Paulo Bento é constantemente rotulado como um treinador conservador, que utiliza sempre os mesmos jogadores e raramente aposta em caras novas. Contudo, ao analisarmos o número de jogadores que o ex-internacional português já chamou à selecção principal, essa ideia por cai, parcialmente, por terra.

Muitas estreias, pouco aproveitamento

Em cerca de três anos à frente da selecção Paulo Bento estreou 19 caras novas: Miguel Lopes, Paulo Machado, André Santos, Custódio, Hélder Barbosa, Pizzi, Varela, Vieirinha, Rui Patrício, Luís Neto, André Almeida, André Martins, Josué, Ruben Micael, Nélson Oliveira, Éder, Licá, João Pereira e Sereno. Além destas estreias, o seleccionador nacional chamou aos trabalhos da equipa A, nove jogadores, que acabaram por não se estrear: Ventura, Bruno Gama, Castro, Ruben Ferreira, Nuno André Coelho, Anthony Lopes, Cédric, André Gomes e Bruma.

Números elevados se comparados com os de Carlos Queiroz –  efectuou 16 estreias em 2 anos, e até com os de Scolari que em 5 anos estreou apenas mais 11 jogadores que Paulo Bento. Apesar do leque variado de atletas que estreou na equipa das quinas, o seleccionador manteve-se fiel a uma núcleo duro e destes 19 atletas poucos se efectivaram nas suas escolhas habituais. No onze titular apenas Rui Patrício e João Pereira agarraram o lugar. Vierinha, Luís Neto, Ruben Micael e Varela fazem parte do lote de atletas que não sendo indiscutíveis têm tido oportunidades frequentes de envergar a camisola nacional.

Prodígios leoninos

Depois de muitos apelos, Bento lá se convenceu que William Carvalho merecia uma oportunidade na selecção nacional. O novo menino bonito de Alvalade, acabou por ser convocado para o decisivo play-off frente aos suecos, também devido à sua capacidade atlética e física. O seleccionador nacional frisou essas características para demonstrar a utilidade do trinco e, em caso de aperto, é bem provável que o Friends Arena apadrinhe a estreia do jovem leão pela equipa de todos nós.

O excepcional momento de forma de William Carvalho justifica a sua utilização diante da Suécia, mas há outro talento formado em Alvalade a correr por fora: Bruma. O luso-guineense já tinha estado no banco no confronto frente ao Luxemburgo, mas acabou por não ser utilizado. Voltou a ser lembrado pelo seleccionador nacional para a disputa do play-off mas também ainda sonha com a 1ª internacionalização. Se recorrer ao banco em busca de rasgo e magia Bento tem em Bruma o homem certo, mas a verdade é que quando procura nas segundas opções alguém que mexa com o jogo, o seleccionador nacional normalmente recorre à arma-secreta Silvestre Varela.

Tendo em conta o cariz equilibrado do jogo e a forma pressionante como Portugal deve ser atacado durante a partida, é de esperar que Bento opte por William no decorrer da segunda etapa, até para estancar algum entusiasmo ofensivo da formação sueca. Se o resultado não for favorável e Portugal precisar de correr atrás do marcador, a magia de Bruma pode ser fundamental. Aparentemente, o extremo do Galatasaray parte em desvantagem no duelo com William mas não é de descartar que seja ele o 20º elemento a estrear-se de quinas ao peito pela mão de Paulo Bento. Os dados estão lançados e só o rumo da partida poderá ditar a estreia destes prodígios.