O Rio Ave não vencia em casa desde a segunda jornada do campeonato, e o jogo de hoje frente a um Benfica de rapina, espreitando o assalto à liderança, tornou-se noutro capítulo idêntico dessa saga de derrotas caseiras: o Benfica deslocou-se a Vila do Conde e venceu o Rio Ave por 1-3, com golos de dois avançados ultimamente relegados para segundo plano, ofuscados pela potência goleadora de Cardozo: Rodrigo marcou um, o primeiro, Lima marcou dois, e decidiu a partida, mostrando-se renovado e confiante. O golo de livre directo, pontapé pleno de técnica e colocação, foi o começo de um ressurgimento que deu um gosto Lima a uma partida que estava atada a um empate intrincado.

Dupla de ataque para assaltar a liderança

O Benfica atacou o Rio Ave, e consequentemente a liderança da Liga Zon Sagres, com dois avançados, num aparente 4-4-2 assimétrico, com um extremo puro (Gaitán) na esquerda e um médio-ala (Enzo) na direita, capaz de fechar a zona central do terreno e auxiliar os companheiros Matic e Fejsa. Lima e Rodrigo foram a aposta do castigado Jorge Jesus num onze onde reincidiu o sérvio Fejsa, que fez parelha com o compatriota Matic no miolo do relvado. Do outro lado da barricada táctica, o Rio Ave dispunha-se num 4-2-3-1 com Wakaso e Tarantini atrás do médio veloz e criativo Diego Lopes, que à sua direita tinha Ukra e à esquerda Braga, com Hassan na ponta do ataque. 

45 minutos sem qualquer sabor de Benfica

Não se poderá afirmar que os primeiros 45 minutos tenham sido empolgantes: pelo meio da batalha central, poucos momentos houve em que os adeptos de ambos os clubes pudessem expandir as suas emoções, até que chegou Éderson, guardião do Rio Ave, surpresa no onze inicial em detrimento do habitual titular Salin. O guardião mostrou «mãos de manteiga», a bola sobrou para Rodrigo que apenas teve de tocar para dentro da baliza. Lima fez o cruzamento, inofensivo, e Éderson fez uma autêntica «assistência» para o golo de Rodrigo, que marca em dois jogos sucessivos. A primeira parte acabou sem sabor de Benfica e com um Rio Ave de caudal paupérrimo. Dentro do seu 4-4-2 teórico arraçado de 4-2-4, onde Gaitán e Enzo assumem funções de rasgo, o Benfica desencontrou-se em termos tácticos, algo que tem vindo a acontecer ultimamente, com a indefinição estrutural do posicionamento da equipa: sofreu a orquestra ofensiva encarnada, que desafinou durante 45 minutos a fio, apesar de, lá atrás, a defesa permanecesse segura. Com Enzo deslocado para a faixa direita, faltou coordenação à estratégia atacante, acentuada pela forma ainda imberbe de Fejsa. 

Ukra ainda chegou para o susto

O Rio Ave empatou através de um excelente lance de ataque: Hassan descobriu Ukra, lançou a bola para onde o olhar queria, e o extremo recebeu nas costas da defesa encarnada, batendo Artur. O Rio Ave começou e acabou nesse belo lance de golo tão bem desenhado pelos dois jogadores da casa. O empate justificava-se pela nulidade actuante de ambas as equipas. Justiça no resultado pelas piores razões - o empate fazia jus ao mau jogo a que se estava a assistir.

Lima esteve para sair e...ficou ligado ao resultado

Pela altura da marcação do livre que daria o 1-2, Lima parecia ter o destino traçado: substituição, Markovic aquecia e Lima, segundo muitos adeptos, arrefecia, a partida. O avançado trabalhador executou de modo primoroso o livre directo e logo Markovic arrefeceu - Raúl José congelou a substituição, que só se consumou dez minutos depois, mas para a saída de Gaitán e não de Lima, Lima que, por permanecer em campo, viria a bisar, a passe de Rodrigo. O Benfica viria a acabar o jogo num 4-3-3 claro, com Fejsa a médio defensivo, Matic e Enzo no meio, Markovic e Rodrigo nas alas, com Lima na frente. O Rio Ave deixou de existir depois da expulsão de Wakaso, entregando o controlo do jogo ao Benfica, que assim prolongou a sucessão de derrotas caseiras do Rio Ave para a Liga. Os encarnados somam agora 26 pontos, mais dois que o Porto.

Injustiça e competência

Nuno Espírito Santo, treinador da casa, não podia deixar de, na análise ao jogo, referir o sentimento de injustiça que se apoderou da sua formação: «Depois de termos chegado ao empate, estávamos por cima do jogo, o Benfica não conseguia chegar. Surgiu a falta, surgiu a expulsão...(...) os jogadores trabalharam, apesar de sentirem que estavam a ser injustiçados», afirmou, sublinhado também que acredita na qualidade de Éderson: «temos total confiança no Éderson», reforçou. Pela parte dos vencidos falou Raúl José, que ressalvou a intensidade de jogo benfiquista: «Penso que tivemos sempre grande intensidade no jogo. Apesar do Rio Ave ter chegado ao empate, nunca perdemos a identidade e voltámos a comandar o jogo. Fizemos mais dois golos e fomos uma equipa competente, pelo que merecemos o resultado».

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