O FC Porto tinha como único objectivo vencer: voltou a empatar, com o mesmo resultado (1-1) com que tem brindado os seus já impacientes adeptos. Depois de empates similares, frente a Belenenses, Nacional (para a Liga Zon Sagres) e Zenit, o Porto voltou a desiludir, agora frente ao Austria Viena, adversário claramente inferior ao campeão português, hoje beneficiário de uma conjuntura que o poderia ajudar bastante: o empate entre Atlético de Madrid e Zenit, a uma bola. Ao Porto bastava uma vitória para pular até ao segundo lugar do Grupo G da Champions League, mas o começo do jogo mostrou um Porto adormecido, atrofiado a meio-campo, sempre propenso a erros individuais que, à medida que se tornam sistemáticos, só poderão ser sintoma de falhas estruturais tácticas e de coordenação entre sectores.

Soporífero austríaco deu para dormir 45 minutos

Foram os forasteiros austríacos a dominar os primeiros minutos, domínio do miolo do terreno que culminou com um remate certeiro de Kienast, logo aos 11 minutos. Passe de Alex Sandro a obrigar Danilo a recuar na linha direita, e depois o lateral portista a aliviar a bola de modo displicente e infantil, enviando-a para o centro do campo, directamente para uma zona de ninguém: o Porto foi apanhado em contrapé e Kienast correu até decidir qual o momento certo para desferir o disparo do golo inaugural. O soporífero austríaco entrou na corrente sanguínea do Porto, que demorou toda a primeira parte para acordar para o pesadelo europeu.

Jogando num 4-3-3 sólido, o Austria Viena foi tapando os caminhos da sua baliza como pôde, e, de facto, foi competente. Dilaver esteve forte nas coberturas e teve apoio de qualidade por parte dos seus colegas da linha intermédia, o possante Kienast e o australiano Holland. Na frente, Murg mostrava atributos de extremo furtivo e Hosiner (vinha de um hat-trick para o campeonato), com a sua habilidade técnica, foi sempre um foco de destabilização diante da linha defensiva do FC Porto, devido à sua capacidade para segurar a bola e imprimir velocidade nos contra-ataques. Apesar de adormecido, o Dragão foi sonhando com o empate mas Linder esteve impecável...até ao lance do golo de Jackson Martínez, que cabeceou na linha de golo para dentro da baliza deserta do Austria Viena, aos 47 minutos: Linder, prostrado a meio caminho, facilitou.

Em casa nunca se chega a bom Porto

O Porto acordou para o jogo e não mais o Austria Viena foi capaz de controlar o meio-campo: a equipa austríaca foi recuando no relvado, empurrado, passo a passo, pela extensão cada vez maior do domínio portista, sempre sustentado nas correrias de Lucho, autêntico pêndulo da equipa de Paulo Fonseca. O argentino esteve perto de marcar, com a peitaça, mas Linder negou o golo ao comandante portista. Nem Jackson, nem Varela, nem Quintero, lançado na segunda parte, foram suficientes para desatar o nó do empate, resultado que em nada ajudava o Porto a passar a fase de grupos. Na zona de fogo, Linder aparava as balas e Rogulj efectuava corte após corte, secando o ataque azul e branco, feito de relutância e descrença. O jogo terminaria empatado, resultado servido com inúmeros e estridentes assobios dos adeptos portistas, claramente insatisfeitos com a repetida inépcia da formação de Paulo Fonseca.

O Porto completou o quinto jogo na presente edição da Liga dos Campeões sem ter sido capaz de triunfar uma única vez em casa. Com um balanço de duas derrotas e um empate no seu próprio estádio, o Porto está agora dependente de um milagre vindo de outras paragens: o Zenit terá de perder pontos frente ao Austria Viena ao passo que o Porto terá de, simultaneamente, vencer o Atlético, de Simeone.