Em Braga já se recorda José Peseiro com saudade. O técnico oriundo de Coruche saiu no final da temporada passada pela porta pequena, depois de um decepcionante quarto lugar e de uma prestação europeia modesta. Para o seu lugar chegou Jesualdo Ferreira, naquele que foi um regresso a uma casa que tão bem conhece. Parecia um 'casamento' perfeito, tanto para Jesualdo como para os bracarenses. Só que, chegados a final de Novembro, os resultados têm sido tudo menos animadores.

Cinco derrotas seguidas só em 1999

Com a derrota por 1-0 no Estádio da Luz, no passado sábado, o Sporting de Braga acumulou um registo negativo impressionante e pouco digno de uma última década que tem sido absolutamente fantástica para os minhotos. São já cinco as derrotas consecutivas do clube no Campeonato, um registo que só encontra paralelo no ano de 1999.

Entre jogos menos conseguidos e outros onde a sorte não esteve do lado da equipa, a série negra começou na recepção ao Sporting, na sexta jornada da Liga. O Braga perdeu os dois centrais ainda no primeiro tempo (um expulso e outro lesionado) e acabou sofrendo o golo decisivo de Cédric Soares já perto do fim do jogo, acabando por perder por 1-2.

A jornada seguinte foi ainda mais traumática: derrota expressiva por 0-3 no terreno do Nacional da Madeira. A contestação a Jesualdo Ferreira começava, até porque o Braga já estava também fora da Liga Europa depois de uma surpreendente eliminação às mãos do Pandurii, da Roménia.

Seguiu-se dupla jornada caseira e era de esperar um regresso dos bracarenses ao trilho das vitórias. Nada mais errado. A equipa de Jesualdo Ferreira foi batida por Académica e Rio Ave (ambos por 0-1), e os lenços brancos pintaram o Estádio AXA. A quinta derrota seguida foi na já mencionada deslocação ao Estádio da Luz, novamente pela margem mínima, graças a um golo solitário de Nemanja Matic.

António Salvador vai renovando confiança no técnico

Foram vários os momentos de tensão entre os adeptos e Jesualdo Ferreira neste início de temporada. Primeiro, a derrota caseira contra o Pandurii, depois de um resultado positivo alcançado na Roménia. Quando menos se esperava, o Braga estava fora da Europa. O Campeonato nem começou mal para a equipa bracarense. E na Taça de Portugal, o Braga continua em prova depois de eliminar Gafetense... e Olhanense, o adversário desta sexta-feira.

Mas as cinco derrotas seguidas adensaram uma contestação que chegou a parecer insustentável. Por mais que uma vez, António Salvador veio a público manifestar o seu apoio a Jesualdo e garantir que o lugar do técnico não estava em risco. O cenário próximo de eleições também poderá ter jogado a favor de Jesualdo Ferreira, até porque um despedimento nesta fase da temporada poderia jogar contra a candidatura de Salvador.

Europa é meta mas as vitórias têm que aparecer

Seria um tremendo rombo para o Sporting de Braga o não apuramento para as competições europeias da próxima temporada. A Liga dos Campeões parece já uma miragem, porque leva já onze pontos de atraso para Benfica e Sporting e porque os três grandes parecem destinados a perder poucos pontos.

Por outro lado, os lugares de Liga Europa estão mais próximos. Estoril de Praia e Gil Vicente ocupam o quarto e quinto lugar, ambos a cinco pontos de diferença dos bracarenses. Uma desvantagem perfeitamente recuperável. Mas o Braga tem que ter também em consideração que no meio das contas estão outras equipas perigosas como o Rio Ave, Vitória de Guimarães ou Nacional. É, portanto, urgente começar já a ganhar.

Recepção ao Olhanense pode marcar viragem

É verdade que já tivemos outras situações que pareciam propícias à recuperação do Sporting de Braga e à quebra desta tendência negativa. Mas a recepção ao Olhanense desta sexta-feira, num jogo marcado para as 20:15h, parece vir mesmo a calhar. Primeiro porque o Braga já esta temporada bateu os algarvios, para a Taça de Portugal, e fora de portas (1-3). Depois porque também o Olhanense está numa fase conturbada, com a entrada recente de Paulo Alves para o comando técnico e um aflitivo 14º lugar, a apenas um ponto das duas equipas abaixo da linha de água.

O jogo da Taça de Portugal terminou com um resultado algo desnivelado mas muito enganador. Basta recordar que o até ao minuto 87 as equipas estavam empatadas a um golo. Foi o jovem Rafa quem apareceu para resolver, com dois golos ao cair do pano.

Último confronto entre as duas equipas no AXA teve chuva de golos

Se o último jogo entre as duas equipas, no Algarve, traz boas recordações aos bracarenses, o último confronto entre ambos no Estádio AXA, para a temporada 2012-2013, está na memória de todos os que gostam de futebol. O jogo terminou empatado a quatro golos, depois do Olhanense ter estado a ganhar por 3-1 e 4-2. Um golo de Douglão, aos 90+4, deu um empate tardio aos bracarenses. Hélder Barbosa, Éder e Douglão (por duas vezes) marcaram para os minhotos. Para o Olhanense marcaram Abdi, Ivanildo (dois) e Rúben Amorim na própria baliza.

Revolução no plantel não ajudou o trabalho de Jesualdo

O empate a quatro golos da temporada passada dá-nos outro indicador muito interessante. Dos 14 jogadores utilizados nesse encontro por José Peseiro, apenas cinco continuam no Minho. Beto era quem ocupava a baliza, tendo entretanto saído para o Sevilha. É Eduardo, também ele regressado, quem hoje deverá estar na baliza. Leandro Salino, Douglão, Hugo Viana, Rúben Amorim, Hélder Barbosa, Ismaily, Mossoró e Michel também seguiram para outras paragens.

Uma autêntica revolução. Ainda assim, qualidade não falta a este plantel. O Braga tinha obrigação de estar a fazer melhor que um nono lugar à passagem do primeiro terço. Eduardo, Aderlan, Paulo Vinícios, Elderson, Luís Carlos, Rúben Micael, Rafa, Custódio, Alan, Agra, Pardo, Edinho e Éder. Nomes que cabiam em quase todos os onzes iniciais desta Liga. Muitas e boas soluções. E nesta jornada - não esquecer - do outro lado estará o Olhanense, com pouquíssimos jogadores que transitaram da temporada passada.

Na antevisão ao jogo que pode decidir o futuro de Jesualdo à frente do Sporting de Braga, o técnico bracarense admitiu que os jogadores "não estão felizes mas não estão intranquilos". O técnico optou também por desvalorizar o encontro desta sexta-feira, considerando-o "muito importante" mas "não decisivo", por se tratar da 11ª jornada. Pelo sim, pelo não, e não sabendo bem ao certo o que vai no pensamento de António Salvador, Jesualdo deve ter apenas a vitória no pensamento.