboeta, uma dúvida sobressalta, imediatamente, as mentes dos benfiquistas: Cardozo, irá a jogo amanhã? A pergunta é pertinente, a dúvida subsiste, mas a esperança é grande, até porque os últimos boletins médicos apontam para uma célere recuperação do paraguaio. Se jogar, Cardozo será a bandeira maior de um Benfica que tenta arrebatar o coração dos seus cépticos adeptos, ainda descontentes com as fracas exibições encarnadas: o «derby» da Taça de Portugal entre Benfica e Sporting poderá ser o tónico ideal para uma retoma de confiança. Do lado leonino, a curta deslocação ao campo do arqui-rival traduzir-se-á num excelente duelo que mobilizará as hostes sportinguistas rumo ao objectivo de vencer a Taça de Portugal, perdida para a Académica na época de 2011-2012. No Estádio da Luz, o favoritismo recairá para o lado encarnado e o forasteiro Sporting tentará gozar ao máximo do estatuto de «outsider», apoiando-se no fervor crescente com que tem angariado elogios e coleccionado exibições competentes ao longo da época.

Cardozo: mal-amado...mas sempre amado

Cardozo é o ponta-de-lança que já não existe: clássico, forte e estático, tentando, a espaços, contrariar a linha da evolução dos avançados modernos através de boas retenções de bola, passes medidos e alguma luta à entrada da área...mas a verdade é que o gigante paraguaio faz parte de uma linhagem de pontas-de-lança extintos no futebol europeu. Nos tempos áureos do avançado versátil e móvel, Cardozo ainda assim consegue contrariar as leis da predominância: marca golos, muitos golos. Assim tem sido a sua carreira no Benfica, quebrando recordes e alimentando um ataque continuado que exige muito trabalho ao meio-campo encarnado e muita acutilância aos extremos. A verdade é que o rendimento de Cardozo dispara assim que Jorge Jesus chega ao Benfica - cumprindo a quinta época às ordens do experiente técnico, Cardozo exponenciou a contagem de golos e leva, actualmente, um registo histórico de 167 tentos (marcados em 272 jogos) obtidos com a camisola encarnada vestida, facto que o torna num dos maiores artilheiros da história das «águias». Como podemos comprovar pelo gráfico abaixo, sempre que Cardozo ultrapassou a fasquia dos 30 golos por época, o Benfica ou foi campeão (2009-2010) ou muito perto disso esteve (2012-2013), o que prova a correlação entre as temporadas mais eficazes do paraguaio e a boa forma da equipa que para ele trabalha.

                                                             Foto: Isabel Cutileiro

Amado por uns, mal-amado por outros, o percurso de Cardozo no Benfica nunca foi um mar de rosas, mas é impossível ficar indiferente ao ponta-de-lança guarani. Por vezes contestado, indisciplinado e problemático de sobra, o paraguaio agrada a uns pelo seu pragmatismo goleador, e desagrada a outros pela lentidão e ineficiência do seu jogo colectivo, mas, a bem ou a mal, tem sido ele o escolhido para liderar o Benfica no ataque ao golo. Depois do grave desentendimento com Jesus, a paz parece ter vindo para ficar, e o jogo de hoje (19:45) será o mote ideal para Cardozo agradar, tanto a gregos como a troianos.

De Montero a «Super Montero» foi um instante

O franzino avançado colombiano chegou no último defeso como a contratação sonante do poupado Sporting, que para o ataque tinha também Salim Cissé e o argelino Slimani. Poucos jogos foram necessários para Fredy Montero cair no goto dos adeptos sportinguistas: o seu primeiro golo pelo «leão», ainda em época de experiências, abriu o apetite dos fãs leoninos e estimulou Montero para uma subida qualitativa de excelência, como os números actuais atestam - em 10 jogos oficiais o avançado sul-americano marcou 12 golos (9 para a Liga e 3 para a Taça de Portugal) e desempenha no onze de Leonardo Jardim o papel de protagonista principal. Logo na abertura da Liga 2013-2014, Montero tirou da cartola um «hat-trick» (4-1 frente ao Arouca) e disse ao que vinha. Lidera, actualmente, a lista de melhores marcadores da Liga Zon Sagres.

Proveniente do Seattle Sounders (2009-2012), dos Estados Unidos da América, Montero passou ainda pelo Milionarios, clube do seu país natal, antes de ingressar no Sporting. De início, os números do passado não impressionaram os adeptos leoninos: Montero vinha de 5 jogos pelo Milionarios sem um único golo marcado, enquanto que os seus melhores registos tinham sido obtidos num campeonato muito medíocre, o norte-americano (17 e 18 golos marcados pelo Seattle, em 2012 e 2011, respectivamente). Mas se Montero era simplesmente ele, Montero, rapidamente em Portugal se transformou em «Super Montero» e vai a caminho do seu melhor ano. O colombiano granjeia de um respeito assinalável e é temido por qualquer defesa nacional - na Luz, pode voltar a repetir o que já fez em Alvalade...marcar ao Benfica.