Luís Carlos Pereira Carneiro, é este o nome de Licá, um dos jogadores a ter em conta quer no plantel azul e branco quer na selecção nacional. Aos 25 anos, Licá chega ao ponto mais alto da sua vida futebolística após um percurso que pode servir de exemplo por vários motivos. Com um arranque de época em grande no clube da Invicta, o camisola 19 dos dragões conseguiu a sua primeira chamada à selecção, concretizando assim um sonho que é comum a todos os futebolistas..

O prodígio da serra

Os primeiros "chutos na bola" dados por Licá aconteceram em clubes locais e modestos; oriundo de Castro Daire, o Castro foi o primeiro clube do futebolista, seguindo-se uma curta passagem de um ano pelo também modesto e já extinto Social de Lamas, ainda como júnior. Embora tenha feito a sua "escola" em clubes de menor nomeada, Licá é referenciado por Jorge Mendes que o leva a treinar em França, ao histórico Lyon. Embora tenha agradado o na altura campeão francês, Licá recusa a oferta temendo ser muito jovem para dar tal passo, preferindo ficar perto das suas origens. Continuando a brilhar no Social de Lamas, os clubes profissionais interessavam-se pelo prodígio da serra e é a Académica de Coimbra que ganha a corrida por Licá, assinando assim o seu primeiro contrato profissional.

Chega a Coimbra e perante uma realidade diferente assim como a muita concorrência no plantel academista, o jovem é emprestado ao satélite Tourizense. A titularidade e boas exibições levam Domingos Paciência a apostar no jovem dando-lhe algum espaço na equipa principal, inclusive a titular. É nessa altura que é chamado pela primeira vez às selecções nacionais, nomeadamente os sub-21. A carreira parecia finalmente lançada mas uma grave lesão, logo no início da época 2009/2010 afastou o avançado por cerca de três de meses. Regressado de lesão, Licá é emprestado ao Trofense para a segunda parte da época onde efectua belas exibições. Sem espaço na Académica de Jorge Costa é de novo cedido ao clube da Trofa. Um forte final de época abriu os olhos a Marco Silva (na altura diretor-desportivo do Estoril) que perante a falta de interesse dos estudantes na renovação com o jogador, leva o avançado a assinar a custo zero pelos "canarinhos".

O renascer na Praia

É no Estoril de Praia, já orientado por Marco Silva que Licá exibe todo o seu talento e futebol, numa época de grande nível tanto para o jogador como para o clube. É que o clube da Linha, após um início de época péssimo, consegue a subida de divisão com uma margem confortável. Para coroar uma excelente época, Licá é distinguido como o melhor jogador da Segunda Liga, na época de 2011/2012.

12 golos em 29 jogos na Segunda Liga. (foto: record.xl)

A dúvida agora era se Licá conseguiria confirmar os créditos de grande jogador ou apenas ser uma eterna promessa... Ora a resposta não podia ser mais esclarecedora: efectuou todos os jogos do Estoril (30!) a titular sendo substituído apenas por quatro ocasiões. Foi um dos pilares de um Estoril de grande nível, um Estoril que ficou num impressionante quinto lugar, com acesso às competições europeias, lembrando ser um clube recém-promovido. Com 6 golos marcados e um total de 2661 minutos jogados, o interesse no português foi crescendo, visto que estava em final de contrato. Braga e Benfica tentaram a sua contratação mas foi o Futebol Clube do Porto a conseguir o vínculo de Licá.

A ida para o clube do coração

A 29 de Maio de 2013, Licá e Josué eram apresentados no Estádio do Dragão como novos reforços do plantel azul e branco. O avançado ex-Estoril via assim reconhecido o seu talento e trabalho em chegar onde chegou. Juntou-se a um grande e logo o clube do coração: "Desde pequenino que sou portista. É uma alegria, o concretizar de um sonho." disse Licá na apresentação.

Rápido e com uma técnica desenvolvida, procurando o flanco esquerdo para verticalizar, Licá teve uma entrada de sonho no reino do Dragão. Não sendo apontado como titular, a verdade é que usufruiu desse estatuto logo no primeiro jogo oficial dos azuis e brancos. A equipa comandada por Paulo Fonseca deslocava-se a Aveiro para defrontar o Vitória de Guimarães em jogo a contar para a Supertaça, na qual saiu vencedora a equipa portista (3-0). Licá foi um dos homens do jogo ao apontar o primeiro golo do jogo.

Estreia de sonho para Licá, marcando o primeiro golo e erguendo o troféu Cândido Oliveira.

De dispensado a seleccionado por Paulo Bento

"Às vezes é preciso dar um passo atrás para darmos dois passos para a frente." A frase aplica-se na perfeição ao percurso de Licá. Com escassa escola futebolística, o camisola 19 dos dragões teve no seu talento um meio para subir na carreira. Começando nos escalões amadores, Licá saltou logo para a Primeira Liga representando a Académica de Coimbra. Sem oportunidades, viu-se forçado a descer o degrau, viu-se forçado a trabalhar mais para conseguir o seu objetivo. Épocas regulares na Segunda Liga fizeram Licá ganhar a rodagem que provavelmente não ganhou em resultado da pouca instrução no seu futebol infantil. Jogou, marcou e convenceu tudo e todos, cumpriu o sonho de vestir a camisola do seu coração e agora cumpriu o sonho de vestir a camisola do seu país, Portugal. Paulo Bento chamou o jogador de 25 anos para o amigável frente ao Brasil, onde atuou os últimos 6 minutos. Até hoje mais nenhuma vez foi chamado a jogar com a camisola das Quinas mas com o Mundial à porta, Licá quererá brilhar nos relvados para manter aberta a janela para o Brasil'14.

Licá já foi chamado por Paulo Bento. (foto: maisfutebol)